Num comunicado hoje divulgado pela tutela, Graça Fonseca “lamenta a morte da cantora Dina”, referindo que esta “toca a memória coletiva das canções românticas, cantadas ao desafio entre amigos, catalisadoras de comunidades efémeras”.

“Pelas suas letras, bem como nas suas interpretações, passava uma alegria contagiante na relação com a vida, a amizade e o amor que, muitos anos depois, seriam a marca distintiva de um percurso que pautou sempre pela discrição”, afirma a ministra.

Graça Fonseca considera que a cantora, desde o álbum de estreia, “Dinamite” (editado em 1982), “foi a voz de poemas de um romantismo melancólico, herdeira de uma rica tradição de poemas-canção que deram à música ligeira portuguesa um papel de relevância social inestimável”.

A participação de Dina no Festival da Canção, em 1980 com o tema “Guardada em mim” e em 1992 com “Amor d’água fresca”, “sublinhou na sua vibrante e imaginativa interpretação, o contraste entre uma personalidade que cuidava das palavras e dos jogos de rimas dos poemas como se cuidasse de chegar a cada ouvinte”.

Para a ministra da Cultura, as letras das canções às quais Dina deu voz, “assinadas por nomes como Carlos Paião, Eduardo Nobre, Rosa Lobato de Faria e Tozé Brito são também exemplo de uma visão da música descomprometida, apaixonada e sem pudores”.

“Desejo, metáfora e fantasia eram, na voz de Dina, matéria bastante para fixar na memória das gerações que cresceram nos anos 1980 e 1990 a voz discreta que cantava canções com sabor de água fresca e que acreditava que havendo sempre música entre nós, ficaríamos bem”, conclui a ministra, aproveitando para enviar “sentidas condolências” à família e amigos da cantora.

Dina, nome artístico de Ondina Veloso, nascida em Carregal do Sal em 1956, morreu na quinta-feira à noite, aos 62 anos, no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, confirmou à agência Lusa fonte hospitalar.

A cantora iniciou a carreira na década de 1970, tendo decidido terminá-la em 2016, dez anos depois de lhe ter sido diagnosticada uma fibrose pulmonar.

O final da carreira de Dina foi assinalado, em 2016, com um espetáculo, no Teatro São Luiz, em Lisboa, e no Teatro Rivoli, no Porto, que juntou de uma dezena de músicos portugueses e foi batizado “Dinamite”, álbum de estreia da cantora, editado em 1982.

O segundo álbum, “Aqui e Agora” só chegaria em 1991, mas nesse tempo continuou a compor e colaborou com vários músicos, entre os quais Carlos Paião, com quem gravou o dueto “Quando as nuvens chorarem”.

"Guardado em Mim", "Pássaro Doido", "Há Sempre Música Entre Nós", "Em segredo", "Gosto do teu gosto", "Pérola, rosa, verde, limão, marfim", "Amor de Água Fresca" e "Aguarela de Junho" são alguns dos êxitos da cantora.

O velório da cantora realiza-se a partir das 17:00 de hoje na Igreja Paroquial de São Tomás de Aquino, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte próxima da família.

Segundo a mesma fonte, o funeral, reservado a familiares e amigos da cantora, está marcado para as 14:00 de sábado, no Cemitério dos Olivais.