Foi logo no arranque e com um toque de ironia que o cabeça de lista às eleições europeias pela AD respondeu a quem diz que é muito novo para o cargo: "Parece que dizem que sou muito novo, e é verdade. O primeiro-ministro francês tem 34 anos. Eu sou só candidato ao Parlamento Europeu. E o Dr. Luís Montenegro não pensa por os papéis para a reforma", brincou.
Assumindo, isso sim, o risco que o próprio e a AD correm com a sua candidatura, Sebastião Bugalho questionou: "A política é o exercício permanente do risco. (...) Mas eu pergunto: quando é que a história não foi feita de correr riscos? Quando é que o mundo conseguiu avançar para melhor sem alguma ousadia?"
A seu ver, "nós não temos razão para não ter essa coragem e essa ambição".
“Eu estou aqui porque acredito na Europa. Mais do que isso: eu estou aqui porque acredito na Europa que a democracia portuguesa ajudou a construir desde 1986 (…) Foi sempre aqui, no espaço comum que representamos, que o sonho europeu vibrou e se fez cumprir”, disse Sebastião Bugalho, justificando porque aceitou encabeçar a lista da AD.
Demarcando-se do anterior executivo de António Costa, Sebastião Bugalho disse que para a AD "a Europa é compromisso, é pertença, é palavra, é historia, é esperança e é futuro".
"Nós não olhamos para a Europa com uma visão utilitária. Para nós a Europa é um destino comum, não é uma ambição pessoal. Para nós a União Europeia é de interesse nacional, não é um interesse de carreira", disse.
Mas "para outros, nos últimos nove anos, felizmente findos, a Europa é uma caixa de multibanco ou uma vigia orçamental. Para nós a Europa não é um mealheiro que partimos quando precisamos. Nós levamos a Europa a sério, porque queremos que a Europa também nos leve a sério. Para a nossa voz ser ouvida temos de ser respeitados", acrescentou.
Sobre as prioridades que identifica para a Europa, Sebastião Bugalho começou por dizer que "nós estaremos sempre ao lado da Ucrânia, não hesitamos, não temos fugas ou meias palavras. (...) Porque o patriotismo português é um patriotismo europeu, e a Ucrânia é e será cada vez mais nossa irmã na Europa".
Depois, defendeu que a Europa tem de ganhar escala "na defesa, na inovação, na produtividade", e isso "não será possível com uma visão de cada um por si".
"A segurança do modo de vida europeu transcende as nossas fronteiras e idiomas. A nossa pertença europeia, o nosso futuro europeu joga-se todos os dias", acrescentou. Para uma resposta conjunta europeia, Sebastião Bugalho defendeu a cooperação ao nível da defesa, da inovação e através da mobilização em torno de uma cidadania europeia.
"É importante que fique claro que não haverá uma Europa geopolitica que responda a estes desafios sem uma Europa social. Não haverá uma Europa forte no mundo sem uma Europa forte dentro de si mesma, que não desista dos mais jovens, mas também não abandone os mais velhos", continuou.
Assim, define como prioridade ter mais empresas tecnológicas europeias a ditar o rumo da inovação tecnológica no mundo; defendeu a transição climática, mas ressalvou a necessidade de que esta seja feita protegendo empregos e "uma economia que se quer no caminho para a sustentabilidade"; falou sobre a transição digital, salientando a necessidade de "ter presente que a info-exclusão é uma nova forma de pobreza"; e falou sobre a transição energética, também fundamental, defendendo que esta "deve ser com as pessoas e para as pessoas, e não apesar das pessoas".
"O nosso projeto é fazer do futuro da Europa uma história que valha a pena contar aos nossos filhos", disse. Para isso, "nesta legislatura temos de contribuir ativamente para a o desenho do quadro financeiro plurianual que aí vem, que é provavelmente o último quadro de fundos antes do alargamento da União Europeia. Nesta legislatura teremos de preparar o continente europeu para o regresso do isolacionismo norte-americano, se o seu regresso de confirmar. Para isso, nesta legislatura temos mesmo de nos aproximar na conclusão da união bancaria, da união dos mercados de capitais e da união de energia, para garantir que a nossa economia social de mercado está protegida num mundo em que as regras contam cada vez menos para todos menos para nós", defendeu.
"Nós portugueses nunca precisámos de ser grandes para fazer grandes coisas, e no futuro na Europa também será assim. (...) A Europa ganha connosco e Portugal ganha com a Europa", concluiu.
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