“Estamos empenhados na descarbonização. Hoje já não é uma opção política, é uma emergência e custa dinheiro, porque se não custasse, não precisávamos de a impulsionar”, afirmou o independente Rui Moreira, na sessão ordinária da Assembleia Municipal do Porto, que decorreu na segunda-feira.
A afirmação do autarca surgiu no seguimento da discussão da proposta de alteração à tabela de preços e receitas do código regulamentar do município nos parques de estacionamento, mais concretamente, no parque de estacionamento para veículos ligeiros que o Terminal Intermodal de Campanhã irá integrar nas suas infraestruturas.
A proposta foi aprovada com a abstenção do PSD, CDU, BE e PAN.
“O preço que estamos a propor para as pessoas que têm Andante é de 1,20 euros por dia. O parque é 30 euros por mês por pessoa e no caso das famílias é de 40 euros”, esclareceu o autarca, em resposta ao deputado socialista Alfredo Fontinha.
“O PS entende que no que diz respeito aos preços, estão na mesma linha dos que atualmente são praticados, onde existe um grande desequilíbrio é no estacionamento de rua pago”, disse o deputado.
O deputado Artur Ribeiro, da CDU, disse ter “dúvidas que os preços contribuam para o que se pretende”, defendendo que os parques de estacionamento periféricos na cidade “devem ter preços simbólicos”.
“As pessoas têm de ser incentivadas a deixar os carros nos parques de estacionamento periféricos. Os objetivos parecem aceitáveis, mas os preços praticados são muito caros. Com estes valores, tenho a convicção que não vai ser conseguido”, referiu.
Também Bebiana Cunha, deputada do PAN, considerou que a proposta integra “objetivos evidentemente positivos”, mas que “deveria haver um critério de revisão dos valores”.
“Num período em que se pretende incentivar à mobilidade, deviam ser valores mais reduzidos, na perspetiva de criar hábitos e incentivar aquilo que deve ser o caminho a seguir”, afirmou.
Em resposta aos deputados, o independente Rui Moreira referiu que as pessoas que trabalham no Porto e venham a deixar os seus automóveis no parque de estacionamento do Intermodal de Campanhã “pagam 1,20 euros por dia”.
“Permite andar de metro, comboio e qualquer linha de autocarro. Temos de encontrar um equilíbrio razoável. Estamos a discriminar positivamente as pessoas que têm Andante”, salientou o autarca.
Já o deputado social-democrata Francisco Carrapatoso disse acreditar que o Intermodal “vá ser uma revolução na cidade e ter todas as vantagens de mobilidade e ambientais” na freguesia de Campanhã.
“Há um facto incontornável, há um elefante no meio da sala que é uma exploração. Não nos sentimos confortáveis em apoiar este regime tarifário, porque o que se pretendia era que o parque fosse concorrencial”, afirmou.
Apesar de “um certo consenso” em relação à proposta, o deputado Joel Oliveira, do Bloco de Esquerda, disse existirem “algumas dúvidas”, razão pela qual o partido se iria abster na votação.
De acordo com a proposta, a que a Lusa teve acesso, o parque de estacionamento do Terminal Intermodal de Campanhã, infraestrutura que tem como data prevista de conclusão o terceiro trimestre de 2021, vai reforçar “a estratégia integrada de mobilidade que o município tem vindo a desenvolver”.
“O parque de estacionamento permitirá reforçar a utilização do transporte público, através da promoção de produtos combinados de ‘Park & Ride’ entre a utilização do transporte público e o estacionamento de veículos de transporte individuais”, refere na proposta a vereadora dos Transportes, Fiscalização e Proteção Civil, Cristina Pimentel.
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