"Isso já é um massacre, uma tragédia humana onde se procura exterminar todos os jovens que pensam diferente ou são críticos de gestão do governo", disse à AFP a secretária executiva do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), Marlin Sierra, que informou sobre o novo balanço de 121 mortos.

Os confrontos entre manifestantes e as forças da ordem continuaram nesta terça-feira com um menor de idade morto na turística cidade de Granada depois de ter sido baleado, segundo o Cenidh.

O pároco da igreja Xalteva de Granada, Wilmer Pérez, disse ao canal 100% Noticias que o menor morreu no meio dos confrontos, quando grupos ligados ao governo tentaram retirar uma barricada na cidade, a 45 quilómetros a sul da capital.

Desde que os protestos começaram, em 18 de abril, há uma média de 2,5 mortos por dia às mãos das forças de segurança, como os grupos de choque, paramilitares e efetivos antidistúrbios, denunciou Sierra.

A Amnistia Internacional (AI) afirmou em comunicado publicado no México que Ortega "não tem demonstrado a menor inclinação para pôr fim à sua política sistemática de repressão violenta, que já custou mais de 100 vidas em menos de dois meses, com um saldo que sobe a cada dia".

O governo não se pronunciou sobre a denúncia da Amnistia Internacional.

OEA condena violência mas poupa Ortega

A Assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou esta terça-feira a violência que sacode o país, mas não responsabilizou o governo de Ortega pela repressão aos manifestantes.

A "Declaração de Apoio ao Povo da Nicarágua", apresentada pelos Estados Unidos e pelo próprio governo nicaraguense, exige "o fim imediato dos atos de violência, intimidação e ameaças dirigidas contra o público em geral".

Também insta o governo e outros atores sociais a participar "construtivamente de negociações pacíficas para fortalecer as instituições democráticas e a celebração de eleições livres, justas e oportunas".

O documento exorta a CIDH a informar "assim que possível" ao Conselho Permanente da OEA sobre os resultados e conclusões da visita de trabalho realizada à Nicarágua em maio, mas não condena explicitamente Manágua pela repressão praticada pela polícia e por grupos armados ligados ao governo, como denunciam organizações de defesa dos direitos humanos.

Por Julia Rios / AFP