Introdução

Este trabalho resulta de informações reunidas durante 30 anos de pesquisa e investigação sobre a vida do famoso descobridor das Américas, Don Cristóbal Colón (1). Após revisão, esses dados levam a uma conclusão razoável e documentada de que navegadores portugueses visitaram o Brasil muitos anos antes da sua descoberta oficial por Pedro Álvares Cabral em 1500.

O limite absoluto a leste escolhido por D. João II para a linha norte-sul que encurralava os espanhóis a ocidente, estabelecido no seu Tratado de Tordesilhas em 1494, visava proteger para Portugal umas 150 léguas longitudinais do território atualmente conhecido como Brasil.

Pretendemos demonstrar que, antes de 1492, a Coroa portuguesa tinha informações precisas sobre onde ficava o cabo mais a leste do Brasil. A nossa conclusão é baseada em provas confirmadas, e acreditamos que o leitor chegará à mesma conclusão depois de as examinar. Além dos documentos mencionados, temos aquilo a que chamamos os três pilares para sustentar os nossos argumentos: Ciência, Lógica e Comportamento Humano.

1. A CIÊNCIA: A evolução das ciências é o nosso primeiro pilar de suporte. É certo que as ciências mudaram desde o início. Não importa se é medicina, construção, matemática, guerra, navegação ou comunicação, entre outras. De séculos em séculos, a ciência naval do Atlântico evoluiu continuamente, assim como as outras áreas científicas. Desde a Antiguidade até aos primeiros relatos da existência das Canárias e da Islândia no início do primeiro milénio até à Era dos Descobrimentos iniciada por Portugal, a ciência de navegação sempre evoluiu.

2. A LÓGICA: A lógica que é evidente na natureza está presente no segundo pilar e dificilmente pode ser explicada de outra maneira. A lógica é capaz de fornecer certezas sobre eventos que logicamente devem ter ocorrido. Por exemplo, uma pessoa chega à conclusão lógica de que, quando vê uma árvore gigante no chão, ela caiu no chão. A prova de que a árvore nasceu de pé e assim permaneceu por anos não será necessária.

3. O COMPORTAMENTO: No terceiro pilar, estão os comportamentos humanos, como a luta pela sobrevivência (vida e morte), raiva e ódio, amor e devoção, confiança e deceção, patriotismo e traição, fama e glória, entre outros.

Destas três verdades, o comportamento humano é o menos científico, porque as pessoas nem sempre reagem da mesma maneira aos mesmos problemas. Ao mesmo tempo, o comportamento das pessoas também pode causar dúvidas e incertezas sobre vários temas. As pessoas podem ainda levar a cabo falsas ações com o intento de ludibriar os outros por motivos que muitas vezes só elas sabem. As mentiras e o secretismo integram, de modo geral, o comportamento dos povos.

Também os Estados promovem falsa propaganda e mantêm secretismo para obter vantagens contra os seus inimigos e até vantagens contra outros Estados amigos alimentando confusão e intrigas.

De acordo com as provas disponíveis, a descoberta do Brasil e de outros territórios por exploradores portugueses ou administrados e financiados pela Coroa portuguesa, muitos anos antes de serem oficialmente divulgados ou reclamados por esta, deve ser considerada uma verdade inegável.

Várias dessas descobertas anteriores foram desvalorizadas no passado, porque não concordavam com a história oficial apresentada nos nossos livros de História. Muitas vezes, essa história é repetida sem ser revista ou atualizada com novos dados ou argumentos.

Aqui, a palavra descoberta refere-se ao primeiro encontro com terras desconhecidas e visitadas pela primeira vez pelos europeus, sobretudo por via marítima. É óbvio que a maioria desses territórios já era habitada por povos nativos. No entanto, foram as embarcações europeias, e principalmente as tripulações portuguesas, que revelaram onde estavam essas terras e esses povos que, até então, eram desconhecidos na Europa. Não foram eles que descobriram os lugares e as pessoas da Europa.

A verdade é que os povos se encontrariam mais cedo ou mais tarde quando os oceanos fossem atravessados. Se não fossem os portugueses naqueles séculos, seriam eles ou outros noutro século. Essas viagens de descoberta da Era dos Descobrimentos não foram alcançadas em poucos anos ou com pouco esforço. Foi um esforço extraordinário que levou centenas de anos e custou muito ouro, sangue e almas.

De facto, a primeira viagem desde Lisboa até ao local que hoje é o Brasil feita no século XV era significativamente mais desafiadora do que a viagem à Lua no século XX. Já se sabia onde estava o alvo da viagem para a Lua, a distância, a rota, o tempo de viagem e a maneira de voltar. No fim de contas, o único requisito era executar o lançamento do foguetão previamente preparado e conduzi-lo até ao local pretendido. A ciência para chegar à Lua era muito mais avançada, mas o desafio da navegação até um alvo à vista não se pode comparar com uma viagem pelo alto-mar sem alvo pela frente.

No século XV, navegar de Lisboa ao Brasil pela primeira vez era uma incógnita completa. As embarcações seguiam por mar fora sem saber o que iam encontrar — nem onde. Não tinham a certeza se iriam encontrar ventos favoráveis ou adversos. Não sabiam se estavam a navegar em direção a calmarias ou tempestades. Não estavam cientes se iam encontrar povos amigos ou hostis. Nem sequer sabiam se voltariam a casa.

Muitos nunca regressaram. As ondas engoliram incontáveis tripulações que ficaram esquecidas nas esquinas sombrias do tempo. Outros seguiram no seu encalço com as mesmas incertezas. Deve-se louvar a coragem desses exploradores que navegavam «às escuras» sem saber o que iam encontrar ou se voltariam. Esses pioneiros fizeram do mar uma estrada navegável, desbravando caminhos desconhecidos e marcando rotas que outros poderiam seguir com maior confiança.

O impulsionamento do grande infante D. Henrique até à sua morte em 1460 deve ter levado Portugal a procurar «o fim do mundo», localizando os limites do globo terrestre, enviando constantemente novas expedições para noroeste, oeste, sudoeste e sul. Os portugueses procuravam conhecimentos que lhes trouxessem vantagens económicas, políticas e científicas.

Em 1466, o conde de Rožmitál visitou as Cortes da Ibéria em embaixada do rei da Boémia, George de Podebrad. Blatná Václav Sasek de Bírkov, que escreveu o relato dessa embaixada, acompanhou Rožmitál. As embarcações portuguesas enviadas para ocidente e que acabaram de regressar, de acordo com Sasek, apenas encontraram terras desconhecidas no outro lado do mar e ainda não tinham chegado ao fim do mundo (2).

Ao contrário das terras já conhecidas, este relato contemporâneo trata da busca pelo fim do mundo. Se, em 1452, as nove ilhas dos Açores eram já conhecidas, quais as terras que as embarcações portuguesas teriam visitado no outro lado do Atlântico?

Em 1466, as terras desconhecidas do outro lado do Atlântico eram apenas os territórios conhecidos hoje como as Américas.
Os navegadores de Portugal não foram os primeiros a explorar o mar. Vários povos da Antiguidade tinham explorado vários mares do mundo. E no que se refere ao Atlântico, desde tempos antigos que muitos navegadores se aventuraram pelo mar fora.
Por exemplo, como relatado por Plínio, o Velho (23?-79 d.C.), os romanos enviaram uma expedição que chegou à Madeira e às Canárias por volta do ano 10 d.C.

Já havia informação sobre a Islândia e as Canárias num trabalho de Claúdio Ptolomeu em 150. O limite ocidental conhecido pelos europeus foi apontado por Ptolomeu como uma linha norte-sul que passava das Canárias à Islândia. O meridiano zero de Ptolomeu alinhava com as Canárias e a Islândia a ocidente, e o meridiano 180 passava sobre a China a oriente. Estava então mapeado pelos europeus meio globo a norte do Equador no ano 150 d.C.

Seriam todos os territórios mapeados com precisão? Entende-se que não. A ciência imperfeita daquela época impedia-os de fazer medições perfeitas. No entanto, isso não implica que os territórios fossem falsos ou inventados. Quando Marco Polo relatou as suas viagens aventureiras de comerciante, ele dizia que o Cipango (o Japão) era uma grande ilha além das costas da China.

Polo não inventou uma ilha imaginária. O Japão estava lá e continua a estar. Não obstante, houve muitos académicos que duvidaram e duvidam da veracidade do relato de Marco Polo.

Este facto mostra-nos que, embora exista um relato sobre viagens, isso não significa necessariamente que seja aceite como verdade. Existem sempre dúvidas quando as coisas não estão alinhadas. Isso é sensato.

Se os dados que foram apontados antigamente sobre os locais visitados eram erróneos, tal não significa que esses locais não tivessem sido visitados. Uma incerteza sobre a localização exata de um território não constitui prova da sua não-existência.

Tanto os relatos escritos como os mapas antigos tinham os seus limites. Dependiam da ciência da época, o que não implica que a informação relatada ou mapeada fosse falsa. Simplesmente foi imprecisa. Era tão precisa quanto a ciência e a informação dispo- nível permitiam.

Muitos céticos consideraram as expedições de Leif Erickson aos territórios do Canadá cerca do ano 1000 «lendas e invenções». Mas a colónia nórdica em L’Anse aux Meadows, no Canadá, foi cientificamente datada. A datação por carbono estima que a sua construção tenha ocorrido entre 990 e 1050 d.C., com uma data média de 1014. Assim, a «lenda de Erickson» foi cien- tificamente confirmada.

A igreja de Hvalsey, localizada na parte sul da Gronelândia, teria sido construída no século XIV em cima das ruínas de outra igreja mais antiga. Em setembro de 1408, Thorstein Olafsson e Sigrid Björnsdóttir casaram-se nessa igreja gronelandesa antes de imigrarem para a Islândia. Em 2012, uma equipa de cientistas nórdicos publicou os resultados de uma investigação que inclui essas informações (3). Durante algum tempo, o Canadá e a Gronelândia foram habitados por uma pequena colónia de europeus.

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Nem conseguimos imaginar quantas vezes aqueles colonos viajaram das costas da Noruega até à Gronelândia e ao Canadá entre 1000 e 1408. Foram quatro séculos de navegação pelos nórdicos e, no entanto, existem muito poucos documentos conhecidos a registar essas viagens. A Grœnlendinga saga é um manuscrito do século XIII ou XIV que relata algumas dessas expedições.

Quanto à inexistência de relatos contemporâneos, podemos dizer o mesmo das explorações mais para sul no Atlântico. Mas as provas mostram que as viagens tiveram de acontecer. Por exemplo, não existem relatos das viagens à Islândia e Canárias antes do ano 150 d.C., mas Ptolomeu já sabia da existência dessas terras. Para isso, teve de haver viagens até lá.

Sabemos que, em 1291, dois irmãos genoveses, Vandino e Ugolino Vivaldi, juntamente com Tedisio Doria, organizaram a primeira expedição que mencionava a busca de um caminho marítimo para a Índia pelo Atlântico. Em maio desse ano, duas galeras altamente preparadas saíram de Génova com o objetivo de atravessar o estreito de Gibraltar e seguir a costa de Marrocos para sul. Nada mais se sabe sobre o destino dessa expedição. Nunca regressaram ao porto de partida; ou, pelo menos, não existe registo do seu regresso.

Se o Atlântico temido e praticamente desconhecido desde a Antiguidade foi alvo de algumas explorações por europeus anteriores ao século XIV, essas seriam viagens esporádicas talvez feitas por aventureiros individuais. Não seria necessariamente um projeto nacional como foi o caso das explorações portuguesas. Ao desenvolver uma estratégia para descobrir o fim do mundo e chegar à Índia, Portugal iniciou a globalização do mundo criando um impulso económico, político e social que marcou a integração dos diferentes povos. Isto foi realizado utilizando a sua tecnologia marítima, a qual era ímpar durante os séculos XIV e XV. É por isso que Portugal ganhou a honra e a fama de ser o iniciador da Era dos Descobrimentos.

Atualmente, quando se lê sobre os Descobrimentos, é comum ler que Portugal e Espanha foram os países que iniciaram essa era; ou pior, é comum ler-se que a Era dos Descobrimentos foi iniciada pelos europeus. Nada disso!

Para começar, Espanha foi forçada a participar nesta empreitada, quase contra a sua vontade. Espanha só entrou nas Descobertas em agosto de 1492, com a primeira viagem do almirante Don Cristóbal Colón. Mas foram precisos sete anos de insistência. Durante sete anos, aquele reino recusou as propostas de ir descobrir os mares a ocidente. Por outro lado, em 1492, já Portugal havia cumprido a demanda de novas terras por mais de 150 anos, costeando as Canárias e depois as Américas. Quando Colón levantou âncoras em agosto de 1492, já os portugueses tinham costeado o Canadá, a África desde o Cabo Bojador até além do Cabo da Boa Esperança, investigado os ventos e correntes nos mares a sul do Equador e visitado ilhas no outro lado de Cabo Verde.

Os tais «europeus» que os novos livros de História querem anonimizar eram apenas os europeus portugueses. Quando Espanha rumou para o Novo Mundo em 1492, e os outros europeus entraram nessa contenda décadas mais tarde, não navegavam novos rumos. Eles seguiam os portugueses.

Capítulo Um

UM SONHO CHAMADO PORTUGAL

Dizem alguns que a nação portuguesa já era um sonho antes de se tornar numa realidade. A aurora do segundo milénio foi marcada por lendas e misticismo, mitos e mistérios, narrativas fantásticas do Santo Graal e da enigmática cavalaria espiritual. Contavam-se histórias sobre o rei Artur e a Távola Redonda, mesa sem cabeça representando a igualdade entre os seus membros. Ainda 300 anos mais tarde, o próprio rei D. Duarte de Portugal, membro da Ordem da Jarreteira, tinha na sua biblioteca livros de Galaaz, de Tristão e de Merlim (4).

Estas foram épocas em que visionários heróis guerreiros, guiados pela fé em Deus, foram capazes de lidar sem medo com os riscos e as dúvidas que acompanhavam os seus desejos ambiciosos. Muitos tiveram os seus sonhos interrompidos pela guerra de que alguns saíram vencedores, dando graças a Deus enquanto outros sacrificavam a sua vida pelos seus sonhos.

Na Borgonha, um grupo de nobres cavaleiros liderados por inspiradores homens religiosos procurava estabelecer uma nova ordem mundial para a humanidade. Sonhavam que as guerras entre irmãos acabassem e as pessoas vivessem em fraternidade. Algumas dessas noções podem ser encontradas na Bíblia, como neste caso: «Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos.» (Cl 3,15).

Um dos maiores sonhos da humanidade é construir um mundo de paz e fraternidade. Mas no virar do primeiro milénio, um sonho desses exigiria um plano de longo prazo. Só 700 anos mais tarde foi possível formar uns Estados Unidos, uma nação de um povo livre para decidir quem os governasse, sem monarquia ou rei, e ainda 200 anos mais tarde uma União Europeia em paz e sem fronteiras (5). Só as sombras do passado sabem se a ideia para um novo reino universal, o Quinto Império dos portugueses, veio verdadeiramente dos borgonheses ou não.

Certo é que apenas em Portugal se difundiu e promoveu o culto do Espírito Santo, cuja finalidade é um mundo fraterno, ou «a atitude colectiva dominante é a da solidariedade social, ultrapassando geralmente o mero conceito de caridade. Na verdade, há aqui um conceito de igualdade e fraternidade que parece antecipar conquistas sociais do futuro» (6).

Nem seria necessário a seguinte admoestação do livro sagrado, considerando o mundo ao nosso redor, quer hoje quer em qualquer época da humanidade, porquanto se «dediquem uns aos outros com amor fraternal, prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios» (7), para entender como agir para o bem mútuo.

Há mil anos, a Ibéria passava por épocas de conquista e de reconquista. Estavam no início do segundo milénio e já começavam o segundo século. Galícia, Leão e Castela eram as últimas áreas cristãs lideradas pelo rei Afonso VI. As hostes muçulmanas continuaram as suas invasões para o norte com o objetivo de exterminar o cristianismo em todo o mundo. Em outubro de 1086, as tropas cristãs sofreram uma derrota significativa na Batalha de Sagrajas. Os borgonheses atenderam às petições de socorro de Afonso VI para enfrentar um inimigo tão persistente.

No final do século XI, vários cavaleiros de Borgonha lutaram em defesa do povo cristão contra os invasores muçulmanos. Nesse grupo de cavaleiros, incluíam-se familiares da rainha Constança de Borgonha, esposa do rei Afonso VI. Um deles era Henrique, filho do conde de Borgonha. Esses filhos do conde eram sobrinhos da rainha Constança e bisnetos do rei Roberto II de França. Este cavaleiro Henrique, que foi nomeado conde de Portucale por D. Afonso VI, viria a ser pai do primeiro rei de Portugal (8).

Os cavaleiros borgonheses também tinham relações familiares com Hugo de Semur, Abade de Cluny, um religioso borgonhês famoso e influente. Hugo de Semur era neto do antigo duque de Borgonha, irmão do rei Hugo Capeto, enquanto o conde de Portucale era tetra-neto de Hugo Capeto. O lema dos seguidores da Regra de São Bento, que já era seguida por Cluny e todos os monges do Ocidente, era Pax e ora et labora, isto é, Paz e reza e trabalha.

Os cavaleiros borgonheses tinham ainda laços familiares com a família do renomado frade Bernardo de Claraval, que, em 1128, criou a Ordem de Cister e a regra monástica da Ordem de Cister para os cavaleiros templários, tornando-o no ideal de nobreza para o mundo cristão.

A famosa Ordem de Cister, fundadora do Mosteiro de Alcobaça, estava ligada a este grupo de religiosos e cavaleiros e teve um grande impacto na primeira dinastia. Esta Ordem de Cister fora fundada em 1098, também na Borgonha, e estabeleceu que a autoridade suprema da Ordem seria exercida por uma reunião anual de todos os abades. Era um tipo de democracia.

Significa isto que as coisas não aparecem sem mais nem menos. O desenvolvimento começa quando uma semente se agarra a uma raiz e floresce. A Ordem do Templo e o reino de Portugal foram dois grandes projetos iniciados pelos borgonheses no início do século XII que transformariam o mundo.

A história da Ordem do Templo acaba por ser mal contada quando começa em 1119 por Hugo de Payens, pois a sua liga de nove cavaleiros seria já uma ordem (entre si) antes de se apresentarem frente ao rei Balduíno II de Jerusalém, para pedir um local no qual se pudessem estabelecer. Tal aconteceu muito antes de a ordem ser oficial- mente sancionada pelo Vaticano em 1128. Neste sentido, mesmo sem uma organização registada em documento, o sonho e a ideia de formar um grupo de cavaleiros com a mesma determinação e planear uma audiência com Balduíno II já eram ações da Ordem do Templo.

Os nove cavaleiros do Templo originais eram quase todos borgonheses e aparentados uns com os outros e com o conde Henrique, pai de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal (9). De entre esses nove cavaleiros originais, estavam Gondomar e o frei Arnaldo da Rocha, ambos portugueses (10). Aquele grupo de amigos e familiares deveria ter uma forte sensação de dever com a humanidade, o que acabou por mudar as suas vidas e o mundo para sempre.

Os Templários fixaram-se em Portugal num momento em que o território era apenas um condado. Embora a primeira doação bem documentada que a ordem recebeu tenha sido «Soure em 19 de março de 1128 por carta de D. Teresa, a qual se refere a eles como Cavaleiros do Templo de Salomão» (11), parece que os cavaleiros templários, enquanto entidade, já tinham terras em Portugal antes dessa data.

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Autor: Manuel Rosa

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De acordo com um contrato entre o mestre do templo e o bispo do Porto em 1114, os Templários já tinham alguns territórios em Fonte Arcada. Como este contrato demonstra, a ordem recebeu as suas primeiras possessões em Portugal. Outra doação à vobis Iherosolimitani Templi militibus vem num documento de 1122. A cidade de Fonte Arcada teria ainda feito outra doação em benefício da militibus Templi Salomonis no ano de 1126.

Antes de Portugal se tornar Portugal, os Templários estavam lá! Portugal só declarou a sua independência do reino de Leão em 1139. O Tratado de Zamora reconheceu oficialmente a independência em 5 de outubro de 1143. No entanto, os Templários estavam já nos seus territórios dentro de terras portuguesas.

Não se sabe ao certo se foram os Templários que materializaram Portugal ou se foi Portugal que materializou os Templários. Contudo, a verdade é que os borgonheses originaram os dois projetos. Portugal e os Templários estavam tão unidos, que esta ordem e os seus territórios portugueses foram todos protegidos das ordens agressivas do Papa em 1307, que visava eliminar a ordem.

Mais tarde, em 1317, D. Dinis enviou os seus embaixadores a Jacques d’Euse, o antigo bispo do Porto e então Papa João XXII, para solicitar que os Templários, até então uma ordem internacional, fossem transformados na Ordem de Cristo. Assim nascia uma nova organização militar nacional. A bula Ad ea ex quibus do Papa foi finalmente concedida a D. Dinis em 14 de março de 1319. Todos os templários portugueses, e com certeza muitos de outros reinos, foram acolhidos por D. Dinis e ingressaram então na Ordem de Cristo. O nome, o emblema e a capa mudaram, mas o resto continuou igual — a Ordem de Cristo era a Ordem do Templo.

Nesse mesmo ano de 1317, D. Dinis contratou o genovês Manuel Pizagno (conhecido como Pessanha em Portugal), para melhorar, organizar e comandar a frota da marinha portuguesa, como o próprio declarou: «D. Dinis ... faço saber que eu, querendo fazer graça e mercê a Micer Manuel, Genovês, vassalo, faço meu almirante-Mor; e mando a todos os meus vassalos corsários e a todos os outros alcaides de galés e arrais e oficiais que a este ofício pertencem, que façam seu mandado» (12).

Os reis de Portugal e a Ordem do Templo surgirem entre um grupo de cavaleiros do mesmo local, bem como o rei D. Afonso Henriques ter sido descrito como irmão templário em 13 de março de 1129, mostra que o destino de Portugal e da Ordem do Templo estavam intimamente ligados.

Nada existe por si só. Nem um rei tomava decisões sem haver motivos. De forma semelhante, uma viagem de descoberta não existe como coisa singular e sem contexto. Muitas vezes, tendemos a desligar os acontecimentos do seu ambiente e olhar para eles como órfãos solitários flutuando no tempo e no espaço, sem entender que estão conectados a inúmeras outras coisas.

Não foi por acaso que o Vaticano prendeu e baniu os Templários no ano de 1307, nem foi por acaso que o rei D. Dinis recusou as ordens do Papa para os prender. O Vaticano excomungou todos os reis de Portugal anteriores a D. Dinis, e até removeu D. Sancho II, deixando a Coroa para o seu irmão D. Afonso III, que, depois, foi também excomungado. O Vaticano intercedia ainda mais tarde, mesmo durante o reinado de D. João II (13).

Demais, a proteção do rei D. Dinis aos seus templários e a transformação dos mesmos na Ordem de Cristo também não foi por acaso, mas sim com uma intenção clara. Não seria ainda por acaso que este rei trovador pertencia à Cavalaria do Amor, uma organização anti-Roma cuja palavra dá amor lida ao contrário (14).

Além disso, não seria coincidência que o infante D. Henrique tivesse sido nomeado governador da Ordem de Cristo em 1420, liderando os templários por quatro décadas até à sua morte em 1460.

As caravelas portuguesas terem a cruz da Ordem Templária de Cristo nas suas velas em documentos da época indica que Portugal e a Ordem do Templo trabalhavam juntos nestes empreendimentos marítimos. Os dois permaneceram unidos.

Será que o sonho borgonhês se tornara realidade?

Não se pode negar que os nove cavaleiros que iniciaram a Ordem do Templo tinham já uma missão clandestina quando se organizaram. Teria o conde Henrique de Portugal uma missão clandestina juntamente com os seus conterrâneos templários quando se estabeleceu em Portugal?

De novo, não temos provas de qual seria o plano inicial. Mas devemos aceitar, baseando-nos no pilar da lógica, que este grupo de cavaleiros de Borgonha estaria a operar de acordo com um plano comum. Isso mostra que Portugal era algo mais do que um reino nessa época. O objetivo do empreendimento seria con- cretizar um sonho altivo. Sabendo das relações que Portugal manteve com os Templários do século XII até o século XVI, pelo menos é isso que parece.

Além da preservação do secretismo, a associação com a Ordem do Templo facilitou as comunicações com aliados e cientistas de outros territórios. Por falta de documentos coevos, acreditamos que a importância desta questão não foi bem entendida. O tesouro mais valioso dos Templários, a nosso ver, não era ouro ou joias; mas antes a sabedoria acumulada ao longo dos anos, bem como a amizade, o comércio e a confraternização que mantinham com outros povos ao seu redor.

É razoável pensar que uma organização internacional como a Ordem do Templo, com uma extensa área de cobertura, reuniria informações e dados científicos de geração em geração. E isto não apenas no local dos seus territórios, mas também em todos os lugares por onde as suas frotas comerciais viajavam.

Assim sendo, o seu Mestre teria acesso a uma infinidade de fontes de notícias, assim como à sabedoria, meios de comunicação e recursos humanos não só dos seus membros, mas dos amigos do Templo. Esta sabedoria trouxe novos conceitos sobre o mundo material, intelectual e espiritual e ideias para melhorar a nossa sociedade e a ciência.

Não teriam todos esses dados vindo parar às mãos do infante D. Henrique quando ele tomou as rédeas da Ordem em 1420?
Portugal estava perfeitamente preparado para desbravar o mar. O reino estava situado entre duas fronteiras: uma com Castela, a outra com o mar. Em vez de tentar conquistar território a outros reinos cristãos, os portugueses desenvolveram a ideia de abrir novos caminhos por mar em busca de terras e povos desconhecidos. Esta atividade seria certamente desenvolvida em segredo. Assim o entendemos por serem raríssimos os relatos e os documentos sobre as viagens de descobertas portuguesas embora as explorações marítimas tivessem abrangido vários séculos.

D. Dinis ter contratado Manuel Pessanha para comandar a marinha portuguesa em 1317 permite-nos afirmar duas coisas:

1. Primeiramente, permite-nos verificar que Portugal tinha já nessa época uma marinha extensa o suficiente para necessitar que o almirante Pessanha mantivesse sempre 20 capitães genoveses «sabedores do mar» ao serviço do rei.

2. E, depois, que essa marinha participava em manobras de navegação que exigiam que os participantes as mantivessem em segredo.

O contrato celebrado no início de 1317 definia que o almirante Pessanha, e, logo, os seus 20 capitães subordinados, mantivessem todos «os vossos segredos que me disserdes ou enviardes dizer» (15). E o contrato era hereditário. Deste modo, o neto, Carlos Pessanha, 6.º almirante de Portugal, teria, como tiveram o seu pai e o seu avô, os mesmos requisitos de não divulgar os segredos e de manter 20 genoveses ao seu comando. Aqueles capitães do mar estavam sob o comando do almirante-mor e os referidos segredos deveriam ser guardados por eles também.

Decorridos uns cem anos, D. João I mandou o seu almirante Pessanha dispensar os 20 capitães genoveses, «como afirma D. Afonso V numa sentença proferida em 1450, na qual se declara que os Pessanha já não davam cumprimento à obrigação contratual de ter sempre ao serviço vinte Genoveses desde o tempo de seu avô» (16).

Porque teria D. João I despachado os 20 capitães genoveses?

Podemos inferir que, tendo sido criada em 1424, durante o reinado de D. João I, uma carta de marear indicando viagens secretas a caminho das também secretas terras das Antilhas, seria plausível despachar os que não conseguissem manter o segredo.

Não se conhecem registos de ataques da marinha portuguesa a qualquer reino cristão no século XIV, a não ser contra os castelhanos, sobretudo após a morte do rei D. Fernando em 1383.

Então que andaram a fazer as 21 embarcações portuguesas desde 1317, quando o contrato de Manuel Pessanha foi assinado até quando D. João I os dispensou? Estariam aqueles navios ancorados por todas essas décadas sem terem navegado para lado algum?

Claro que não.

Os três pilares acima referidos levam-nos a concluir que as embarcações da frota da marinha portuguesa estariam ocupadas em navegações — nem que fosse pelo menos uma viagem por ano. Logicamente, uma embarcação não é construída para passar os seus anos ancorada num porto. Não se contratam 20 capitães genoveses «sabedores do mar» por cem anos para dormirem nas embarcações ancoradas no Tejo.

Durante um século, essas embarcações deverão ter percorrido inúmeras léguas por largos meses, anos e décadas a explorar o Atlântico. Quase todas as informações sobre essas viagens foram mantidas em segredo. Além das Antilhas, sabemos que as outras falam apenas das Canárias.

De certeza que alguns dos 20 capitães genoveses acabaram a levantar a pontinha do véu, deixando escapar alguns segredos como o mapa das Antilhas, mas foram dos poucos que ousaram desafiar a imposição do secretismo. Fizeram-no apenas fora das terras de Portugal.

Basta ler os relatos das viagens às Canárias na década de 1330, atribuídas a navegadores italianos, mas contratados pela Coroa de Portugal, para entender que a marinha portuguesa andava a realizar expedições clandestinas pelo Atlântico (17).

Já no primeiro quartel de 1300, o capitão Lanzarotte de Malocello teria viajado para as Canárias em nome do rei D. Dinis de Portugal. Em junho de 1341, Angiolino del Tegghia de Corbizi e Nicoloso de Recco, que trabalhavam para D. Afonso IV de Portugal, também fizeram viagens àquelas ilhas (18).

Niccoloso de Recco difundiu a notícia de uma dessas expedições dos portugueses às Canárias; no entanto, devido à aversão do Vaticano pelo reino de Portugal, o Papa concedeu os direitos de conquistar as Canárias ao príncipe espanhol Luis de la Cerda.
A conquista deste arquipélago que vinha descrito há já um milénio por Ptolomeu estava a ser planeada pelo rei de Portugal e só foi interrompida por outra guerra com Castela, que teve lugar em 1336–1339. Durante essas hostilidades, a frota de 20 galés portuguesas foi desbaratada em 21 de julho de 1337, frente ao Cabo de S. Vicente, pelas galés castelhanas. O almirante Pessanha e o seu filho foram capturados.

Tendo Portugal sido o primeiro reino cristão a navegar até às Canárias e a tentar conquistar aquelas ilhas, o rei D. Afonso IV enviou uma carta ao Papa em que contesta a decisão do Vaticano de conceder a conquista a um espanhol. A carta é explícita ao afirmar que foi Portugal, não Espanha, a merecer o direito de conquista das Canárias, por ter sido o primeiro reino a chegar ali. Durante 150 anos, Espanha nem conquistou as Canárias nem permitiu que Portugal o fizesse.

O rei de Portugal declarou em 1344 que «Os primeiros descobridores foram habitantes do nosso reino», quais documentos e crónicas coevas provam essas viagens nos arquivos portugueses? Nenhum que conheçamos. Entretanto, no estrangeiro, existiam várias evidências, incluindo esta carta mantida secreta no vaticano:

Afonso [IV] rei de Portugal e do Algarve... Como resposta a vossa carta com a devida reverência respondemos que os primeiros descobridores daquelas ilhas foram habitantes do nosso reino. Verdadeiramente esperávamos que as quais ilhas existiam para nós primeiro do que qualquer outro príncipe vendo que estão mais perto de nós... Mandámos nossas gentes e navios àquele lugar para examinar a condição dessas terras os quais ao chegarem a essas ilhas capturaram homens e animais... 

É evidente e lógico que existiu uma marinha portuguesa bem organizada com capitães que estiveram a ser pagos durante um século, anterior ao tempo do infante D. Henrique; e que muito cedo navegava secretamente em busca de novidades em mares desconhecidos. Esses feitos não foram documentados em Portugal, apenas por notícias de estrangeiros é que as viagens vieram à luz, e muitas delas surgiram décadas ou séculos depois de terem acontecido.

O Mapa das Antilhas é um desses exemplos, apenas descoberto 529 anos depois de ter sido feito. Assim sendo, o segredo da viagem às Antilhas foi mantido por cinco séculos.

Essas viagens clandestinas e desconhecidas devem ter durado mais de 300 anos ao longo dos séculos XIV, XV e muitos anos do século XVI.

Ninguém questiona que Ptolomeu descrevia as Canárias e a Islândia no seu trabalho do ano 150 d.C., quando as utilizou como o grau 0º; mas tende-se a questionar outras viagens ao mesmo local uns mil anos mais tarde. Porquê? Acham que os navegadores em 1300 seriam menos capazes de chegar às Canárias ou à Islândia do que os do século II?

As viagens de exploração portuguesas deveriam desenvolver um plano sistemático de exploração, cada uma seguindo um rumo da rosa dos ventos. Como o segredo é uma das armas mais valiosas de qualquer reino ou nação, aquelas viagens foram mantidas em silêncio.

A falta de documentos não é um motivo para negar as viagens apresentadas num mapa. Se assim fosse, poderíamos negar que Ptolomeu sabia da existência das Canárias. Um local ou uma ilha serem apenas menciona dos pode servir como prova de uma viagem; e hoje sabemos isso, pois esses locais e ilhas existem de facto.

Mas essas viagens da marinha portuguesa feitas durante 300 anos, mesmo que fossem feitas ao ritmo de apenas uma viagem por ano utilizando somente duas frotas de duas embarcações cada, seriam 600 viagens em 300 anos que nunca foram documentadas. Seriam, portanto, 1200 viagens se fossem duas frotas enviadas para norte e duas para sul.

Para onde teriam viajado? Nunca encontraram terra?

Este esquema, enviando apenas quatro embarcações, aplicado a uns 100 anos que os capitães genoveses estiveram empregados pela Coroa de Portugal, deixaria as outras 17 embarcações durante 100 anos a fazer o quê?

A lógica diz-nos que foram feitas inúmeras viagens e que aquelas embarcações portuguesas encontraram muitas terras que nunca foram mencionadas. E existem documentos a demonstrar que houve terras secretamente descobertas por Portugal antes de serem publicitadas ou encontradas por outros.

A paixão pela ciência, a curiosidade pela natureza das coisas, a sede pela sabedoria, a necessidade de questionar o que está ao nosso redor e o que estará além do horizonte era igual nos seres curiosos da Antiguidade como nos sonhadores velejadores da Era dos Descobrimentos — tal como é nos nossos dias.

«Muito altos Reis de muito tenra idade entrei no mar navegando, e continuei a fazê-lo até hoje. A mesma arte inclina a quem a prossegue no desejo de saber os segredos deste mundo», escreveu o almirante Don Cristóbal Colón sobre a sua tendência para viajar em busca de novidades em novos territórios (19).

Os cientistas de hoje têm o mesmo desejo de descobrir e desvendar os segredos da natureza, da mesma forma que aqueles cientistas do passado o tiveram; eles investigam as profundezas do mar e furam a superfície da terra, investigam o infinito Universo e buscam sabedoria além do nosso planeta. Não é apenas pela ganância, mas também pela infinita curiosidade que os seres humanos têm em si que questionam as coisas.

É verdade que Portugal visava recuperar o seu investimento em comércio, mas também teria o objetivo científico de descobrir o mundo desconhecido, pois a sabedoria já por si é valiosa.

NOTAS:

(1) Mais conhecido pelo nome deturpado de Colombo, Don Cristóbal Colón era o nome que o navegador utilizou para si e que os documentos espanhóis lhe dão. Foi vice-rei, almirante e governador do Novo Mundo até 1500, quando foi preso e substituído por Francisco Bobadilla. Ficou apenas almirante até à sua morte em 20 de maio de 1506. O seu filho esclareceu que o sobrenome nunca foi Colombo. O próprio D. João II, em carta ao navegador com data de 1488, chama-lhe COLON – cf. Documento Número: PATRONATO, 295, n.o 1, Archivo General de Indias, Sevilha, Espanha.

(2) Václav Sasek de Bírkov relatou uma viagem aventureira de embarcações portuguesas para oeste, das quais só uma regressou... com esperança e com a certeza de que o fim do mundo não tinha sido alcançado, mas antes um ponto de partida para terras desconhecidas do outro lado do mar. Bratislava Codex: Codex Bratislavensis, Edited by Miloslav Krása, Josef Polisensky and Peter Ratkos, Charles University, Prague, 1986, pp. 19–20.

(3) Jette Arneborg, Jan Heinemeier & Niels Lynnerup. Greenland Isotope Project: Diet in Norse Greenland AD 1000–AD 1450 (JONA Special Volume 3). 2012. Steuben (ME): Journal of the North Atlantic.

(4) João Paulo Oliveira e Costa, Henrique, o Infante, A Esfera dos Livros, 2009, p. 53.

(5) Freddy Silva, Portugal: A Primeira Nação Templária, Alma dos Livros, Lisboa, 2018., pp. 57, 89 e 103.

(6) Carlos Rodarte Veloso, O Culto do Espírito Santo em Portugal. História e Iconografia. http://www.conventocristo.gov.pt/data/Documentos/ Culto%20do%20Espirito%20Santo%20em%20Portugal.pdf

(7) Romanos 12, 9–21.

(8) Cuadernos de Estudios Gallegos, LXIX, n.o 135 (enero-diciembre 2022), pp. 55-82 ISSN: 0210-847X https://doi.org/10.3989/ ceg.2022.135.02. Orígenes Y Relaciones Familiares de Raimundo de Borgoña y Hugo de Champaña, Promotor del Temple, Margarita C. Torres Sevilla-Quiñones de León Universidad de León, ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-9735-242

(9) Hugues de Payens abordou o rei Balduíno II de Jerusalém (cujo reinado começou em 1118) com oito cavaleiros, dois dos quais eram irmãos, e todos eram seus parentes por sangue ou casamento, para formar a Ordem dos Cavaleiros Templários.

(10) FreddySilva,Portugal:APrimeiraNaçãoTemplária,AlmadosLivros, Lisboa, 2018.

(11) Paula Pinto Costa, As Comendas da Ordem do Templo em Portugal: Patrimónios e Interesses em Evolução Permanente, https://hdl.handle. net/10216/151305, «Circulações, Guerras, Discursos e Religiosidades nas Fronteiras da Cristandade (Séculos V–XV)», 2023, p. 180.

(12) «[1deFevreirode1317]EmnomedeDeus,Amen.Saibamquantos esta carta virem como eu, Don Dinis, pela graça de Deus Rei de Portugal [...] entendendo por serviço de Deus e meu prol e honra da minha terra, de haver obrigado vós, micer Manuel Peçagno de Génova, e vossos sucessores para ficardes na minha terra por meu almirante [...] E eu, sobredito micer Manuel, por esta mercê [...] fico logo por vosso vassalo e vos faço menagem e juro vos sirva bem e lealmente...», in Carta de doação, feita por D. Dinis a micer Manuel Pessanha...,Torre do Tombo, Gavetas, Gav. 3, mç. 1, n.o 7.

(13) Garcia de Resende conta que, em 1483, o segundo ano do reinado de D. João II, chegou a Portugal um núncio papal enviado por Sixto IV para acusar o monarca de violar a liberdade da Igreja e a tentar extinguir completamente por meio de novas e audaciosas leis e, portanto, parecendo que o rei estava a interferir indevidamente nos assuntos da Igreja. Assim sendo, o núncio papal solicitou a presença do rei, pessoalmente ou mediante um procurador, na Corte de Roma, para se justificar. in Resende, Vida e Feitos..., p. 72.

(14) O mesmo ocorre com a Ordem dos Trovadores, uma Ordem Iniciática com os seus ritos e a sua linguagem secreta, a argótica, que os estudiosos superficiais de literatura imaginam não ser mais do que um artifício literário no qual abundam referências repetitivas ao «amor cortês», à «Senhora», à «formosa Dama fulana ou sicrana», historicamente identificável. A realidade era outra. As «Leis do Amor», estritas e severas, comportavam graus de iniciação com seus ritos, segredos e limites... Registe-se ainda que, em Portugal, a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, criada pelo drutz D. Dinis, ou Ordo Militum Christi, sucessora da Ordem dos Cavaleiros do Templo, ou Ordo Militum Templi, alicerçou a sua famosa «gnose náutica» na Gaia Ciência destes Cavaleiros do Amor, ou Cavaleiros de Amar, ou ainda, e na sua continuidade, Cavaleiros do Mar, os quais, nas caravelas portuguesas, deram novos mundos ao mundo..., in António de Macedo, O Neoprofetismo e a Nova Gnose, da Cosmovisão Rosa-Cruz aos Mitos Ocultos de Portugal, Hugin Editores, Lisboa, 2003.

(15) «Que guarde vossos segredos que me disserdes ou enviardes dizer [...] Outrossim, eu, micer Manuel, e os meus sucessores que este feudo herdarem devemos ter sempre vinte homens de Génova sabedores do mar.», in Carta de Doação, feita por D. Dinis a Micer Manuel Pessanha..., Torre do Tombo, Gavetas, Gav. 3, mç. 1, n.o 7.

(16) Genoveses na História de Portugal, Morais do Rosário, Oficinas Gráficas da Minerva do Comércio, Lisboa, 1977, p. 20.

(17) O genovês Niccoloso de Recco difundiu a notícia de uma expedição secreta portuguesa às Canárias, mas, devido à aversão que o Vaticano tinha ao reino de Portugal, o Papa concedeu os direitos sobre a conquista das Canárias ao príncipe espanhol Luis de la Cerda.

(18) Alberto Vieira, «Reconstrução e Desconstrução do Mundo Insular do Atlântico Oriental. Séculos XV e XVI», Anuario de Estudios