Num comunicado hoje divulgado pelo Programa de Observação da Terra da União Europeia afirma-se que 2021 também registou algumas das mais elevadas emissões estimadas em várias regiões do mundo, devido a incêndios.

Os cientistas do Serviço de Monitorização da Atmosfera (SMA) do programa Copernicus têm estado a acompanhar de perto as emissões provocadas por incêndios florestais e os seus impactos na atmosfera em todo o mundo ao longo de 2021. O serviço utiliza observações de satélite de incêndios ativos para estimar as emissões de incêndios em tempo quase real e prever o impacto subsequente na qualidade do ar e na atmosfera.

No balanço hoje divulgado salientam-se os intensos e persistentes incêndios de abril na Sibéria e no Canadá, e os “incêndios extremos” no verão, nomeadamente julho, que levaram às emissões mais elevadas (estimadas) em alguns dos meses e que afetaram de forma “notavelmente” persistente e intensa vastas extensões, incluindo da América do Norte, Sibéria, Mediterrâneo oriental e central e norte de África.

O mês de agosto registou também um total de emissões muito elevado.

Em termos de incêndios o planeta foi especialmente afetado em quatro regiões chave, uma delas a Sibéria, com emissões diárias de CO2 muito acima da média dos anos anteriores (2003-2021). A América do Norte foi outra das regiões, com incêndios prolongados que geraram emissões de CO2 estimadas em cerca de 83 megatoneladas.

Nos meses de julho e agosto muitos países do Mediterrâneo oriental também sofreram vários dias de incêndios intensos, causando grande concentração de partículas finas na atmosfera e degradando a qualidade do ar. A mesma degradação do ar foi registada no Paquistão e noroeste da índia entre setembro a novembro, com a queima sazonal do restolho a provocar poluição atmosférica.

Mark Parrington, cientista do programa e perito em incêndios, comentou, citado no comunicado, que se assistiu em 2021 “a uma intensa e prolongada atividade de incêndios florestais”, alguns dos quais “a um nível não observado nas últimas décadas”.

As condições regionais, “mais secas e quentes causadas pelo aquecimento global, aumentam o risco de inflamabilidade e risco de incêndio da vegetação e isto tem-se refletido nos incêndios extremamente grandes, de rápido desenvolvimento e persistentes que temos vindo a monitorizar", alertou.

O programa Copernicus analisa o planeta através de uma rede de satélites da União Europeia. É coordenado e gerido pela Comissão Europeia e executado em parceria com os Estados-membros e a Agência Espacial Europeia, entre outras instituições.