Milhares de pessoas participaram no tradicional desfile popular que desceu a Avenida da Liberdade até ao Rossio para comemorar os 44 anos da "revolução dos cravos", sendo também uma manifestação de causas.

Ao som de músicas de intervenção como Grândola Vila Morena, várias organizações e associações protestaram contra os despejos, exigindo direitos à habitação, manifestaram-se contra os “elevados custos” das propinas no ensino superior e pediram “mais um por cento para a cultura”.

As causas ambientais e os direitos dos animais também mereceram destaque no desfile do 25 de Abril, onde populares exibiram cartazes nos quais se lia: “25 de Abril sempre sem carne” e “se poluir no presente vamos ter um futuro ausente”.

Associações de imigrantes pediram o “fim da escravatura” e, ao ritmo do samba, brasileiros gritaram “fora Temer” e, com cartazes do Partido dos Trabalhadores, protestaram contra o juiz Sérgio Moro para exigir a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pela primeira vez em 44 anos, os polícias e militares participaram em conjunto no desfile para protestarem contra a falta de resposta do Governo relativamente ao descongelamento das carreiras.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, disse à agência Lusa que, desde dezembro, já apelaram junto dos vários ministérios, do primeiro-ministro e recentemente do Presidente da República para que Governo cumpra com a lei do Orçamento do Estado no que toca ao descongelamento das carreiras.

“Estamos no final de abril e ainda estamos à espera que o Governo cumpra com aquilo que está no orçamento que é a reunião e a negociação com associações representativas para de alguma forma se tratar do descongelamento das carreiras”, disse, sublinhando que o Executivo está a empurrar os polícias e militares para a contestação.

“Estamos junto e não aceitamos que o Governo aprove uma lei e não a cumpra”, afirmou ainda.

Também o presidente da Associação Nacional de Sargentos, Mário Ramos, disse à Lusa que existe atualmente “um desrespeito por uma lei da Assembleia da República que foi aprovada pelo Governo”, recordando que desde o início do ano estão a tentar que se iniciem as negociações para o descongelamento das carreiras, tal como está previsto no Orçamento do Estado.

“Há 44 anos, o 25 de Abril trouxe um conjunto de direitos a todos os portugueses. Esta é uma forma simbólica de expressar que para nós, que temos responsabilidades acrescidas na área da defesa e da segurança interna e com todos os deveres inerentes às nossas profissões, simplesmente queremos que seja reconhecido o direito de ser integrado num processo negocial para cumprir aquilo que está na lei do Orçamento de Estado”, sublinhou.

Além da presença de vários membros dos partidos de esquerda e de sindicatos, desfilou também pela principal avenida de Lisboa o ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, que foi aplaudido por vários populares, bem como bastante requisitado para ‘selfies’.

Em declarações aos jornalistas, Yanis Varoufakis, disse que a União Europeia precisa de um 25 de Abril.