Em 22 de julho, o então secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, tinha referido, no parlamento, que o grupo de trabalho criado para as questões de segurança na rede 5G já tinha concluído a sua análise.

Contactada pela Lusa sobre o tema, fonte oficial do CNCS recordou que, "na sequência da recomendação (UE) n.º 534/2019, da Comissão, de 26 de março de 2019, relativa à cibersegurança das redes 5G, foi criado um grupo de trabalho que promoveu a realização de uma avaliação de risco nacional e participou na avaliação de risco a nível europeu".

"Esse relatório foi classificado com a marca reservado, pelo que não poderá ser divulgado", acrescentou a mesma fonte.

Ou seja, desconhece-se, por exemplo, qual a avaliação que o grupo de trabalho faz dos riscos da tecnológica chinesa Huawei, que tem estado no centro da discórdia entre os Estados Unidos e a China, e que levou Washington a banir a empresa.

O tema do 5G voltou a estar em cima da mesa, com a entrevista ao Expresso do embaixador norte-americano em Lisboa, George Glass, no passado sábado, em que defendeu que Portugal tem de escolher entre os "amigos e aliados" EUA e o "parceiro económico" China, alertando que escolher a China em questões como o 5G pode ter consequências em matéria de Defesa.

Esta entrevista antecede a visita do subsecretário do Departamento de Estado para o Crescimento Económico, Energia e Ambiente, Keith Krach, que estará esta semana em Lisboa, e onde o 5G e a Huawei farão parte dos temas em análise.

O grupo de trabalho para analisar as questões de segurança no 5G e dar recomendações neste âmbito foi criado na sequência da caixa de ferramentas 'toolboox' aprovada pela União Europeia, onde estão as medidas para uma estratégia coordenada entre os Estados-membros, com o objetivo de diminuir os principais riscos relacionados com a adoção da tecnologia de quinta geração.

Na sua audição parlamentar, em julho, o ex-secretário de Estado não divulgou as conclusões do grupo de trabalho por serem "confidenciais".

Há um conjunto de preocupações que foram sendo veiculadas e que se traduz por "passarmos a ter um sistema de certificação de equipamentos, com provavelmente laboratórios nacionais em redes com laboratórios europeus - laboratórios tecnológicos que certifiquem que os equipamentos não têm lá o tal 'chipzinho' maldoso que capta a informação", bem como "por uma avaliação que, em vez de quando em quando [...], que passe a ser contínua", acrescentou, em julho, o governante.

Tal inclui que as "auditorias às tecnologias instaladas passam a ser feitas de forma mais permanente e contínua, diversificação de fornecedores - penso que é um tema muito importante que é uma coisa diferente de banir fornecedores", uma vez que "sabemos que há países que estão numa linha mais dura, talvez por força das relações privilegiadas que têm com outros países", prosseguiu, na altura.

"Como todos sabemos, isto começou com uma guerra comercial com alegações de espionagem, mas a leste e oeste eu confio mais no sistema político como o dos Estados Unidos, pese embora a sua conjuntura histórica - aqui há uns anos todos recordamos que eles andavam a espiar os 'mails' da senhora Merkel [chanceler alemã], que não era propriamente inimiga, era uma aliada", enfatizou, na altura, o governante.

Admitindo que "todos têm telhados de vidro", o secretário de Estado disse preferir "ter um equadramento europeu com um cultura de proteção de dados", que é "muito mais tranquilizadora, que está de acordo com os valores" e Constituição portuguesa.

"Espero que conclusões que foram apresentadas pelo grupo de trabalho sejam sufragadas pelo Governo", rematou.