O chefe da polícia da cidade, David Brown, disse aos repórteres na sexta-feira que os agentes "não viram outra opção a não ser usar a nossa bomba-robô" para evitar qualquer perigo depois de o atirador ter matado cinco políciass em Dallas. Brown disse que a polícia usou uma "extensão" do robô "para que ele detonasse no local onde estava o suspeito".
"Sim, este é primeiro uso do robô desta forma na actividade da polícia", afirmou no Twitter Peter Singer, do think tank New America Foundation, que dirige uma empresa de consultoria em tecnologia e escreveu sobre conflitos no século XXI. Singer observou que um dispositivo conhecido como MARCbot já tinha sido "usado desta forma por tropas no Iraque". As autoridades de Dallas não ofereceram detalhes sobre o dispositivo, mas o inventário de gestão de emergências da cidade tem registado um robô Northrop Grumman Andros projetado para esquadrões anti-bombas e militares, e alguns relatos da imprensa sugerem que este pode ter sido o dispositivo usado no assassinato.
O site da Northrop diz que o robô é "projetado para derrotar uma ampla gama de ameaças, incluindo veículos carregados com dispositivos explosivos improvisados". Matt Blaze, professor de ciência da computação na Universidade da Pensilvânia, disse no Twitter que "há muita coisa em jogo quando uma coisa destas vê o seu propósito redefinido como arma".
Independentemente dos métodos usados em Dallas, está previsto um aumento no uso de robôs, principalmente para lidar com missões potencialmente perigosas de aplicação da lei e operações militares. Um robô desenvolvido pela Universidade de Defesa Nacional da China, chamado AnBot, foi concebido para ter "um papel importante na melhoria das medidas anti-terrorismo e anti-distúrbio do país", de acordo com o seu site.
Um artigo publicado em abril na revista americana Popular Science e assinado por Singer e Jeffrey Lin diz que o AnBot está entre as várias máquinas concebidas para patrulhamento policial. "A característica mais controversa do AnBot é (...) a 'ferramenta de controlo de tumultos com carga elétrica'", afirma o artigo, ressaltando que "esta só pode ser disparada por operadores humanos remotos". "O tamanho grande do AnBot significa que ele tem dimensão para incluir outros equipamentos de aplicação da lei, como bombas de gás lacrimogéneo e outras armas menos letais", acrescenta o texto.
Outro robô desenvolvido pela startup Knightscope, da Califórnia, usa "detecção avançada de anomalias" e, de acordo com o site TechCrunch, está a ser usado para aumentar a segurança em algumas empresas de tecnologia de Silicon Valley e num centro comercial.
RoboCop revisitado?
Enquanto isso, investigadores da Universidade Internacional da Flórida têm trabalhado num TeleBot que permitiria que polícias com deficiências controlem um robô humanoide. O robô, descrito em alguns relatórios como sendo semelhante ao "RoboCop" dos filmes de ficção científica de 1987 e 2014, foi desenhado "para olhar de maneira suficientemente intimidadora e autoritária para que os cidadãos obedeçam às suas ordens", mas com uma "aparência amigável" que também o torna mais acessível, de acordo uma investigação recente.
Os programadores de robôs minimizam o potencial para o uso de força letal automatizada pelos dispositivos, mas alguns analistas dizem que é necessário debater este assunto, tanto em relação ao seu uso para policiamento como para objetivos militares. Um relatório de 2014 da ONG Human Rights Watch e do departamento de Direitos Humanos da escola de Direito da Universidade de Harvard aumentou as preocupações sobre o uso de armas totalmente autónomas nas operações de aplicação da lei. "Elas não podem ser pré-programadas para lidar com todos os cenários de aplicação da lei", disse o relatório. "E não teriam qualidades humanas, como capacidade de avaliação e empatia, que permitem que a polícia evite execuções arbitrárias ilegais em situações imprevistas".
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