
Começa o debate entre todas as forças políticas, sendo o primeiro tema o caso Spinumviva.
Luís Montenegro (AD)
"A causa direta desta eleições foi a reprovação da moção de confiança. Da minha parte, cumpri sempre as minhas obrigações e as regras. Recentemente foram me solicitados esclarecimentos suplementares, é verdade. Todos estamos sujeitos a isso, e foi isso que fiz. Fiz tudo de boa fé, dentro dos parâmetros da lei. Nunca tive nenhum incumprimento ilegal".
Pedro Nuno Santos (PS)
"É claro que Luís Montenegro não tem credibilidade e idoneidade necessária para a função de primeiro-ministro. Um primeiro-ministro não foge ao escrutínio, não evita obrigações declarativas, assume erros, não engana as pessoas. Para mim fica claro que Luís Montenegro fez tudo o que estava ao seu alcance para que informação não fosse conhecida durante as eleições”, diz, salientando também que o primeiro-ministro "falhou, deixou economia a cair, casas mais caras e o SNS num caos.
André Ventura (Chega)
"O primeiro-ministro não foi transparente e mandou o país para eleições. O primeiro-ministro não quis o escrutínio próprio", diz, desmentindo que Luís Montenegro "não é vítima de nenhuma conspiração parlamentar".
Rui Rocha (IL)
"Luís Montenegro quis meter o futuro do país nas mãos de André Ventura e Pedro Nuno Santos. Se houver mais um caso e a AD ganhar as eleições o que Montenegro faz? Leva o país mais uma vez para uma moção de confiança?"
Mariana Mortágua (BE)
"Luís Montenegro é vítima apenas das suas escolhas e da falta de noção do que implica ser primeiro-ministro. Luís Montenegro arrastou o país para esta ideia de mediocridade que é a normalização da promiscuidade entre público e privado".
Rui Raimundo (PCP)
"O que se conhecia era mais do que suficiente para que Luís Montenegro se tivesse demitido, pois tinha uma empresa do qual recebia avenças. Há uma profunda incompatibilidade entre cargo de primeiro-ministro e opções de negócio. Só quis salvar a sua imagem a a sua política".
Rui Tavares (Livre)
"Luís Montenegro ocultou informação e enganou o parlamento e o país. Montenegro quis continuar a saber quem são os clientes da Spinumviva. Acha normal ficarmos a perguntar sobre cada decisão ou concurso ganho por uma empresa que tenha sido sua cliente?"
Inês Sousa Real (PAN)
"O senhor primeiro-ministro, digo-lhe, é um grande artista, porque conseguiu tornar um problema pessoal seu num problema do país".
O segundo tema em debate é a questão da política de imigração e concretamente a notícia recente da deportação de imigrantes ilegais.
Pedro Nuno Santos (PS)
"A AIMA tem feito notificações para abandonos voluntários. Mas há um primeiro-ministro de forma propagandística que quer apropriar-se do trabalho normal da entidade competente para fazer campanha política na disputa. Nenhum primeiro-ministro revelou até agora ter prazer em anunciar que há imigrantes expulsos, como agora".
Luís Montenegro (AD)
"O PS deixou 400 mil processos pendentes, uma situação de balbúrdia".
André Ventura (Chega)
"Tanto PSD como PS têm a mesma responsabilidade neste tema, o PS falar disto é falta de vergonha. O timing deste anúncio é de um eleitoralismo deplorável, mas o PS em 2017 e em 2019 também expulsou o mesmo número de pessoas agora anunciadas. Quem está ilegal tem que sair, quem cumpre crimes neste país tem que sair e quem não sai a bem, sai a mal".
Mariana Mortágua (BE)
“Só há uma forma de conhecermos quem entra, que é regularizando as pessoas. Quem sou eu para concordar ou discordar de uma decisão administrativa? Discordo é que o primeiro-ministro faça disso propaganda. Isto arrastou toda a política para a direita com laivos de racismo e xenofobia".
Rui Rocha (IL)
"Timing e eleitoralismo são próprias agora. O PS já o fez. Queremos imigração com regras e dignidade. Quem tem trabalho, entra, quem cumpre a lei, fica. Naturalmente que quem não cumpre a lei não pode permanecer".
Rui Raimundo (PCP)
"É uma ação de campanha eleitoral do Governo. Se este anúncio de propaganda tivesse sido feito a propósito do reforço de meios para o combate às máfias, então aí sim seria de grande contributo. Andamos a responder à agenda eleitoral que Luís Montenegro nos quer impor.”
Inês Sousa Real (PAN)
"Não se deve ignorar questões como os três mil milhões de contribuições por que essas pessoas são responsáveis, mas a lei é para cumprir".
Rui Tavares (Livre)
"Não nos tomem por parvos, falando em pretensa campanha. Não brinquem connosco", disse, deixando um desafio a André Ventura: "Enquanto ele não pedir desculpa pelas pessoas que pôs no Parlamento, deveria dizer ‘envergonho-me'".
O terceiro tema deste debate é a habitação
Pedro Nuno Santos (PS)
"As políticas do governo contribuíram para casas mais caras, a AD falhou totalmente e a maioria dos jovens ficou mais longe de comprar casa. Por exemplo, num arrendamento hoje um jovem está à espera mais de seis meses para ter Porta 65. Será necessário e importante que as autarquias possam recorrer ao financiamento para construir casas que as pessoas consigam pagar. Por exemplo, o BE tem defendido controlo das rendas, é uma medida que pode ter como resultado redução das rendas".
Luís Montenegro (AD)
"A AD falhou, mas por outro lado estamos a inaugurar casas do governo do PS. Pedro Nuno Santos está a ficar a alterado. Não tivemos sequer tempo de provocar esse efeito no mercado. Estamos a atuar do lado da oferta e da procura. Passámos de 26 mil para 59 mil em construção. Do lado da procura, ajudámos os jovens portugueses a comprar a habitação. Já do lado do arrendamento, estamos a alargar o âmbito das candidaturas do Porta 65. Ninguém deu uma machadada maior no mercado de arrendamento do que o governo anterior do PS".
"Pedro Nuno Santos foi ministro das Infraestruturas e Habitação, tenho dúvidas que tenha sido ele a lançar o programa, mas dou-lhe essa borla. Foi o PS que lançou um programa que era para construir ou reabilitar 26 mil casas, mas só tinha dinheiro para cobrir investimento de 16 mil"
André Ventura (Chega)
"Mais uma vez, nesta questão da habitação, o PS falar sobre o tema é uma falta de vergonha, o PS é o responsável pelo estado da Habitação em Portugal. O PS queria ocupar obrigatoriamente as casas. O BE queria ocupar. Isso é errado. Se estamos a receber 1,6 milhões de imigrantes, não há casas para toda a gente. O que lhes dizemos é para irem viver para a rua, para estações de metro, para o parque. É preciso também acabar com a construção de casas públicas para ciganos e para quem não quer fazer nada".
Rui Tavares (Livre)
"O controlo do preço das rendas deveria fazer parte da caixa de ferramentas do governo. Houve um aumento muito grande da procura, precisamos agora de arrefecer o mercado do luxo através de uma taxação que agrave esse tipo de compra e devemos fomentar habitação para a classe média"
Rui Rocha (IL)
"É necessário construir mais e mais. Se o PS esteve mal neste capítulo, a AD piorou o problema, pois não tomou medidas do lado da oferta. O governo tem de baixar o IVA da construção para 6% e no mercado de arrendamento temos de baixar impostos para quem tem propriedade, pois estes têm medo de as pôr no mercado de arrendamento".
Paulo Raimundo (PCP)
"É preciso que haja uma estabilidade nas políticas de arrendamento, de forma a combater esta crise, por exemplo com contratos com um mínimo de 10 anos. E depois também nunca se pede nenhum esforço à banca, isto não pode continuar assim".
Inês Sousa Real (PAN)
"O problema é que os grandes partidos prometem muito em campanha, mas ficam-se por aí. Na Habitação, temos de olhar para a forma digna ou indigna como as pessoas vivem, este é um ponto que muitos não levam em consideração".
O quarto tema deste debate é a Saúde
Luís Montenegro (AD)
"Não está tudo resolvido, mas no bom caminho. Por exemplo, do plano de emergência 80% das medidas estão executadas, pelo que o balanço é positivo. Queremos mais recursos, como médicos e enfermeiros. Sem recursos humanos não há possibilidade de resolvermos os problemas mais urgentes. Também temos de tomar medidas quanto à habitação, neste caso para cativar os bons profissionais para o SNS".
Pedro Nuno Santos (PS)
"No caso da Saúde, é claro que o Governo falhou porque há mais urgências encerradas, mais utentes sem médico de família, as listas de espera estão a aumentar, etc. A verdade é que este governo tem mentido em matérias de saúde, nomeadamente porque garantiu que já não havia nenhum doente oncológico à espera de cirurgia para lá do tempo máximo recomendado. A verdade também é que temos um SNS em privatização. É preciso mudar a filosofia do SNS. Onde o SNS não está é onde as famílias portuguesas mais gastam".
Rui Rocha (IL)
"Hoje é o Dia da Mãe e o país tem tratado muito mal as mães e as grávidas. Isso tem acontecido com os governos do PS e do PSD.. Há muitos problemas na Saúde, não funcionava com PS, Pedro. E não funciona com AD, Luís. Tem de ser dada liberdade de escolha aos portugueses, nomeadamente um sistema concorrencial entre público e privado".
Rui Tavares (Livre)
"Será sempre preciso uma maior transparência entre o setor privado e o público, para que se acabe com a concorrência desleal neste último. É preciso saber quanto ganham os profissionais no setor privado para saber o que é necessário para fazer face à remuneração dos profissionais do SNS".
Paulo Raimundo (PCP)
"O SNS é o único garante do foco nas pessoas. Não pergunta quanto tem na conta, qual é a apólice do seguro, qual é a doença. É preciso investir na saúde, pois o grande problema é a falta de profissionais. O que compete a um Governo responsável é apostar, contratar e fixar os profissionais. Não temos nada contra o privado, não se pode é abrir clínicas à custa dos recursos públicos".
André Ventura (Chega)
"Os aliens da esquerda falam da Saúde como se não tivessem tido nenhuma responsabilidade na governação. Parece que três ou quatro aliens chegaram agora aqui, vieram de outro mundo e dizem que serviço está a funcionar mal, como se não tivessem tido nenhuma responsabilidade na governação em Portugal. Mas o grande falhanço deste Governo é a Saúde, neste momento há nove hospitais com urgências fechadas. Criámos um sistema para maquilhar o que estava a acontecer de errado e começaram a pedir às pessoas para fazer chamadas antes de ir às urgências".
Mariana Mortágua (BE)
"A Saúde precisa de uma solução de emergência, mas não é de agora, é de há muitos anos. Aliás, foi a falta de respostas na Saúde que motivou a rutura da ‘geringonça’. Neste momento o que está em causa é a opção entre salvar o SNS ou dar ao privado o poder de chantagear os utentes e o país".
Inês Sousa Real (PAN)
"Como sempre dissemos, o SNS precisa de mais investimento, mas mais que isso é preciso apostar na prevenção da mesma. Há enorme desinvestimento, sobretudo no setor da saúde mental".
O derradeiro tema é a Economia
Luís Montenegro (AD)
"A economia não está em contração e está a crescer. O último trimestre de 2024 teve uma taxa de crescimento muitíssimo elevada. Estamos num bom momento da economia portuguesa, com estabilidade económica e financeira. Temos de ser prudentes mas também ambiciosos. Quando propomos baixar o IRS em 500 milhões este ano, estamos a criar condições para estimular a economia".
Pedro Nuno Santos (PS)
"É uma mentira o cenário macroeconómico da AD. Se já era uma fantasia, o seu programa, agora é impossibilidade completa de ser executado. O nosso programa é mais realista e custa metade do da AD. Não prometemos tudo a todos, mas o que prometemos é para todos".
André Ventura (Chega)
"Ao contrário do que o senhor primeiro-ministro diz, a economia contraiu e o país está a pagar uma carga fiscal recorde. O programa da AD é completamente ilusório no aumento das exportações e do crescimento do PIB. Todo o modelo está errado. Nunca vamos ter um país moderno se continuarmos a sugar umas pessoas para distribuir pelos outros".
Mariana Mortágua (BE)
"É uma economia marcada pelos baixos salários, a turistificação em massa e a concentração dos lucros na Banca. Há uma necessidade extrema na descida do IVA de bens essenciais e de políticas de distribuição de riqueza".
Rui Rocha (IL)
"A próxima legislatura tem de ser a legislatura do crescimento económico, nomeadamente para os jovens e os entalados, entre 36 anos e 67 anos, que carregam o país e o esforço fiscal às costas.
Paulo Raimundo (PCP)
"É preciso coragem, clareza e seriedade para levar o país para à frente. Não podemos continuar a ser um país de baixos salários, precariedade e desregularização dos horários, no apertar daqueles que põe o país a funcionar".
Rui Tavares (Livre)
"O país está obrigado a fazer uma escolha entre o dinheiro fácil, o que vem do imobiliário de luxo, do turismo de massas ou do jogo online, e o verdadeiro enriquecimento, que passa cuidar daquilo que é nosso, valorizar a nossa força de trabalho".
Inês Sousa Real (PAN)
"Temos de aumentar competitividade da economia através da transição para uma economia verde, de forma a proteger o emprego no nosso país e aumentar a competitividade de Portugal"
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