Invasão em larga escala
Na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, determinou uma "operação militar especial" para "desmilitarizar" e "desnazificar" a Ucrânia. O seu objetivo, era defender as "repúblicas" separatistas de Luhansk e Donetsk no Donbass, cuja independência era reconhecida pela Rússia.
Moscovo lança uma invasão em grande escala, acompanhada de ataques aéreos em diferentes pontos do país, e com a entrada de tropas terrestres do leste, sul e norte, a partir da Bielorrússia, aliada de Moscovo. A ofensiva russa desencadeou uma onda de condenações internacionais.
Os ocidentais impõem uma série de sanções económicas à Rússia, endurecidas ao longo dos meses. A União Europeia multiplica os envios de armas para a Ucrânia. Os Estados Unidos fornecem milhares de dólares em ajuda militar.
Terror em Bucha
Em poucos dias, as tropas russas capturaram o importante porto de Berdiansk e a capital regional de Kherson, muito perto do Mar Negro, além de várias cidades ao redor de Kiev, no centro-norte do país.
Mas a tentativa de tomar a capital encontra resistência das forças ucranianas, lideradas pelo presidente, Volodimir Zelensky, que assume por completo o cargo de comandante-em-chefe.
No dia 2 de abril de 2022, a Ucrânia afirma que toda a região de Kiev foi libertada, após uma "rápida retirada" das forças russas que se deslocam para leste e sul com o objetivo de "manter o controlo" dos territórios que já ocupavam.
Na cidade de Bucha, corpos de civis executados a sangue frio são encontrados nas ruas. Os restos mortais de várias centenas de civis, alguns com sinais de tortura, são encontrados em valas comuns nesta cidade nos arredores de Kiev.
As imagens desses massacres atribuídos à Rússia provocam indignação entre os ocidentais e a ONU. As acusações de crimes de guerra multiplicam-se, enquanto o Kremlin nega veementemente.
A queda de Mariupol
A 21 de abril, o Kremlin anuncia a conquista de Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov, que as suas forças atacaram e bombardearam desde o início de março, deixando o local sem qualquer infraestrutura vital a funcionar como água e eletricidade.
O objetivo da tomada desta cidade foi permitir à Rússia a união entre as suas forças na Crimeia – a península ucraniana anexada por Moscovo em 2014 – e as áreas separatistas do Donbass. No entanto, cerca de 2.000 combatentes ucranianos, entrincheirados no labirinto subterrâneo da fábrica Azovstal com centenas de civis, continuavam a luta.
O batalhão Azov resistiu até meados de maio, antes de se renderem. De acordo com Kiev, Mariupol estava 90% destruída e pelo menos 20.000 pessoas morreram.
Contraofensivas ucranianas
No início de setembro, o exército ucraniano anuncia uma contra ofensiva no sul, antes de fazer um avanço surpresa e relâmpago contra as linhas russas no nordeste, forçando o exército de Moscovo a retirar-se da região de Kharkiv, palco de violentos combates.
No sul do país, a operação visou retomar o controlo de Kherson, a única capital regional que caiu nas mãos das forças russas logo no início da invasão.
Passo a passo, o exército ucraniano, com sistemas de armas ocidentais, assume o controlo de dezenas de cidades, bombardeando incansavelmente depósitos de munições e linhas de abastecimento russas na região.
A ponte da Crimeia, um símbolo forte de Putin, foi danificada por uma enorme explosão a 8 de outubro.
Apesar da anexação, no final de setembro de quatro regiões ucranianas ocupadas – Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia –, após "referendos" não reconhecidos pela comunidade internacional, as forças russas são forçadas a abandonar Kherson em 9 de novembro.
Dois dias depois, a Ucrânia retoma a cidade, "um dia histórico" saudado pelo presidente Zelensky.
Inverno rigoroso
A partir de outubro, a Rússia ataca sistematicamente centrais e transformadores elétricos ucranianos com mísseis e drones, mergulhando a população no frio e na escuridão.
Em janeiro, o exército russo, reforçado por cerca de 300.000 reservistas mobilizados desde setembro e apoiado pelos paramilitares do grupo Wagner, volta à ofensiva, particularmente no Donbass.
Os combates são intensos, principalmente nos arredores de Bakhmut, cidade no leste que a Rússia tenta conquistar desde o verão.
Depois da insistência do presidente ucraniano, e depois de terem hesitado durante muito tempo por medo de provocar uma escalada do conflito, os americanos e os europeus prometeram enviar dezenas de tanques pesados para Kiev no início de fevereiro perante o alto descontentamento do Kremlin.
Desde há meses que tanto a Rússia como a Ucrânia não apresentam um balanço fiável de perdas de tropas. Segundo a Noruega, a guerra na Ucrânia causou cerca de 180.000 mortos ou feridos nas fileiras do exército russo, e 100.000 ucranianos, sem levar em consideração as 30.000 mortes de civis.
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