Nos 22 anos do BE, 22 momentos marcantes do percurso bloquista:

- 28 de fevereiro de 1999 – Assembleia de fundação do partido

O Bloco de Esquerda nasceu, em grande parte, da união de três partidos políticos entretanto extintos: o Partido Socialista Revolucionário (PSR), a União Democrática Popular (UDP) e a Política XXI. Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas e Fernando Rosas foram os rostos mais visíveis da formação do Bloco.

No entanto, 248 pessoas subscreveram o “Começar de Novo”, a declaração fundadora de “um novo movimento capaz de se construir como alternativa na política nacional e de se apresentar aos portugueses nas eleições de 1999”.

- 10 de outubro de 1999 – Francisco Louçã e Fazenda eleitos deputados

Na primeira vez que foi a votos em legislativas, o Bloco recolheu cerca de 132 mil votos, 2,46% do eleitorado, com Francisco Louçã e Luís Fazenda a serem eleitos deputados.

Foi de pé que os dois novos deputados bloquistas estiveram durante toda a tomada de posse da Assembleia da República, em 25 de outubro desse ano, uma vez que não aceitaram a atribuição de cadeiras na quarta fila do hemiciclo e exigiram também lugares na primeira fila como as restantes forças políticas no parlamento.

- 16 de dezembro de 2001 - Eleição de uma presidente de câmara

Nas eleições autárquicas de 2001, o partido conseguiu a sua primeira vitória local: Ana Cristina Ribeiro, independente, foi eleita presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos para um segundo mandato, o primeiro nas listas do Bloco, após ter entrado em rutura com o PCP. Repetiria a vitória em 2005 e 2009.

Em 2013, quando a autarca atingiu o limite de mandatos, o Bloco perdeu a liderança da autarquia para o PS.

Nas autárquicas de 2017, o BE voltou a apostar em Ana Cristina Ribeiro – conhecida como Anita – para tentar reconquistar a autarquia, mas falhou o objetivo e o partido continuou sem qualquer câmara municipal.

- 08 de maio de 2005 - Francisco Louçã como porta-voz da Comissão Política

Da IV Convenção Nacional do BE saiu a decisão de criar o cargo de porta-voz da Comissão Política do partido, lugar assumido por Francisco Louçã, que saiu vencedor, sem surpresas, dessa reunião magna do partido.

"O Bloco é o único partido que não censura as contribuições para as moções. O único partido da democracia do século XXI, que reconhece o direito de tendência (...), o único partido que se preocupa com a transparência", afirmou Louçã.

- 11 de fevereiro de 2007 - Referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, uma das batalhas do partido desde a fundação

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?". Esta foi a pergunta do referendo que deu a vitória do "sim" ao aborto até à décima semana de gravidez.

O referendo foi pedido a nível parlamentar com os votos favoráveis de PS e BE, a abstenção do PSD e o voto contra de PCP, "Os Verdes" e CDS-PP.

O aborto foi uma das grandes bandeiras do BE desde a sua fundação.

- 07 de junho de 2009 - BE triplica representação no Parlamento Europeu

Nas europeias de 2009, o BE triplicou a presença do partido em Bruxelas: de um eurodeputado em 2004, para três em 2009.

O BE conseguiu ser a terceira força política mais votada, atrás de PSD e PS, embora com poucos votos a mais que a CDU (cerca de dois mil), ultrapassando a barreira dos 10%, naquele que foi o melhor resultado até agora em eleições para o Parlamento Europeu desde a fundação do partido.

Para Bruxelas o BE levou, assim, três eurodeputados: Miguel Portas, Marisa Matias e Rui Tavares, independente, que na própria noite eleitoral admitiu que não esperava a viagem para o centro da Europa: "não tenho as malas feitas, mas faço-as de um momento para o outro", disse ao Expresso.

- 27 de setembro de 2009 - Eleição de 16 deputados para a Assembleia da República

Nas legislativas de 2009, que reconduziram o socialista José Sócrates no poder, o Bloco recolheu mais de 557 mil votos, 9,85% do eleitorado. Elegeu 16 deputados, a maior bancada parlamentar do partido até àquela altura.

“Começa um novo dia para a esquerda”, disse Louçã na noite eleitoral, sublinhando o “resultado extraordinário” do partido, com uma subida de “mais de 200 mil votos em relação à última votação”, não havendo, segundo o bloquista, “nenhum partido que tenha subido tanto em termos percentuais”.

- 16 de janeiro de 2010 - Apoio à candidatura presidencial de Manuel Alegre

Nas eleições presidenciais de 2011, que viriam a reconduzir Cavaco Silva, o Bloco apoiou a candidatura de Manuel Alegre, ligada ao PS. O apoio foi anunciado um ano antes, em janeiro de 2010.

No sufrágio de 2006, a escolha bloquista tinha sido Francisco Louçã, que recolheu mais de 290 mil votos (5,32%).

- 05 de junho de 2011 – Bancada parlamentar reduzida a metade

Nas eleições antecipadas de 2011, convocadas após a demissão de José Sócrates, o partido perdeu protagonismo nas urnas: 288 mil votos, 4,64%, perdendo oito deputados e ficando com a bancada reduzida a metade.

Ao parlamento não chegaram figuras como José Manuel Pureza, José Soeiro, José Gusmão, Jorge Costa ou Helena Pinto (que entraria depois para substituir Francisco Louçã).

- 21 de junho de 2011 - Rui Tavares abandona delegação do BE no Parlamento Europeu

Eleito como independente em 2009, o historiador Rui Tavares abandonou a delegação do Bloco no Parlamento Europeu e transitou para os Verdes europeus.

Na altura, declarou que perdeu a "confiança pessoal e política" em Francisco Louçã. O conflito entre Tavares e Louçã começou quando o então coordenador do BE colocou uma mensagem no Facebook em que culpava Rui Tavares por ser fonte em duas notícias nas quais estava escrito que os quatro fundadores do Bloco foram Luís Fazenda, Miguel Portas, Francisco Louçã e Daniel Oliveira, quando ao invés deste último deveria estar o nome de Fernando Rosas.

Rui Tavares esteve, depois, ligado à criação do partido Livre.

- 24 de abril de 2012 – Morte de Miguel Portas

Vítima de cancro, Miguel Portas, um dos fundadores do Bloco, faleceu aos 53 anos em Antuérpia, na Bélgica, na véspera do 25 de Abril.

Em 2004, Miguel Portas foi o primeiro deputado eleito pelo Bloco para o Parlamento Europeu, sendo reeleito cinco anos depois, nas eleições europeias de 2009.

“O Bloco surge para unir forças e energias dispersas, para dar uma nova esperança a quantos se encontram desiludidos com a política que existe, onde tudo o que é importante para as nossas vidas se decide sem que sejamos ouvidos”, disse Miguel Portas numa entrevista, em 1999, ano da fundação do partido.

- 25 de outubro de 2012 - Francisco Louçã abandona parlamento

Francisco Louçã anunciou o abandono do parlamento um mês antes de sair da coordenação do partido.

"Ao longo destes 13 anos, fui eleito cinco vezes e enfrentei cinco primeiros-ministros. Disse-lhes o que lhes tinha para dizer, em nome de muita gente. Fiz 1.012 intervenções em plenário e os meus amigos lembrar-se-ão de algumas. Espero que os meus adversários também se lembrem", disse.

Para a história ficam confrontos parlamentares com Durão Barroso e, especialmente, José Sócrates.

- 11 de novembro de 2012 - Catarina Martins e João Semedo eleitos coordenadores do Bloco

Com a saída de cena de Francisco Louçã, aquele que tinha sido o único líder desde a fundação do partido, abriu-se a porta ao “tempo da renovação”, expressão usada pelo próprio numa carta dirigida aos apoiantes do BE, em agosto desse ano, aquando do anúncio de que não se recandidataria como porta-voz.

Apesar de não ter revelado logo o nome de Catarina Martins e João Semedo, nessa carta Louçã já falava de uma liderança bicéfala, algo proposto inicialmente por Miguel Portas.

Na VIII Convenção, a moção A, subscrita pela direção do partido, obteve 359 votos, o que correspondeu à eleição de 61 mandatos (76,5%) para a Mesa Nacional do Bloco, com a moção B a obter 110 votos, representativos de 19 mandatos (23,5%).

Catarina Martins e João Semedo foram eleitos coordenadores do Bloco, numa inusitada liderança "bicéfala".

- 25 de janeiro de 2014 - Ana Drago abandona comissão política do partido

A ex-deputada Ana Drago, umas das figuras mais importantes do Bloco, anunciou a demissão da Comissão Política do partido alegando "uma divergência profunda e fundamental" com a direção relativamente à estratégia que estava a ser seguida, nomeadamente pela falha de convergências à esquerda sobre as europeias desse ano.

Antes, outras figuras que divergiram da direção abandonaram mesmo o BE, como Daniel Oliveira e Gil Garcia, que fundou um novo partido, o MAS.

- 25 de maio de 2014 – Marisa Matias fica sozinha no Parlamento Europeu

Depois do mau resultado das eleições legislativas de 2011, o BE voltou a ter um fraco desempenho eleitoral nas europeias e passou dos três eurodeputados conquistados em 2009 para apenas uma, Marisa Matias, que tinha assumido o papel de cabeça de lista.

Caindo para a quinta força política, com apenas 4,56% dos votos, Marisa Matias admitiu na noite eleitoral que "não foi um bom resultado" e apontou a entrada de "forças políticas novas" como uma das justificações, numas eleições onde a surpresa foi Marinho e Pinto, que conseguiu dois eurodeputados para o MPT.

- 23 de novembro de 2014 – Convenção acaba com um empate e a liderança por definir

Num fim de semana em que as atenções mediáticas estiveram apontadas para a detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates no aeroporto de Lisboa, o BE viveu uma das convenções mais acesas, com dois dias de trabalhos que terminaram sem uma definição quanto à liderança.

Um empate entre a lista de João Semedo e Catarina Martins e a lista de Pedro Filipe Soares na eleição para a Mesa Nacional ditaram um impasse já que a coordenação da Comissão Política cabia normalmente à lista mais votada para a Mesa Nacional, o órgão máximo do partido entre convenções.

Na intervenção de encerramento da Convenção, o coordenador da Comissão Política cessante João Semedo apelou ao fim da disputa interna em nome da unidade.

"A partir da cultura de unidade, a Mesa Nacional deve definir o modelo de representação pública do partido que melhor corresponda ao debate da Convenção e ao resultado das votações que aqui fizemos. É esse o nosso apelo", afirmou então Semedo.

- 30 de novembro de 2014 – João Semedo deixa liderança e Catarina Martins passa a porta-voz

Uma semana depois do empate na convenção entre as duas listas à Mesa Nacional, esse órgão reuniu-se e aprovou a criação de uma comissão permanente – da qual fazia parte Pedro Filipe Soares - sendo a porta-voz a até então coordenadora Catarina Martins.

O modelo de liderança bicéfala foi abandonado e João Semedo deixou de ser coordenador do BE.

“Durante a semana trabalhei com outros dirigentes do Bloco, das várias moções, para a construção deste modelo. Limámos muitas arestas, aproximámos posições, conseguimos inovar e renovar. Nunca esse trabalho tinha sido feito no Bloco. Está feito, vai funcionar, sei que a minha participação não é mais necessária para que ele funcione bem. Achei, achámos todos que podia deixar a coordenação e a direção política diária do Bloco. O Bloco está mais unido, o Bloco está pronto para a luta toda. E eu lá estarei. Como sempre”, escreveu João Semedo no Facebook.

- 04 de outubro de 2015 – O melhor resultado de sempre e o acordo com o PS

Menos de um ano depois de uma luta interna acesa e na sequência de duas eleições a perder votos, o BE chegou à campanha para as legislativas com prenúncios de mau resultado.

A meio da campanha, o antigo coordenador Francisco Louçã defendeu que o BE "conseguiu relançar-se, renascer e reconstruir a sua base", numa corrida de "grande raiz popular".

Com 19 deputados eleitos, Catarina Martins falou, na noite eleitoral, do melhor resultado de sempre numas eleições", com "mais votos, mais mandatos e mais força do que nunca".

"Uma coligação de direita minoritária não será Governo em Portugal se a democracia não lhe der maioria. Pelo BE não será certamente", disse logo nessa altura, esperando a resposta dos outros partidos já que a do BE era, na sua opinião “clara”.

O acordo inédito que permitiu o apoio parlamentar de BE, PCP e PEV ao executivo minoritário do PS fez com que o Governo PSD/CDS-PP, liderado por Passos Coelho, tivesse durado apenas 28 dias, tornando-se no mais curto da história.

"O grande desafio começa agora. Pela parte do BE, seremos a garantia e o compromisso pelos salários e pensões, segurança social, saúde e educação. Haveremos de ter um país um pouco mais justo", afirmou Catarina Martins depois de o Presidente da República ter indicado o secretário-geral do PS, António Costa, para primeiro-ministro.

- 24 de janeiro de 2016 – Marisa Matias consegue o maior resultado de sempre em presidenciais da área política do BE

A eurodeputada do BE, Marisa Matias, concorreu ao Palácio de Belém e conseguiu ultrapassar a marca dos 10%, com mais de 469 mil votos, ficando em terceiro lugar na corrida que elegeu, na primeira volta, Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República.

Deixando Maria de Belém Roseira (PS) e Edgar Silva (PCP) bem longe em termos de votos, Marisa Matias assumiu, na noite eleitoral, que o objetivo da segunda volta falhou, mas garantiu que não foi a sua candidatura que correu mal.

"Os resultados também demonstraram que há uma enorme onda de esperança que está a crescer no nosso país e que está a fazer o seu caminho", disse.

Catarina Martins fez questão de assinalar que essa votação foi “o maior resultado numas presidenciais à esquerda, o maior de sempre da área política do BE".

- 17 de julho de 2018 – Morte de João Semedo

Depois de uma luta contra o cancro desde 2015, o ex-coordenador do BE João Semedo morreu aos 67 anos.

A última intervenção cívica e política de João Semedo foi pela despenalização da eutanásia, tendo organizado um livro, lançado nas vésperas do debate e votação no parlamento, intitulado "Morrer com Dignidade - A decisão de cada um", no qual reuniu depoimentos de diferentes figuras defensoras desta causa.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi outra das grandes paixões e vocações da vida de João Semedo, que juntamente com o fundador do PS e carinhosamente chamado “pai do SNS”, António Arnaut, lançou, em janeiro de 2018, um livro que serviu de base ao projeto de lei do BE para uma nova Lei de Bases da Saúde.

Depois de 30 anos de militância no PCP, João Semedo aderiu oficialmente ao BE em 04 de abril de 2007, apesar da aproximação ao partido ter acontecido três anos antes, quando integrou, enquanto independente, as listas do BE às eleições europeias de 2004, a convite de Miguel Portas, um dos fundadores do Bloco.

- 06 de outubro de 2019 – BE fixa-se como terceira força política e mantém 19 deputados

Os bloquistas chegaram às legislativas de 2019 depois de quatro anos de ‘geringonça’, nome pelo qual ficou conhecida a solução governativa na qual toda a esquerda apoiou parlamentarmente um Governo minoritário do PS.

Durante a campanha eleitoral, Catarina Martins tinha estabelecido como objetivos mais força para o BE e conseguir evitar a maioria absoluta do PS de António Costa.

A segunda meta foi conseguida - o PS venceu, mas sem maioria absoluta -, mas o primeiro objetivo não foi alcançado uma vez que o BE, apesar de manter os 19 deputados e se consolidar como terceira força política, perdeu quase 51 mil votos em relação a 2015.

Logo na noite eleitoral, a líder bloquista manifestou a disponibilidade do partido para negociações com o PS com vista a uma "solução de estabilidade" para a legislatura ou, caso esta não acontecesse, "negociações ano a ano para cada orçamento".

No entanto, dias após as eleições e depois de rondas negociais frustradas, a ‘geringonça’ não foi reeditada, com críticas do BE à decisão do PS de "recusar um modelo que deu provas de resistência face a turbulências políticas".

- 26 de novembro de 2020 – Tensões e negociações fracassadas terminam em voto contra no OE2021

Sem acordo para a legislatura, o BE, depois das negociações com o PS, acabou por, juntamente com PCP, PEV, PAN e Joacine Katar Moreira, viabilizar o Orçamento do Estado para 2020, abstendo-se no primeiro orçamento do novo Governo liderado por António Costa.

No entanto, a meio do ano, o Governo viu-se obrigado a avançar com um orçamento suplementar para responder à pandemia de covid-19, documento no qual os bloquistas voltaram a abster-se.

A história do orçamento para 2021 já foi bem diferente. As negociações entre socialistas e bloquistas foram tensas, com trocas de acusações de parte a parte.

As conversações terminaram sem as reivindicações do BE inscritas no documento nem aprovadas na especialidade, o que culminou num voto contra na votação final global, com avisos para que a “resposta de mínimos” do Governo era “desajustada às circunstâncias da crise pandémica, económica e social que o país atravessa”.

Catarina Martins diz que BE “trouxe esquerda à esquerda” nos 22 anos de história

Catarina Martins aponta “vitórias e derrotas” de um partido que “trouxe esquerda à esquerda” e “nunca ficou à espera”. Para assinalar a efeméride do partido, cuja assembleia de fundação decorreu em 28 de fevereiro de 1999, o BE fez ontem, véspera da data, um comício de aniversário com a intervenção de Catarina Martins, um encontro maioritariamente virtual que assinala também o encerramento da conferência autárquica online, que lança o debate destas eleições deste ano.

“Nos últimos 22 anos tivemos vitórias e derrotas. Mas há uma coisa que toda a gente reconhece: sem o Bloco este país seria muito diferente. O Bloco é o partido que nunca ficou à espera”, refere, à agência Lusa, a coordenadora do BE.

O partido assinala esta data a poucos meses da Convenção Nacional – que já devia ter acontecido o ano passado, mas foi adiada devido à pandemia – e num ano em que se disputam eleições autárquicas, nas quais o BE historicamente não consegue bons resultados.

Esta fase da vida bloquista é também marcada por uma relação tensa com o PS uma vez que, sem geringonça e depois do primeiro orçamento da legislatura e do retificativo terem sido viabilizados pelo BE, as negociações para o Orçamento do Estado para 2021 trouxeram uma rutura com os socialistas e um voto contra no documento.

Catarina Martins elenca algumas das bandeiras pelas quais o partido se bateu “mesmo quando alguns se opunham e outros hesitavam”, como direitos LGBT, descriminalização do aborto, combate à violência doméstica ou despenalização da morte medicamente assistida.

“Se há coisa que estes 22 anos nos ensinaram é que pode demorar, pode ser preciso insistir uma e outra vez, mas os avanços pela liberdade acabam sempre por vencer”, defende.

Na perspetiva da líder bloquista, “mesmo quando alguns acham que é no mal menor que se vence a crise”, o BE lutou pelo salário, pela pensão, pelas escolas e pelos hospitais públicos, sem hesitações, assegura, na defesa dos trabalhadores precários, na proteção do SNS e na justiça fiscal.

“Se a elite económica anda há 22 anos incomodada com o Bloco é porque fizemos o nosso trabalho”, afirma.

As mais de duas décadas de história, de acordo com a líder bloquista, provam que o partido “trouxe esquerda à esquerda”.

“Nem sempre foi fácil, mas tenho um orgulho enorme neste caminho”, conclui.

Na domingo passam 22 anos desde o nascimento do BE, uma nova força política que resultou em grande parte da união entre três partidos, entretanto já extintos: Partido Socialista Revolucionário (PSR), União Democrática Popular (UDP) e Política XXI.

Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas e Fernando Rosas foram os rostos mais visíveis da formação do Bloco.