Os relógios vão adiantar, no domingo, uma hora quando for 01:00 no continente e na Madeira e 00:00 nos Açores, dando início ao horário de verão, que vigorará até 28 de outubro.

“Esta mudança, decidida pela primeira vez com o argumento da necessidade de poupança energética, preocupa atualmente especialistas”, que se reuniram para refletir e estabelecer algumas diretrizes, disse à agência Lusa Miguel Meira e Cruz, coordenador da Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa.

Meira e Cruz, que faz parte do Grupo de Consenso sobre o Impacto da Mudança da Hora, juntamente John Fontenelle Araujo (Brasil), Dário Acuña-Castroviejo e Eduard Estivill (Espanha), e Masaaki Miyazawa (Japão), analisaram os impactos da mudança da hora na saúde, na sequência do II Encontro Latino-Americano e 1º Congresso Português de Cronobiologia e Medicina do Sono.

O especialista português alertou para “os riscos” desta mudança, “mesmo numa amplitude aparentemente inofensiva”, que podem ser “um drama real e determinante de problemas irresolúveis” para algumas pessoas e lembrou estudos recentes que, embora controversos, apontam um aumento do número de enfartes.

“Quando exigimos uma alteração horária repentina esquecemos que os relógios existentes em todas as células do organismo não têm capacidade de se adaptar de imediato”, salientou.

Masaaki Miyazawa, imunologista e diretor da Escola de Ciências Médicas da Universidade de Kindai, salientou que “influência das alterações circadianas nas células ‘natural killer’”, uma primeira linha da resposta imunitária.

“É consensual que a expressão destas moléculas citotóxicas e a atividade” destas são mais elevadas durante a manhã e diminuem durante a noite.

“Sabemos que a alteração horária frequente, como sucede em circunstâncias da mudança da hora aumentam a incidência de cancro do pulmão em modelo animal através destes mecanismos”, sublinhou Miyazawa, adiantando que estas transições podem afetar, pelo menos de forma temporária, o sistema imunitário com compromissos diversos na saúde.

Um estudo publicado em 2017 pelo neurologista brasileiro Fontenelle Araujo, que envolveu 5.631 pessoas, concluiu que cerca de metade das pessoas sente de alguma forma o impacto da mudança da hora.

Destas, metade é afetada durante a primeira semana, cerca de um quarto (27%) durante todo o mês e 23% não recupera durante o horário de verão, sendo as mulheres e os vespertinos aqueles que apresentam mais queixas.

Dario Castro-Viejo, do Instituto Internacional de Melatonina, sublinhou que as repercussões da alteração da hora na saúde incluem alterações de sono, do estado de ânimo e de capacidades cognitivas como a memória e de certas capacidades psicomotoras.

“Na maioria das pessoas, o relógio biológico central procurará adaptar-se em quatro a seis dias, a partir do qual voltaremos a funcionar adequadamente”, explicou Castro-Viejo.

Segundo Eduard Estivill, de Barcelona, as crianças mais novas são mais vulneráveis à mudança da hora, pelo que devem ser realizadas alterações de forma progressiva.

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