Um dia depois do chumbo da moção de confiança na Assembleia da República, e perante um quadro quase certo de eleições legislativas, as terceiras num espaço de três anos, Rui Miguel Nabeiro, CEO do grupo Nabeiro Delta Café e Presidente da Câmara de Comércio e Indústria portuguesa, mostrou-se preocupado com a situação política nacional, ainda para mais num quadro de incerteza política e económica no contexto europeu e mundial.

“No momento em que a Europa atravessa um momento de bastante incerteza, até na relação com os Estados Unidos, vejo com alguma preocupação esta situação que ontem vimos (moção de confiança chumbada)”, disse em declarações aos jornalistas à margem da apresentação, em Lisboa, da nova edição café Amboim, produzido por 12 mulheres em Angola e que representa uma parceria com a Associação das Mulheres Empreendedoras de Porto Amboim, província do Cuanza Sul, Angola, integrado no projeto The Impossible Coffees.

“Não sei se era possível ser evitável ou não, não me compete a mim avaliar isso”, adiantou. “Penso que todos sabemos, e não deixa de ser um clichê, mas é verdade, a instabilidade não é muito amiga da economia”, disparou o presidente executivo do Grupo Nabeiro Delta Cafés.

“Num momento em que vivemos uma incerteza internacional, de facto, não vejo com bons olhos toda esta situação e vejo com alguma preocupação”, reforçou. “Tudo aquilo que não precisávamos no nosso país neste momento era numa situação como esta”, exclamou.

Questionado sobre se os empresários poderiam, ou deveriam, ser consultados nesta matéria tão sensível, da mesma forma que é convocado um Concelho de Estado, ou mesmo terem uma voz ativa nesse órgão consultivo, Rui Miguel Nabeiro foi evasivo.

“Não sou político, sou empresário, mas não deixo de ter um papel como Presidente da Câmara de Comércio e Indústria portuguesa e, portanto, é por aí, não que a Câmara de Comércio seja um fórum dos empresários para falarem sobre política, a Câmara de Comércio não tem esse papel, há outras federações e associações que o fazem, mas era importante, porque, de facto, vivemos numa economia de mercado, as empresas são quem criam valor, pelo menos, eu acredito assim”, sublinhou.

“Agora, na verdade, vivemos numa democracia, portanto, a opinião é o que é e depois quem conta é o voto do povo e, portanto, pouco posso acrescentar sobre isso”, finalizou.