Em três dias, Trump vai estar na Flórida, na Pensilvânia e no Iowa, uma jornada exigente para o presidente americano de 74 anos, que diz estar "imune" à covid-19 dez dias após testar positivo para o coronavírus e interromper a sua campanha para a reeleição.

No regresso à arena eleitoral, Trump deverá tentar estimular a sua base eleitoral, nomeadamente com a escolha da juíza conservadora Amy Coney Barrett para preencher uma vaga no Supremo Tribunal.

O Senado, controlado pelos republicanos, iniciou nesta segunda-feira a audiência da juíza de 48 anos, cuja confirmação, praticamente garantida, vai tornar a suprema instância de justiça do país mais conservadora nas próximas décadas.

"Parece que estou imune, não sei, talvez por muito tempo, talvez por pouco tempo, talvez por toda a vida. Ninguém sabe realmente, mas estou imune", afirmou o presidente americano no domingo.

"Têm um presidente imune (...) Hoje têm um presidente que não precisa de se esconder na cave como o adversário", acrescentou, referindo-se a Biden.

Trump chegou a afirmar, numa mensagem de áudio para os seguidores, que deu "totalmente negativo" para o vírus, uma declaração que não foi ainda oficializada.

A questão da imunidade à covid-19 ainda não está clara, pois os especialistas não sabem exatamente quanto tempo dura ou o nível de proteção oferecido pelos anticorpos.

Em agosto, investigadores de Hong Kong anunciaram que tinham descoberto o primeiro caso comprovado de reinfecção, alguns meses após a recuperação do paciente.

Numa breve mensagem no sábado à noite, o médico Sean Conley disse que não havia mais risco de o presidente transmitir o vírus a outras pessoas. "Antecipo um regresso totalmente seguro do presidente aos seus compromissos públicos", escreveu.

"Alta total e completa dos médicos da Casa Branca ontem. Isto significa que não posso ter o vírus (imune) e não posso transmiti-lo. É muito bom saber disso!", escreveu Trump, no Twitter, no domingo. Pouco depois, o Twitter sinalizou a publicação, por violar as regras da rede social sobre a divulgação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais em relação à covid-19.

O ex-empresário nova-iorquino, que constantemente apresenta Biden, de 77 anos, como um fantoche manipulado pela ala esquerda de seu partido, também deu a entender que o seu rival pode estar doente.

"Se olharem para Joe, ele estava tossindo terrivelmente ontem [sábado]", disse ele. "Não sei o que isso significa, mas a imprensa não tem falado muito sobre isso", acrescentou.

Depois que do anúncio de que o presidente tinha contraído a covid-19, assim como a mulher, Melania Trump, a equipa de campanha de Biden publica os resultados dos testes que o candidato faz diariamente. Até agora, todos os testes foram negativos.

Em contraste, há menos transparência em torno do presidente americano, já que a sua equipa médica se recusa a dizer quando Trump deu negativo pela última vez.

ESta postura alimenta as suspeitas de que o presidente americano não se submetia a um teste há vários dias antes de anunciar, em 1 de outubro, que tinha contraído o novo coronavírus.

No momento em que o número de mortos pela pandemia ultrapassa 214.000 no país, Biden está quase 10 pontos, em média, à frente de Trump nas sondagens nacionais, e também consolidou a vantagem na intenção de voto nos estados decisivos para a eleição.

Face a estes números, Trump evoca, mais do que nunca, o fator surpresa de 2016, em busca de repetir a História. Num tweet matinal, citou Nate Silver, especialista em estatística eleitoral, quando disse: "A vitória de Trump em 2016 foi o evento político mais impactante da minha vida".

"Desta vez há mais ENTUSIASMO até do que em 2016", acrescentou. "Ganhar em muitos estados com muito mais facilidade do que as pessoas entendem. GRANDES MULTIDÕES!", assegurou, reforçando a mensagem com o recurso habitual à escrita de palavras em letras maiúsculas.