Joana Bordalo e Sá afirmou à agência Lusa que esperava que, a 39 dias de acabar a negociação, “se estivesse verdadeiramente a negociar a grelha salarial”, a medida que vai permitir fixar mais médicos no SNS.
“Nós não temos um problema de falta de médicos em Portugal, temos um problema de falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde”, afirmou.
A presidente da FNAM disse que “o tema principal das grelhas não foi sequer abordado” na reunião, que contou com a presença do ministro da Saúde, Manuel Pizarro e do secretário da Saúde, Ricardo Mestre, o que se reflete, por exemplo, nos concursos que estão a decorrer para recém-especialistas que podem acabam por não aceitar as vagas, porque “não conseguem ver nas atuais condições de trabalho, uma perspetiva de um trabalho digno”.
“Neste momento, a nossa paciência está mesmo a esgotar-se e, por agora, vamos aconselhar os nossos médicos a não aceitar fazer mais horas extraordinárias do que as 150 obrigatórias por ano, um limite ultrapassado todos os anos, dada a enorme carência de serviços e já ultrapassado por muitos médicos", disse, sublinhando que “as pessoas estão esgotadas e não conseguem dar nem mais uma hora”.
Joana Bordalo e Sá advertiu que "não está descartada a hipótese de avançar com novas formas de luta, nomeadamente a greve nos meses de verão”.
Segundo a líder sindical, "a FNAM está a fazer de tudo para levar a negociação a bom porto”, adiantando que entregou as suas próprias propostas em relação às grelhas salariais e às condições de trabalho.
“É uma questão de haver vontade por parte do Ministério da Saúde de ouvir as nossas propostas e concretizá-las. Nós continuamos de boa-fé e a negociar”, assegurou.
A presidente da FNAM referiu que, apesar terem sido registados avanços relativamente à generalização do modelo B das Unidades de Saúde Familiar, não foram apresentados quaisquer documentos, sobre este ou qualquer outro assunto, e diz não compreender “qual o verdadeiro objetivo deste sucessivo adiamento” da discussão dos temas fundamentais para os médicos.
“Há um compromisso por parte de Manuel Pizarro de generalizar o atual modelo B das USF [Unidades de Saúde Familiar] para todos os cuidados saúde primários, que a Federação Nacional dos Médicos entende que é uma medida que será positiva, mas que não chega só demonstrar esta intenção com palavras, ou seja, para isso ser concretizado, era preciso que nos tivessem apresentado também uma proposta por escrito atempadamente e isso não foi feito”, disse Joana Bordalo e Sá.
A FNAM também tem a sua própria proposta, que vai fazer chegar ao Ministério da Saúde, disse Joana Bordalo e Sá, que criticou a forma como o Ministério da Saúde tem organizado estas reuniões, com a apresentação da ordem de trabalhos na noite anterior, sem nenhum documento de apoio.
A próxima reunião ficou agendada para 02 de junho, esperando a FNAM que “o Ministério da Saúde apresente, finalmente, uma proposta para melhorar as condições de trabalho dos médicos”.
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