Manuel Clemente falava, em declarações aos jornalistas, antes de presidir à missa da 31.ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, na Cantina da Cidade Universitária, em Lisboa.

"Concordo absolutamente com o Presidente da República no sentido da urgência da resolução [da questão dos sem-abrigo]", afirmou, ressalvando que se trata de "um problema quase estrutural", visível sobretudo nas grandes cidades, cuja "resolução não é fácil".

Segundo o cardeal-patriarca, o "problema das pessoas sem-abrigo" é um problema da sociedade.

"Quando elas estão desabrigadas, é a própria sociedade que está desabrigada também", sustentou, realçando "a vontade reforçada da parte das autoridades", como chefe de Estado, Governo e autarquias, para que o assunto "não saia da agenda, não adormeça entre tantos outros problemas que há para resolver".

A 31.ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz começou na sexta-feira e termina hoje.

Na sexta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que visitou o evento, afirmou que "há mais esperança" para acabar com a situação das pessoas sem-abrigo, realçando que a Câmara Municipal de Lisboa "tem um plano próprio de 400 habitações até 2023", que foi aprovado na quarta-feira.

O chefe de Estado reiterou, em declarações em novembro ao lado da ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que Portugal deve resolver a problemática dos sem-abrigo até 2023, apontando a habitação, a saúde e a reinserção social e profissional como áreas prioritárias de atuação.

No mês passado, numa noite em Lisboa, em que ajudou a distribuir refeições na rua, Marcelo Rebelo de Sousa pediu respostas mais rápidas para a integração das pessoas sem-abrigo. Há um ano, já tinha apelado a uma "mobilização nacional" para a resolução do problema.

Na segunda-feira, o Governo entregou no parlamento a proposta de lei do Orçamento do Estado para 2020, que prevê um reforço de 7,5 milhões de euros no apoio aos sem-abrigo.

Em 2018 havia em Porugal 3.396 pessoas sem teto ou sem casa, segundo as estimativas mais recentes citadas em novembro pela ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que prometeu para 2020 o funcionamento de uma plataforma para monitorização e acompanhamento em tempo real dos sem-abrigo.

(Artigo atualizado às 17:13)