“Abrir o aeroporto é suicidário, porque nós perdemos não só o controlo dos potenciais focos de pandemia, como perdemos também a monitorização dessas pessoas que entram na Madeira”, afirmou Miguel Albuquerque, à margem de uma visita à Casa do Povo de Santo António, uma das freguesias do Funchal que desde o dia 23 de março têm, em colaboração com outras instituições, confecionado e distribuído refeições a pessoas em dificuldades.

O governante madeirense rejeitava assim a pretensão de alguns agentes turísticos que “atravessam dificuldades e já estão a dizer para abrir o aeroporto”.

O governante defendeu a necessidade de haver “equilíbrio entre economia e saúde pública”.

“Isto significa que a reabertura de uma atividade que para nós tem um peso fundamental na economia e emprego, como é o turismo, que representa 26% do Produto Interno Bruto (PIB), tem de ser assegurada em termos de segurança”, disse.

Por isso, realçou, o executivo vai “investir nos testes e só entram na Região Autónoma da Madeira as pessoas que tenham um teste negativo com prazo de 72 horas”, pois esta é “a única forma de fazer uma retoma gradual da indústria turística, através da segurança”.

Esta segurança é viabilizada também pela medição de temperatura à chegada e pela aplicação informática, de instalação facultativa, que permite acompanhar a evolução da situação dos passageiros desembarcados.

Miguel Albuquerque lembrou que quem não faz o teste antes de chegar ao arquipélago pode fazer à chegada e tem o resultado em menos de 12 horas.

“Vamos começar a montar as estruturas no aeroporto para as diversas linhas de concretização dos testes e tudo estará pronto no dia 01 de julho”, frisou.

A região está a aguardar pela a assinatura de um “protocolo com um instituto de Lisboa para as pessoas que quiserem poderem fazer os testes” na capital, com os custos suportados pelo arquipélago.

“Esta é que também é uma facilidade que damos e é importante para a mobilidade e industria turística na região”, declarou.

A Madeira registou na quinta-feira, depois de 43 dias sem novos infetados, um novo caso positivo de covid-19, registando um total de 92 doentes. Dois casos estão ativos, com alojamento em unidade hoteleira, sem necessidade de cuidados hospitalares.

O novo caso refere-se a um passageiro oriundo de Lisboa.

“Isso significa o quê? Que, ao contrário do que andam a apregoar por lá, a situação da pandemia não está controlada ao nível do continente, sobretudo na região de Lisboa”, salientou.

Portugal regista hoje mais três mortos relacionados com a covid-19 do que na quinta-feira e mais 375 infetados, a maioria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Os dados da DGS indicam um total de 1.527 mortes relacionadas com a covid-19 e de 38.464 casos confirmados.