
A cineasta e ativista Abigail Disney, neta de Roy O. Disney e sobrinha-neta de Walt Disney, voltou a dar nas vistas com duras críticas à classe bilionária a que ela própria pertence. Aos 65 anos, continua a lutar contra aquilo que considera ser uma ameaça às democracias: a concentração extrema de riqueza. “Qualquer bilionário que não consiga viver com 999 milhões de dólares é um tipo de sociopata”, afirmou em entrevista ao The Guardian.
Durante a conversa, partilhou a sua preocupação face à ascensão de Donald Trump, ao poder crescente de Elon Musk e ao ambiente político que classifica como “caótico”. Para ela, o problema é sistémico e começa na forma como os EUA veneram a riqueza e os seus detentores.
Sobre Trump, foi particularmente incisiva. "É um herdeiro. Absorveu a ideia de que tinha dinheiro porque era especial. A infância dele é uma lição sobre tudo o que não se deve fazer na educação de uma criança".
E não poupou Musk: acusou-o diretamente de ser responsável por cortes em programas de ajuda internacional, nomeadamente o PEPFAR, um plano de combate à SIDA que salvou milhões de vidas. "Há crianças com HIV hoje que não deviam estar infetadas".
Embora critique os bilionários, Abigail Disney não esconde que está nessa categoria. Mas faz questão de sublinhar que a sua fortuna resulta de "algumas particularidades do sistema fiscal, sorte e avós muito amorosos". Desde os seus 20 anos, decidiu doar grande parte do seu dinheiro. Estima-se que tenha já oferecido cerca de 70 milhões de dólares a causas relacionadas com mulheres em situação de vulnerabilidade.
É também membro dos Patriotic Millionaires, uma organização americana composta por milionários que defendem uma maior carga fiscal sobre os mais ricos. O seu ativismo tem-se estendido à luta por melhores condições laborais para os trabalhadores dos parques temáticos da Disney, aos quais continua ligada enquanto acionista, embora com pouca influência prática nas decisões da empresa.
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