Um catamarã da Soflusa, um 'ferry' que faz a travessia entre Lisboa e a Margem Sul, embateu no cais do Terreiro do Paço, na baixa da capital, por volta das 8:30 da manhã desta quarta-feira.

O capitão Paulo Isabel, em declarações à imprensa, confirmou a existência de 34 feridos ligeiros, na sequência deste acidente, que, alegadamente, terá sido provocado pela "fraca visibilidade", que impediu um cálculo correto da distância da embarcação ao cais, assim como da "velocidade usada pelo mestre da embarcação".

As primeiras informações davam conta de 33 feridos, mas o balanço final é de 34, adiantou capitão Paulo Isabel, acrescentado que "apenas um evidenciava uma fratura". Os feridos foram transportados para os hospitais de Santa Maria, São José e São Francisco Xavier e uma senhora para a Maternidade Alfredo da Costa. "Eram 32 senhoras e dois homens", acrescentou.

Questionado sobre as condições em que aconteceu este acidente, o capitão indicou que "as evidências são que a embarcação embateu contra o cais com violência e que havia muito nevoeiro. O nevoeiro prejudica a visibilidade, a tomada de decisão e acreditamos que terá sido essa a situação. No entanto, esta situação será avaliada num processo de averiguações para se tirarem conclusões envolvendo todos os interveniente. Já foi ouvido o mestre, será ouvida a tripulação e testemunhas, para conseguirmos depois indicar cabalmente qual foi o motivo. Estas embarcações têm radares, que são auxiliares de navegação, e muitas vezes em curtas distâncias estes radares induzem em erro e, portanto, estas aproximações ao cais têm de ser feitas com muita precaução. (...) Certamente o comandante não quereria usar aquela velocidade se tivesse uma visibilidade que lhe permitisse tomar a decisão correta".

Em declarações ao início da manhã, Paulo Isabel afirmou que o elevado número de feridos está relacionado com a violência do embate e com o facto de as "pessoas se encontrarem de pé".

“Todos sabemos que as embarcações embatem mais devagar ou com mais força no cais, este foi um embate muito forte, as pessoas não estão preparadas, muitas delas não estão agarradas a sítio nenhum e depois são projetadas. Neste acidente, se as pessoas estivessem nos seus lugares, os danos teriam sido muito menores.”, disse o comandante que aproveitou a presença da comunicação social para deixar o apelo, "nunca se devem [os passageiros] levantar dos seus lugares antes da embarcação estar atracada”.

O comandante da capitania de Lisboa descartou ainda a existência de feridos graves, referindo apenas que alguns destes foram imobilizados por apresentarem dores.

O capitão revelou ainda que “estiveram alguns bombeiros voluntários equipados com fatos de mergulho para o caso de ser necessário recolher pessoas que tivessem caído à agua", mas que tal não foi necessário.

Já a embarcação ficou com "alguma mossa" do lado direito, devido ao choque com o cais, mas, segundo o comandante, os estragos não comprometem "a integridade da embarcação". "Pela avaliação que fiz superficialmente, o embate foi ao nível das superestruturas, ou seja acima da linha da água, muito acima da linha de água", disse.

Uma comissão de inquérito para apurar as causas do acidente

José Barragão, administrador da Transtejo e Soflusa já informou que será nomeada uma comissão de inquérito para apurar as causas do acidente. “Eventualmente a situação do nevoeiro terá sido uma das causas prováveis", disse sublinhando que o piloto "é um homem muito experiente", assim como a tripulação. Foi feito, inclusive, o teste de alcoolemia
para despistar todos os cenários. "Acusou zero", revelou.

Em relação à embarcação envolvida no acidente, Barragão diz que esta "embateu num pontão na doca da marinha", rejeitando a possibilidade de qualquer problema com o catamarã. “É um navio que está em perfeitas condições, com certificado de navegabilidade, como todos os navios da Transtejo, com todas as operações de manutenção em dia".

José Barragão adianta ainda que as ligações fluviais mantém-se.

Na embarcação, vinda do Barreiro, vinham 561 passageiros e quatro tripulantes.

Neste momento a situação já está regularizada, já não se encontram no local ambulâncias.

(Notícia atualizada às 11h37: atualizado o número de feridos e colocadas imagens do local e das operações de socorro.)