“É uma grande preocupação para o ACNUR, porque reduz a capacidade da população de fugir da violência e procurar segurança”, disse a porta-voz da agência das Nações Unidas, Rula Amin, numa conferência de imprensa realizada em Amã para jornalistas em Genebra.

Amin recordou que um quinto da população libanesa (aproximadamente um milhão de pessoas) abandonou as suas casas devido ao conflito e que cerca de 430 mil pessoas atravessaram a fronteira do Líbano para a Síria, 70% das quais são refugiados sírios e o resto libaneses.

Foram ainda detetados até 19 mil refugiados libaneses que atravessaram o sul da Síria e chegaram ao Iraque, destacou a mesma fonte.

A porta-voz adiantou que um desses ataques de Israel aconteceu hoje de manhã, obrigando ao encerramento da passagem de Jusiyah, no norte, e outro nas últimas horas na rota de Masna, a principal passagem fronteiriça entre o Líbano e a Síria, por ligar por estrada as capitais dos dois países, Beirute e Damasco.

“Aconteceu a 500 metros do escritório de imigração e a cratera podia ser vista das instalações construídas pelo ACNUR para que as pessoas pudessem descansar enquanto a papelada era tratada”, explicou.

Estes ataques, observou Amin, agravam uma crise de refugiados e deslocados que começou há um ano, mas que se agravou em setembro com a intensificação das hostilidades entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah.

“A maioria dos deslocados está dentro do Líbano, para onde as pessoas fogem até de cidades que antes eram consideradas seguras como Tiroh, mas que agora sofrem ataques intensos”, sublinhou a responsável do ACNUR.

“Testemunhamos uma enorme devastação nas cidades fronteiriças, mas também em cidades como Tiroh ou Nabatieh, onde a possibilidade de pessoas deslocadas e refugiados poderem regressar às suas casas após o conflito está fortemente ameaçada”, adiantou.

Amin salientou que os abrigos para deslocados que as autoridades libanesas criaram nas escolas e noutras instalações já estão lotados, pelo que muitas pessoas têm grande dificuldade em encontrar locais seguros dadas as suas dificuldades económicas.

“Os refugiados sírios e outras famílias vulneráveis não têm outra escolha senão dormir ao ar livre”, concluiu.