“Está na altura de se tomar uma decisão, isso não pode ser adiado durante mais tempo”, afirmou Scholz numa conferência de imprensa em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, cujo país se opõe veementemente ao acordo.
“Agora, é o momento para dizer ‘sim’ a qualquer coisa que represente uma solução boa e razoável”, acrescentou Scholz, que efetuou hoje a sua primeira visita a Jerusalém enquanto chefe do Governo alemão.
Ao seu lado, Naftali Bennett disse acompanhar as negociações em Viena “com preocupação”, por considerar que um acordo que torne possível a instalação de centrifugadoras “em grande escala no espaço de alguns anos” não será “aceitável” para o Estado hebreu.
Israel, que considera Teerão e o seu programa nuclear uma ameaça à sua segurança e à do Médio Oriente, “saberá defender-se e garantir a sua segurança e o seu futuro”, assegurou.
Bennett disse recentemente temer que o possível acordo seja “mais frágil” que o concluído em 2015.
Nos últimos dias, os negociadores deram conta de progressos nas conversações destinadas a salvar esse acordo concluído entre o Irão, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha.
O desafio é fazer regressar ao acordo os Estados Unidos, que dele se retiraram em 2018, durante a Presidência de Donald Trump, e reimpuseram sanções ao Irão.
Em resposta, Teerão quebrou os compromissos assumidos no texto do acordo relacionados com as suas atividades nucleares sensíveis.
O acordo de 2015 permitiu, até à retirada norte-americana, o levantamento de sanções económicas internacionais à República Islâmica. Em troca, esta deveria respeitar as restrições impostas ao seu programa nuclear, destinadas a impedi-la de dotar-se da bomba atómica, intenção que sempre negou ter.
Israel opôs-se ao acordo, porque, na sua opinião, o levantamento das sanções previsto no texto permitia a Teerão armar-se mais.
Teerão declarou no sábado esperar “decisões políticas” do Ocidente para concluir as conversações, acrescentando que a invasão da Ucrânia por Moscovo não deve afetar o processo negocial, porque “não há qualquer ligação entre as duas questões no plano diplomático”.
A visita de Olaf Scholz ocorre na altura em que as forças russas prosseguem a ofensiva lançada a 24 de fevereiro na Ucrânia, levando Berlim a suspender a certificação do controverso gasoduto germano-russo Nord Stream 2 e a fornecer armas a Kiev.
Scholz assegurou na terça-feira que novas sanções serão “com certeza adotadas contra a Rússia”.
“Sob a sua liderança, a Alemanha representa atualmente um pilar de estabilidade, de comando e de responsabilidade na Europa”, elogiou Naftali Bennett em Jerusalém.
Israel adotou uma posição mais cautelosa sobre o conflito, destacando as suas boas relações com a Ucrânia e a Rússia, principais origens da imigração judaica para Israel. A Rússia tem, além disso, tropas na Síria, país vizinho em guerra.
“Nós temos uma política muito comedida e responsável, cujo objetivo é ajudar o povo ucraniano e fazer o que pudermos para aliviar algumas das pressões e das consequências desta horrível situação”, declarou Bennett na conferência de imprensa conjunta com Scholz.
Em seguida, o primeiro-ministro israelita falou por telefone com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela segunda vez desde a invasão russa iniciada na passada quinta-feira, e acordaram “manter uma comunicação contínua”, segundo o seu gabinete.
Cem toneladas de ajuda humanitária, incluindo sistemas de purificação de água e material médico, estão a ser enviadas para a Ucrânia por Israel que, segundo a imprensa nacional, recusou fornecer armas a Kiev.
Em Jerusalém, Scholz reuniu-se também com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, e visitou o parlamento israelita.
Invocando como justificação a crise ucraniana, adiou uma visita agendada para a Cisjordânia, onde iria nomeadamente avistar-se com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, segundo a representação alemã em Ramallah.
Comentários