“Todo um conjunto de condições que devem ser exploradas, que devem ser trabalhadas e, nomeadamente, com transparência mostrar boas práticas que equiparem aquilo que é feito pelos agricultores europeus e que é feito pelos agricultores noutros pontos do mundo”, afirmou, na segunda-feira, à Lusa, Maria do Céu Antunes, em Brasília, após uma reunião com o homólogo brasileiro, Carlos Fávaro.

Ainda assim, a ministra da Agricultura frisou que “Portugal sempre demonstrou a sua concordância a este acordo”.

“Nós achamos mesmo que a União Europeia, não sendo autossuficiente”, tem de “criar as relações sólidas com outros países, com outros estados”, disse.

“Nós defendemos que o acordo seja feito o mais rápido possível, mas também há espaço para, do ponto de vista bilateral, as coisas venham a acontecer”, acrescentou.

Maria do Céu Antunes esteve no Brasil desde quinta-feira, com um agenda que incluiu, entre outros, encontro com empresas do setor agroalimentar no Consulado-Geral de Portugal em São Paulo, reunião com responsáveis da Confederação Nacional de Agricultura, num evento de promoção de vinhos portugueses e, em Brasília, uma reunião com Carlos Fávaro.

Numa destas reuniões, de acordo com um comunicado da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) do Brasil, a diretora de Relações Internacionais, Sueme Morri, relatou “a preocupação do agro brasileiro com as legislações europeias discutidas à margem do acordo, como a Lei Antidesmatamento”.

“É muito importante ter um parceiro como Portugal apoiando um acordo ao qual nem todos os países do bloco são favoráveis. Os laços históricos que os dois países compartilham reforçam esse relacionamento”, acrescentou a responsável brasileira, de acordo com a mesma nota.

Também na segunda-feira, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, disse que aproveitará o encontro na quinta-feira com o homólogo francês, Emmanuel Macron, para discutir as exigências ambientais da União Europeia (UE) nas negociações com o Mercosul.

“Vou almoçar com Macron e eu quero discutir com Macron a questão do parlamento francês que aprovou o endurecimento do acordo Mercosul e União Europeia”, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva no seu programa semanal nas redes sociais e na TV Brasil, antes de embarcar para o périplo europeu que se inicia hoje e no qual se reunirá também com o Papa Francisco e o Presidente de Itália, Sergio Matarella.

“A União Europeia não pode tentar ameaçar o Mercosul, de punir o Mercosul, se não cumprir isso ou aquilo. Se somos parceiros estratégicos vocês não têm que fazer ameaça. Isso eu vou conversar muito com o Presidente de França”, frisou Lula da Silva.

Estas afirmações acontecem numa altura em que a UE aguarda contrapropostas do Mercosul (do qual fazem parte Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) ao instrumento de garantias ambientais proposto pelos europeus nas novas negociações do acordo comercial que ambos os blocos assinaram em 2019 e que está pendente de ratificação.

Enquanto a UE exige garantias de que não importará produtos do Mercosul que contribuam para a desflorestação ou para as alterações climáticas, alguns membros do Mercosul, como o Brasil, pedem para renegociar o que já foi acordado sobre compras governamentais.