Adeline Roldão-Martins é candidata às eleições legislativas francesas de 11 e 18 de junho pelo partido União dos Democratas e Independentes (UDI) e ainda que este partido apoie o candidato da direita, François Fillon, para as presidenciais, ela preferiu apontar o seu voto para o antigo ministro da Economia do governo socialista.
"Decidi apoiar Emmanuel Macron no início do ano por causa do que aconteceu em torno de François Fillon. O partido UDI apoia o François Fillon, mas não é a minha conceção da política. A minha conceção da política é, em primeiro lugar, ser exemplar", disse à Lusa a lusodescendente de 34 anos.
Adeline Roldão-Martins elencou como principais medidas de Macron a "exemplaridade e a moralização da vida política", "a sua conceção da laicidade" e "a política para a educação", sublinhando que "uma boa decisão não é de direita nem de esquerda" e que "é ao reunir as competências que se avança".
A gerente de uma empresa no aeroporto de Charles de Gaulle, em Paris, considerou que "a situação social em França" é como "uma panela no fogão" em que "as pessoas estão umas contra as outras" e que "esta campanha presidencial é deplorável".
"As questões de fundo foram muito pouco tratadas. Quando se quer aceder a altas funções, sejam presidenciais ou locais, temos de ser exemplares. É uma campanha à imagem dos políticos ao nível nacional", afirmou a autarca em referência às polémicas que marcaram a campanha presidencial, com François Fillon a ser constituído arguido por alegado desvio de dinheiro público e apropriação indevida de fundos.
Considerando que "nada está ganho" e que "hoje as pessoas estão indecisas", Adeline Roldão-Martins indicou que se Macron não passar à segunda volta vai votar "no candidato republicano e não em Marine Le Pen", candidata da extrema-direita.
A lusodescendente, que nasceu em Toulouse e tem raízes familiares no Pinhal Novo, no concelho de Palmela, não acredita que Marine Le Pen vença estas presidenciais porque "à segunda volta costuma haver um sobressalto democrático e republicano" mas teme pelas presidenciais de 2022.
"A Marine Le Pen mete-me medo porque hoje atinge uma geração que não alcançava antes quando havia o peso do pai. Mas hoje, ao nível dos jovens, ela tem um discurso polido, readaptado e rejuvenescido. Houve uma certa anti-diabolização da Frente Nacional. Este eleitorado jovem ainda não é significativo para que ela vença. Quanto a 2022, eu não diria a mesma coisa", afirmou.
Adeline Roldão-Martins disse, ainda, que o combate à extrema-direita passa por "mostrar valores humanistas e explicar a história", assim como "responder aos problemas das pessoas que veem o seu quotidiano degradar-se" e optam por "um voto de contestação".
No próximo dia 23, a França realiza a primeira volta das eleições presidenciais com um quase empate técnico entre quatro candidatos: Marine Le Pen (extrema-direita), Françoi Fillon (direita), Emmanuel Macron (centro) e Jean-Louis Melénchon.
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