O estudo “Valor estratégico da indústria de medicamentos genéricos e biossimilares em Portugal”, hoje divulgado, teve como objetivo mapear o impacto desta indústria na saúde, na economia e na coesão social, tendo concluído que este setor é essencial, mas não é potenciado.

Promovido pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN), que assinala o seu 20.º aniversário, o estudo, elaborado pela consultora Deloitte, refere que, na área da saúde, “os medicamentos genéricos e biossimilares aumentam o acesso e contribuem para a redução da despesa, libertando recursos que podem ser realocados para o financiamento da inovação terapêutica, assim como na contratação de mais profissionais, gerando ganhos em saúde que se traduzem no aumento da longevidade e da qualidade de vida”.

Atualmente, a adesão aos medicamentos genéricos e biossimilares, embora de forma lenta, têm vindo a crescer, havendo tendência para uma maior presença no mercado hospitalar”, refere o estudo, acrescentando que, em 2022, os genéricos obtiveram uma quota de mercado em volume de 49%, 25% de ‘market value’, sendo que as vendas no mercado atingiram os 811 milhões de euros.

No ano passado, em média, o preço de uma embalagem de um genérico, no mercado ambulatório, foi 58% inferior ao preço médio de um medicamento originador, “apesar do aumento significativo da inflação, custos das matérias-primas e custos de contexto que foram totalmente absorvidos pelo setor”, salienta.

Aponta como exemplo do acesso proporcionado por estas tecnologias de saúde a introdução, em 2010, do genérico da Atorvastatina (para combater o colesterol) que permitiu aumentar a acessibilidade em 750%, e a introdução do medicamento biossimilar (terapêutica biológica) de Infliximab (para tratamento de doenças como artrite reumatoide, doença de Crohn, espondilite anquilosante, artrite psoriásica e psoríase) permitiu em sete anos aumentar a acessibilidade em 154%.

Em 20 anos, os genéricos geraram uma poupança superior a 7.000 milhões de euros para o Estado e para as famílias.

Os biossimilares aumentaram, em média, a acessibilidade em 46%, três anos após a sua introdução no mercado, ou seja mais 46% de doentes tiveram acesso à terapêutica biológica, refere o estudo, salientando que a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde depende da sustentabilidade deste setor.

O estudo realça que as quotas de mercado destes dois segmentos apresentam disparidades substanciais dos níveis de adesão no contexto hospitalar, ambulatório e por área terapêutica.

“No caso dos medicamentos genéricos, que contabilizam mais de 2.600 fármacos no mercado, a evolução da quota de mercado é lenta, está estagnada há mais de cinco anos e continua abaixo da média dos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]”, elucida.

Já os medicamentos biossimilares, que contabilizam mais de 40 produtos comercializados, apresentavam, em 2022, taxas de utilização entre os 14% e os 100% nos diferentes hospitais do SNS.

Sobre os impactos do setor na economia, o estudo refere que esta indústria tem capacidade instalada para garantir o fornecimento de medicamentos essenciais em Portugal e promove o equilíbrio da balança comercial.

Em termos de exportações, o volume representado pelos associados da APOGEN é de 625 milhões de euros, sendo que, por cada 100 milhões de euros de produto produzido e exportado, o setor aporta 51,7 milhões de euros de Valor Acrescentado Bruto à economia nacional.

Segundo o estudo, estes medicamentos têm um impacto que se reflete no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, traduzido nos cerca de 535 milhões de euros de valor acrescentado bruto e que correspondem a 1,6% do contributo da totalidade da indústria transformadora em Portugal.

O volume de negócios impactados, cujo valor é cerca de 2.500 milhões de euros, é significativo e tem uma elevada representatividade a nível nacional, sendo também gerador direto e indireto de mais de 16.000 empregos.

O estudo teve como base metodológica a análise de dados qualitativos e quantitativos, através de um questionário realizado junto das empresas associadas da APOGEN, entrevistas aos ‘stakeholders’ da saúde, ‘benchmarking’ com 10 países europeus e dados do mercado nacional.

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