Em declarações aos jornalistas, hoje publicadas na imprensa local, Germán Inclán visou os responsáveis políticos do Principado das Astúrias, que condenaram publicamente o caso e disse que iria apresentar às famílias “as possibilidades que podem ser abertas, tanto em processos civis como criminais, contra os elementos institucionais que falaram erradamente, condenando quatro cidadãos antes do seu tempo e, acima de tudo, incendiando e quase promovendo a rebelião da população".
“Estas acusações institucionais já condenaram os meus clientes desde o momento depois de terem sido presos", disse o advogado, que salientou que "há responsabilidades dos políticos” que a justiça deve avaliar.
Após a detenção dos portugueses no sábado, vários responsáveis políticos do Principado, desde o líder do governo regional, Adrián Barbón, à autarca de Gijón, Ana González, condenaram o caso, que envolve uma alegada violação em grupo de duas jovens espanholas pelos quatro suspeitos.
Dois dos suspeitos foram colocados em liberdade e os restantes ficam a aguardar julgamento em prisão preventiva.
Para o advogado de defesa, as declarações de condenação destes acontecimentos pelos responsáveis políticos foram "completamente deslocadas e muito perto de serem criminosas”.
Na segunda-feira, dezenas de pessoas manifestaram-se na Praça do Município, empunhando cartazes onde se poderia ler “Contra a violência sobre as mulheres” ou “Pela justiça, basta já”.
Begoña Piñero, do Conselho de Associação de Mulheres, foi uma das promotoras da concentração.
“Estamos aqui para manifestar a nossa solidariedade para com as raparigas agredidas e, em segundo lugar, o nosso mais absoluto repúdio em relação a todas as agressões sexuais”, afirmou Begoña Piñero.
“O que sucedeu é o que acontece todos os anos e o que temos de suportar: violência machista e violações em grupo”, afirmou, por seu turno, Beatriz Garcia, porta-voz da associação Livres e Combativas, citada na imprensa local.
Duas jovens mulheres, uma delas de Gijón e uma outra da cidade de Bergara, apresentaram queixa na polícia no sábado, alegando terem sido agredidas sexualmente pelos portugueses nessa madrugada.
Os quatro portugueses foram detidos formalmente após o tribunal de instrução criminal de Gijón ter deliberado no domingo prolongar a detenção enquanto se aguardava a disponibilização de toda a documentação relativa ao caso de abuso sexual, nomeadamente relatórios clínicos e indicação das lesões sofridas.
Os portugueses, todos com menos de 30 anos de idade, defenderam a sua inocência no domingo perante o magistrado, negaram os atos criminosos de que são acusados e asseguraram que as relações sexuais com as duas jovens mulheres foram consentidas.
As duas mulheres denunciaram a agressão sexual na esquadra policial às 06:30 de sábado, explicando que tinham conhecido um homem num bar e que viajaram com ele para a pensão onde este estava hospedado, para um encontro sexual.
Segundo o relato das vítimas, no caminho para a pensão juntou-se um outro homem e, ao chegarem à sala, encontraram dois outros portugueses que as obrigaram a manter relações sexuais com todos eles.
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