Atualmente, o aeroporto "funciona fundamentalmente como plataforma giratória entre operações para alguns operadores aéreos" e, neste contexto, o estacionamento e a manutenção de linha de aviões "assumem um papel de algum relevo", refere a ANA - Aeroportos de Portugal, em informações prestadas à agência Lusa.

"Adicionalmente", são processados "regularmente" voos de aviação privada e com "um caráter esporádico" alguns voos 'charter', refere a ANA, que faz um balanço "positivo" da estratégia de promoção da utilização do aeroporto de Beja para estacionamento de média-longa duração de aeronaves, frisando que a infraestrutura já é a base de operações de parte da frota de aviões das companhias aéreas Hi Fly e euroAtlantic airways.

Em 2016 e nos primeiros três meses deste ano existiram períodos em que a procura por parte das companhias aéreas foi "superior à oferta" de estacionamento disponível no aeroporto de Beja, "o que indicia um potencial de crescimento futuro neste segmento de negócio", salienta a ANA.

Desde que começou a funcionar, faz hoje seis anos, o aeroporto de Beja processou "mais de 8.500 passageiros e mais de 800 movimentos" de aeronaves de "várias dezenas" de operadores aéreos, a maioria de operações "charter" não regulares.

"A região Alentejo ainda não dispõe de um mercado com dimensão suficiente para viabilizar a existência de fluxos turísticos e de carga que viabilizem operações aéreas com caráter regular", refere a ANA, sublinhando que "ninguém voa para um aeroporto".

"Voa-se para um destino e o destino Alentejo não está consolidado. Enquanto isso não acontece, não faz sentido continuar-se a falar no aeroporto de Beja apenas pela insuficiência de passageiros", defende a ANA, indicando que, neste momento, aposta noutras "possibilidades de negócio", como o estacionamento de média-longa duração e a manutenção de aviões.

Segundo a ANA, "o aeroporto de Beja vai continuar a apostar, no curto-médio prazo, na sua consolidação como plataforma de baseamento de companhias aéreas, no reforço da aviação privada, na captação de operações ´charter` e na radicação de investimentos em atividades que lhe confiram sustentabilidade futura e sejam geradores de postos de trabalho para a região".

"Esta linha de ação deverá prevalecer até que alguns elementos indutores de geração de tráfego associados ao contexto de desenvolvimento do Alentejo revelem a robustez necessária para que o tráfego de passageiros e de carga seja uma realidade", indica a ANA.

O aeroporto, "apesar das dificuldades de contexto, tem vindo a assistir ao longo dos anos, principalmente desde 2016, a uma evolução muito positiva do seu quadro de operação", refere a ANA, esperando que "tal se venha a manter" durante este ano.

A ANA lembra que o aeroporto de Beja foi construído por iniciativa do Estado num "contexto temporal de risco" e com base em "critérios de natureza política e não financeira" e, por isso, não é adequado, "em momento algum", fazer um balanço em termos operacionais ou económicos da infraestrutura.

Entre 2011 e 2013, foram realizadas várias operações "charter" resultantes de acordos com entidades regionais e operadores turísticos, mas a "diminuta procura" ao nível do tráfego de passageiros e carga levou a ANA a reajustar a estratégia para o aeroporto direcionando-a para outros segmentos de negócio.

A ANA refere que está "a assumir, na plenitude, todas as responsabilidades e obrigações decorrentes do contrato de concessão em vigor", "tem mantido contatos estreitos" com companhias aéreas e "promove, de forma contínua, contatos regulares com potenciais investidores".

O aeroporto de Beja, que custou 33 milhões de euros e resulta do aproveitamento civil da Base Aérea n.º 11, começou a operar a 13 de abril de 2011, quando se realizou o voo inaugural, mas, desde então, apesar de aberto, tem estado praticamente vazio e sem voos e passageiros na maioria dos dias.