Nos últimos anos, África tem sido destino habitual de parte das renúncias quaresmais dos católicos portugueses e o mesmo vai acontecer este ano.
Das oito mensagens quaresmais de bispos diocesanos portugueses conhecidas até à manhã hoje, quatro indicavam que os resultados – na íntegra ou parte – das renúncias quaresmais dos católicos dessas dioceses terão como destino o continente africano.
Viana do Castelo, segundo o bispo Anacleto Oliveira, vai destinar o produto da renúncia quaresmal de 2020, “em partes iguais”, ao Gabinete de Atendimento à Família (GAF), na diocese, e à Paróquia de Nossa Senhora das Vitórias do Lucala-Zenze, em Angola.
Nesta paróquia, na diocese de Cabinda, o objetivo é ajudar na construção da igreja do Sagrado Coração de Jesus, “no lugar da que foi destruída durante a guerra que devastou este país irmão”, escreveu o bispo de Viana do Castelo.
Bragança-Miranda e Leiria-Fátima, por sua vez, têm outro país lusófono como destino para a verbas que forem recolhidas nesta quaresma, Moçambique.
No primeiro caso, o bispo José Cordeiro anunciou que, além da construção do mosteiro trapista em Palaçoulo, na diocese transmontana, parte das verbas recolhidas no âmbito da renúncia quaresmal será destinada à reabilitação da igreja paroquial de S. Pedro de Chissano, na Diocese de Xai-Xai, Moçambique, auxiliando “20 comunidades, que ali se reúnem para a Eucaristia e todas as celebrações litúrgicas, catequese, retiros, formação espiritual e caridade”.
Quanto a Leiria-Fátima, o cardeal António Marto fez saber que coleta desta renúncia será canalizada para a diocese de Tete, em Moçambique, cujo bispo, Diamantino Antunes, é missionário da Consolata e natural de Albergaria dos Doze, localidade do concelho de Pombal que integra a diocese de Leiria-Fátima.
A diocese de Tete é maior do que Portugal, “pobre, carente de recursos humanos e materiais para a obra de evangelização”, indicou António Marto.
Já o Ordinariato Castrense, diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança, vai apoiar na escolarização de crianças da República Centro-Africana, através da renúncia quaresmal de 2020.
“Iremos estar em comunhão com o povo de Bangui, na República Centro-Africana, destinando o fruto da nossa renúncia quaresmal deste ano ao projeto que visa aproximar as crianças da escola, incentivando a frequência escolar e contribuindo para a sua escolarização”, escreveu o bispo Rui Valério na sua mensagem para a quaresma que se inicia na quarta-feira.
Em relação ao destino das renúncias quaresmais noutras dioceses nacionais, Angra vai encaminhar, por indicação do bispo João Lavrador, o seu apoio para a comunidade do Capelo, na ilha do Faial, que viu a sua igreja destruída por um incêndio.
Vila Real, por seu turno, tem na criação de um Fundo Social Diocesano, para apoio a “situações de emergência social” que afetem famílias ou instituições, segundo as indicações do bispo António Augusto Azevedo.
Em Beja, os católicos estão a ser convidados a destinarem o resultado das suas renúncias ao Haiti e às celebrações dos 250 anos da restauração da diocese alentejana liderada pelo bispo João Marcos.
No Porto, o bispo diocesano, Manuel Linda, em nota pastoral para a quaresma anunciou que a verba recolhida será destinada à “adaptação de espaços e instalação de ‘camas de emergência’ para os sem-abrigo”.
O bispo do Porto, na sua nota, caracteriza como uma “realidade chocante” a existência de pessoas em situação de sem-abrigo.
Comentários