A 9 de novembro, a Marinha portuguesa informou que "monitorizou e acompanhou vários navios de guerra e de investigação científica e oceanográfica da federação russa", durante dois dias.
“O Centro de Operações Marítimas monitorizou permanentemente a atividade da fragata Neustrashimyy, do navio Reabastecedor Pashin e do navio de investigação Akademik Ioffe, assim como coordenou o emprego dos navios da Marinha Portuguesa, NRP António Enes e NRP Figueira da Foz, no acompanhamento dos navios ao longo das Zonas Económicas Exclusivas do Continente e dos Açores”, foi referido em comunicado.
A Marinha justifica que, através destas ações de monitorização e vigilância, garantiu a defesa e segurança dos espaços marítimos sob soberania, jurisdição ou responsabilidade nacional, contribui para a proteção dos interesses de Portugal e das suas infraestruturas críticas.
“Simultaneamente, assegura o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos no quadro da Aliança Atlântica, 24 horas por dia, nos 365 dias do ano”, frisou a Marinha.
No dia de hoje, o almirante Henrique Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada, revelou que há um "trânsito cada vez mais intenso" de navios russos na costa de Portugal e que recentemente cruzou águas portuguesas uma embarcação dedicada à espionagem.
Quantos navios foram contabilizados recentemente?
Segundo o almirante, num período muito curto passaram em águas portuguesas três navios de guerra (duas fragatas e uma corveta), dois navios reabastecedores, três navios de pesquisa científica e ainda "um navio que faz espionagem, normalmente espionagem eletrónica".
A Marinha acompanha estas passagens?
Sim. Gouveia e Melo explicou que a Marinha acompanha este fluxo de navios russos com apertada vigilância.
"A nossa resposta a isso é segui-los, controlá-los, mantê-los sob pressão constante com a nossa presença também constante", afirmou aos jornalistas.
Numa entrevista publicada no dia 15 de maio no Diário de Notícias, o chefe de Estado-Maior da Armada já tinha afirmado que nos últimos três anos quadruplicaram o número de missões de acompanhamento de navios russos durante a passagem por águas portuguesas.
Para o almirante Gouveia e Melo, a invasão que a Federação Russa fez à Ucrânia veio mudar o comportamento internacional.
"Essa mudança pode ser de tal forma estruturante que pode destruir as bases que temos hoje. Destruindo essas bases, tudo o que hoje consideramos como garantido, que é a segurança na Europa, a NATO, a União Europeia, que são pilares essenciais para a nossa segurança e para a nossa prosperidade, podem ser postos em causa", referiu.
São os únicos?
Não, também a Força Aérea Portuguesa faz esta monitorização. Por exemplo, no início de novembro foi acompanhado um navio científico pertencente à Federação Russa que navegava em águas nacionais.
Em comunicado, a Força Aérea referiu que esta operação aconteceu enquanto realizava uma missão de rotina de monitorização para assegurar a integridade e proteção da Zona Económica Exclusiva.
Tendo sido detetado o navio científico Alademik Loffe, este foi acompanhado enquanto navegava por águas sob responsabilidade nacional, de forma a verificar a atividade exercida.
“A Força Aérea reforça, desta forma, a vigilância do espaço estratégico, ao garantir presença constante nas movimentações na área de interesse nacional contribuindo de forma relevante para segurança e proteção das águas sob jurisdição portuguesa”, lia-se na nota de imprensa.
No total, foram já acompanhados 35 navios russos e dois chineses, indica a Força Aérea.
*Com Lusa
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