Donald Trump irá vencer a primeira ronda das primárias republicanas? Ou os seus adversários Nikki Haley e Ron DeSantis conseguirão reagir? A comunidade internacional está com os olhos postos no Iowa, onde decorre a primeira ronda republicana, mas para quem lá vive o tema o tema mais premente dos últimos dias é mesmo frio que se faz sentir.
Os habitantes de Iowa enfrentam o frio mais intenso dos últimos anos com temperaturas que podem chegar a -32°C, neve e estradas cobertas de gelo.
Uma grande onda de frio afeta desde sexta-feira várias regiões do norte dos Estados Unidos, com uma tempestade de neve a dificultar o transporte em estados como Iowa.
Os meteorologistas alertaram para "ar ártico perigosamente frio" e tempestades de neve que poderiam afetar milhões de pessoas na região norte do país, com expectativa de que as temperaturas caiam até -40°C e que o vento intensifique a sensação térmica.
"Agasalhem-se amanhã", aconselhou Trump, no domingo, ao discursar para os seus apoiantes. "Enfrentem o clima e saiam para salvar os Estados Unidos".
Irão os eleitores de Trump seguir o conselho?
"Irei, se meu carro quiser sair da garagem!", responde Jeff Nikolas, de 37 anos, entre gargalhadas. Para este motorista de pesados, com quem a equipa da AFP se cruzou, apenas Trump é capaz de "acabar com toda a estupidez que está acontecendo no mundo neste momento".
Não é a opinião dos jovens ativistas da luta contra a mudança climática que interromperam brevemente o comício realizado por Trump, gritando "Trump, assassino do clima!", antes de serem expulsos pelos agentes de segurança. Como vários dos seus adversários republicanos, o ex-presidente questiona o consenso científico sobre o aquecimento global.
"Vão estar -26°C na segunda-feira. Eu nem sei o que isso significa"
Trump enfrenta nestas primárias do Partido Republicano cinco outros candidatos. Entre eles, apenas dois parecem ter alguma hipótese face ao ex-presidente.
De um lado, está a ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, a única mulher na corrida. A ex-governadora da Carolina do Sul é muito respeitada pelo setor empresarial e a terceira colocada nas sondagens.
A candidata pediu à população de Iowa que, apesar das condições climáticas, vá às urnas esta segunda-feira, na votação regional que é conhecida por ser um ensaio eleitoral.
"Eu sei que estará -26°C na segunda-feira. Eu nem sei o que isso significa. Literalmente, não entendo, mas estarei na rua e quero vocês lá", disse na quinta-feira a ex-governadora da Carolina do Sul.
"Não se combate o caos democrata com o caos republicano", afirmou, neste domingo, Haley à Fox News. "Não sobreviveremos a mais quatro anos de caos. Por isso devemos relegar ao passado [o presidente democrata Joe] Biden e Trump e olhar para o futuro", afirmou.
Do outro, está o governador da Flórida, Ron de Santis, um conservador com posições duras sobre imigração e aborto. Este ex-oficial da Marinha apostou todas as fichas no Iowa e visitou todos os 99 condados do estado nos últimos meses.
"Tem um bom sentido de liderança", afirma um apoiante, Ben Rummelhart, de 33 anos, que considera Trump "vulnerável" por "todos os seus problemas judiciais".
Neste domingo, DeSantis insistiu que os apoiantes estão "muito motivados" e vão comparecer em massa para o apoiar no Iowa, apesar do mau tempo.
"Tragam amigos e familiares, isso terá um forte impacto" no resultado, disse DeSantis à ABC.
O que dizem as sondagens
Se as sondagens do Des Moines Register, NBC News e Mediacom, publicadas no sábado, estiverem certas, Trump deverá sair vitorioso no Iowa, com 48% de aprovação, à frente de Haley, com 20%, e Ron DeSantis, com 16%.
Os analistas não excluem, porém, que um dos dois principais concorrentes de Trump surpreenda e fique com parte da vantagem do ex-presidente. Se Trump não obtiver a vitória esmagadora antecipada pelas sondagens no Iowa, corre o risco de parecer mais fraco nas primárias.
A partir da próxima semana, os candidatos competirão em New Hampshire, depois em Nevada e na Carolina do Sul, em fevereiro.
Um após outro, os 50 estados americanos votarão até junho para proclamar, em julho, o candidato republicano à Presidência dos EUA durante a Convenção Nacional do partido.
Para Trump, de 77 anos, a prioridade é garantir a vitória antes do início de seus julgamentos, alguns previstos para março.
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