O diretor executivo da Frontex, Hans Leijtens, numa comissão parlamentar, apresentou a sua versão do que aconteceu no final de fevereiro na costa da Calábria e garantiu que informaram diferentes autoridades italianas da presença na zona de um navio com migrantes a bordo que não corria perigo imediato.

O diretor disse ainda que hoje faria o mesmo, que decidiu em fevereiro, se tivesse as mesmas informações da altura.

“Não é preto ou branco, temos que avaliar a situação e não podemos simplesmente enviar uma mensagem para cada barco que vemos. Na semana passada, havia 30 barcos ao mesmo tempo na costa da Tunísia. Se isso significa que temos que avisar de 30 situações de busca e salvamento…”, disse Hans Leijtens aos deputados.

“O que aconteceu é horrível e realmente lamento cada vida perdida. Mas com o que sabíamos não poderíamos fazer nada e, embora eu saiba que parece duro, se tivéssemos as mesmas informações hoje, comportar-nos-íamos exatamente da mesma maneira. Só podemos avaliar a situação com base nas informações que temos, não podemos enviar uma mensagem para cada embarcação que vemos”, enfatizou.

Na noite do naufrágio, precisou, um dos aviões da Frontex viu que a embarcação se dirigia para a costa italiana e forneceu às autoridades italianas as informações captadas pelas suas câmaras infravermelhas, bem como a localização e rumo, depois de verificar que “não havia sinais de serviço de emergência”, e voltou para a base quando ficou sem combustível.

“Não sabíamos que as circunstâncias iriam mudar como aconteceu depois. Quando vimos o navio, estava navegando, os sinais tinham um rumo claro. O que vimos que nos preocupou foi (…) que com as câmaras térmicas viram que havia mais pessoas sob o convés do navio do que seria normal para aquele tipo de navio” e por isso notificaram as autoridades italianas, disse o responsável da Frontex.

Também compareceu perante a comissão parlamentar o comandante da Guarda Costeira italiana, Gianluca D’Agostino, que disse ainda que as imagens e informações de que dispunham da embarcação não justificavam uma operação de salvamento.