“Seguramente temos cá mais de 500 máquinas e serão cerca de 700 agricultores”, salientou à Lusa Ricardo Estrela, porta-voz da região das Beiras do Movimento Civil Agricultores de Portugal, que hoje está a organizar um protesto em vários pontos do país.
A circulação da A25 na zona de Alto de Leomil, no distrito da Guarda, está interrompida nos dois sentidos desde as 06:00, por decisão das autoridades, sendo o trânsito desviado para as estradas nacionais.
Os agricultores iniciaram o protesto por volta das 06:15.
Ricardo Estrela destacou o mérito das autoridades na forma como o bloqueio se iniciou e na decisão de antecipar a interrupção da circulação.
“Se calhar, ao perceberem que não conseguiam conter este movimento, optaram por previamente bloquear o troço”, assinalou Ricardo Estrela.
O porta-voz do protesto admitiu que “foi muito bom”.
“Não calculam o que isso foi bom para nós, porque aquilo que menos queremos é que haja algum acidente colateral. O nosso propósito é alertar quem nos governa para as medidas erráticas que têm tomado. Não queremos causar, de maneira nenhuma, problemas a terceiros”, garantiu.
Ricardo Estrela reforçou que o objetivo é o de que “o protesto decorra de forma ordeira e que decorra com o máximo civismo possível”.
“Há vários pontos de lume no protesto. São fogareiros. Demonstra o civismo deste setor”, assinalou.
O também produtor de gado ovino no distrito de Castelo Branco evidenciou ainda que há alternativas para o trânsito circular.
“A A25 está bloqueada, mas estamos a deixar alternativas para que o trânsito consiga circular. Bem sei que com dificuldades, mas se não criarmos transtornos não somos ouvidos”, assinalou.
Os agricultores têm intenção de manter o protesto “até se perceber que alguma coisa de diferente vai mudar”.
O movimento pretende pedir uma audiência à ministra da Agricultura, à Presidência da República e aos grupos parlamentares.
“É importante sabermos qual será o futuro e qual é visão partidária”, vincou Ricardo Estrela.
O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
O pacote abrange entre outras, medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.
Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pelo movimento, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.
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