"Eu tenho ouvido falar da esquerda. Eu desde pequeno que ouvi que a esquerda é quem luta, quem transforma. Virem dizer que forças políticas que não querem mudar nada estão a gozar comigo. Por favor, não me venham dizer que a Geringonça é de esquerda. A Geringonça é do mais reacionário e do mais conservador que há em Portugal", disse Alberto João Jardim deixando de pé a plateia no Centro de Congressos de Lisboa.

De olho na economia, o antigo presidente do governo regional da Madeira, sublinhou que "este Portugal apesar de tudo o que se diz cresce menos que os nossos parceiros europeus, principalmente, da zona euro, apesar da situação favorável. Este país que diminui o desemprego está a criar emprego à custa do aumento da precariedade do emprego, à custa de uma percentagem dos salários mínimos basilares".

“Rui Rio vamos acabar com esta porcaria toda”

Para o futuro, Alberto João Jardim pediu que o partido olhasse para sete pontos que considera essenciais. Começando pela "teia burocrática" que nas suas palavras afasta os investidores estrangeiros, porque enquanto lá fora são precisos três papéis, cá são precisos dez. “Rui Rio vamos acabar com esta porcaria toda”, disse do palco.

O antigo presidente do governo regional da Madeira pediu ainda "coragem para a reforma na justiça, sem medos corporativos", um desagravamento dos impostos, uma regionalização política, acabar com a ideia de que o Estado português se "deve comportar como uma grande ONG", uma maior regulação do sistema financeiro e uma reforma da legislação laboral, porque "os portugueses não podem ficar à mercê de chantagens nos transportes e na saúde".

Para Alberto João Jardim, é precisa uma reforma constitucional e uma reforma na Europa, para a qual defende uma "frente dos países do Sul", rumo a um "federalismo da União Europeia", que garanta os mesmos direitos e distribuição de rendimentos aos trabalhadores do Norte e do Sul. Sem essa igualdade entre Norte e Sul, decretou: "Estamos num grande 'bluff', estamos numa grande treta".

"Nada de ansiedades, vamos ter de lutar, e lutar até construirmos o sonho de Sá Carneiro, uma maioria e um Presidente que não seja situacionista, mas que seja capaz de fazer um referendo em Portugal sobre a Constituição", defendeu Alberto João Jardim.

Perante o 37.º Congresso do PSD, em Lisboa, Jardim fez também um apelo à união do partido, desafiando: "Se continuarem a fazer disto uma guerra de alecrim e manjerona, terei de vir aqui para dar umas bengaladas nos meninos mal comportados". "Agora, mais do que nunca vamos unir-nos", afirmou.

Em direto no SAPO24

Minutos depois de discursar, Alberto João Jardim esteve em direto no SAPO24 assumindo que o partido social democrata tem pela frente "uma grande responsabilidade" e não pode "andar aqui sempre às tricas".

O 37.º Congresso Nacional do PSD começou esta sexta-feira à noite no Centro de Congressos de Lisboa e prolonga-se até domingo, com a eleição dos novos órgãos nacionais sob a liderança de Rui Rio.