“As intervenções do professor Cavaco Silva são sempre intervenções que têm uma grande repercussão no país e normalmente estão em conformidade com aquilo que a opinião pública está a pensar”, disse o governante insular.

Albuquerque, que lidera o Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP, realçou que é legítimo colocar em causa a continuidade do executivo nacional, face ao “espetáculo de degradação” decorrente dos trabalhos da comissão de inquérito à TAP, mas considerou que o primeiro-ministro ainda tem a oportunidade fazer uma remodelação governamental.

O presidente do executivo madeirense falava aos jornalistas no Caniço, concelho de Santa Cruz, contíguo ao Funchal a leste, onde participou na Festa da Cebola, num comentário ao discurso de Cavaco Silva no encerramento do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), no sábado, em Lisboa.

O antigo Presidente da República acusou o primeiro-ministro, António Costa, de perder a sua autoridade, acrescentando que por vezes os primeiros-ministros “decidem apresentar a sua demissão” devido a “um rebate de consciência”.

Num discurso bastante crítico da governação socialista, que classificou como “desastrosa”, o ex-chefe de Estado defendeu que o primeiro-ministro “perdeu a autoridade” e “não desempenha as competências que a Constituição lhe atribui".

Miguel Albuquerque sublinhou que “a situação a que se está a assistir é de mentiras, pancadarias dentro de ministérios, luta de fações, e tudo isso leva à degradação das instituições do Estado e da democracia”.

“O senhor primeiro-ministro tem que intervir, pôr ordem no Governo, fazer uma remodelação o mais urgente possível e começar a mandar no Governo”, disse, lembrando que o PS obteve maioria absoluta há pouco mais de um ano.

“Não podemos andar em eleições todos os anos […]. Essa ideia de dissolver a Assembleia [da República] para o Partido Socialista se vitimizar outra vez não tem muita consistência”, reforçou.

O presidente do Governo da Madeira considerou, no entanto, que “é fundamental devolver a voz aos cidadãos” caso não seja feita qualquer remodelação governamental.

O aparelho do Estado, sublinhou, não é propriedade do PS: “Neste momento, toda esta gente se apropriou das instituições do Estado e trata as instituições do Estado como se fossem coisas deles”, lamentou.