“Não pode existir uma política de equidistância entre a confiança de um aliado e aqueles que questionam os nossos valores, as nossas fronteiras e o Direito Internacional”, disse Ursula van der Leyen, durante uma conferência sobre segurança em Munique (Baviera, sudeste da Alemanha).

“Isso significa que devemos abordar em conjunto o nosso interesse comum que é ter um relacionamento de confiança com a Rússia, em vez de agir de forma bilateral e saltar por cima das cabeças dos parceiros”, reforçou.

Nas mesmas declarações, Ursula van der Leyen também advertiu Washington contra qualquer discurso que possa ameaçar a coesão da União Europeia (UE) e da NATO, salientando que a unidade europeia é do interesse dos Estados Unidos.

“Os nossos amigos americanos sabem muito bem que as suas afirmações sobre a Europa e a NATO têm impacto direto na coesão do nosso continente”, disse a ministra alemã.

“Uma UE estável é também do interesse dos Estados Unidos, como uma NATO unida”, prosseguiu Ursula van der Leyen, naquilo que pareceu uma repreensão ao elogio de Donald Trump à decisão do Reino Unido em sair da UE (processo conhecido como ‘Brexit’), mas também às suas críticas à Aliança Atlântica que qualificou como “obsoleta”.

Ursula van der Leyen apelou ainda ao Ocidente, em particular aos Estados Unidos, para não transformarem a luta antiterrorista numa guerra contra o Islão.

“Devemos ter cuidado para que esta luta [contra o terrorismo] não seja uma frente contra o Islão e os muçulmanos. Caso contrário, corremos o risco de abrir um fosso profundo onde a violência e o terror só irão crescer ainda mais”, afirmou a representante do governo alemão, numa aparente referência ao controverso decreto presidencial anti-imigração de Trump.

A Conferência de Segurança Internacional de Munique começou hoje e vai decorrer até domingo. Está previsto que o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, faça o seu primeiro discurso fora do território norte-americano.

Este ano, a conferência contará ainda com a presença, entre outros, do secretário de Defesa americano, James Mattis, da chanceler alemã, Angela Merkel, do secretário-geral da ONU, António Guterres, da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e dos ministros dos Negócios Estrangeiros da China, Reino Unido e da Rússia.