“Quero que ele [Pedro Nuno Santos] tenha, gostaria muito que ele tivesse, um papel ativo no PS, no futuro do PS e do país, da forma que ele agora melhor entenda, naturalmente”, afirmou Alexandra Leitão, em declarações à agência Lusa.
Para Alexandra Leitão, Pedro Nuno Santos “agiu com dignidade” ao pedir a demissão do cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação, considerando que “assumiu uma responsabilidade política que fica sempre bem, que demonstra sentido de Estado”.
“Tenho muita pena que saia, acho que é um excelente ministro, é uma pessoa com ímpeto reformista, tinha os ‘dossiers’ mais difíceis, não só a ferrovia e a habitação – onde fez um excelente trabalho – mas também o ‘dossier’ da TAP. Poucos teriam a coragem que ele teve para assumir este dossier”, enalteceu.
A antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública não quis comentar se a saída de Pedro Nuno Santos era inevitável dados os contornos do caso de Alexandra Reis, afirmando apenas que, neste tipo de casos, “tem de haver explicações substantivas, cabias, convincentes e, depois, quanto ao ficar ou não, é o próprio e quem nomeia que tem de ver se há condições objetivas para continuar”.
“Pedro Nuno Santos entendeu que não tinha, e eu respeito a sua decisão com grande pena de o ver sair do Governo”, disse.
Questionada se espera ver o ex-ministro como colega de bancada parlamentar, Alexandra Leitão respondeu que ele tem “direito próprio” a ser deputado, uma vez que foi eleito nas últimas legislativas enquanto cabeça de lista por Aveiro, e defendeu que Pedro Nuno Santos é “uma mais-valia enorme para o PS”.
“Eu gostarei seguramente de o ver a ter um papel ativo e importante no futuro do PS e do país, da forma que ele entenda que deve desempenhar esse papel. É ele que tem de fazer esse juízo, eu sempre gostei de ser colega dele quando fui colega dele de Governo, gostaria naturalmente de ser colega dele em qualquer circunstância”, referiu.
No que se refere ao caso de Alexandra Reis, a deputada do PS considerou que “há ainda explicações para dar, designadamente o porquê da escolha para secretária de Estado de uma pessoa deste perfil”.
Questionada se considera que essas explicações devem ser dadas pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, uma vez que Alexandra Reis estava sob a sua tutela, a deputada do PS respondeu que “eventualmente sim”.
“Alguém terá de vir dar [explicações]. Sendo esta situação de cotutela entre as Infraestruturas e as Finanças, e tendo sido a pessoa em causa escolhida para secretária de Estado das Finanças, sim”, considerou.
Interrogada se, dado que houve 10 demissões em nove meses de Governo, lhe parece que a maioria absoluta está “em fim de ciclo” – como a própria tinha dito após a entrevista de António Costa à revista Visão – Alexandra Leitão afirmou que, quando utilizou essa expressão, estava a procurar manifestar a sua “preocupação e pena” por se parecer estar a assistir a “uma espécie de fim de ciclo numa maioria tão recente”.
“Acho que aquilo que aconteceu agora não veio melhorar a situação, como é evidente. Seria absurdo eu dizer que isto não tem relevância. Tem imensa relevância: pelo conjunto de saídas e pela importância da pessoa que sai”, defendeu.
Alexandra Leitão considerou que “o Governo deveria parar para pensar, devia refletir, devia eventualmente mudar alguma coisa”.
“É verdade que são casos, mas não são inventados, são muitos e com relevância política, que desfocam do que é importante, e o que é importante é a governação. Diria que é preciso fazer aqui um parar para pensar e tenho a certeza que, quem está no Governo e tem mais informação do que eu, o fará”, disse.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, demitiu-se na quarta-feira à noite para “assumir a responsabilidade política” do caso da indemnização de 500 mil euros da TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro.
Esta foi a terceira demissão do Governo em dois dias, depois de Alexandra Reis, da pasta do Tesouro, no centro da polémica com a indemnização, e do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, que acompanhou a decisão de Pedro Nuno Santos.
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