Na primeira vista oficial de um chefe de Governo grego a Skopje, Tsipras foi recebido como um velho amigo, numa deslocação que quebrou em definitivo as gélidas relações bilaterais que se prolongavam há mais de 25 anos, quando a ex-república jugoslava declarou a independência em 1991.
“Hoje é um dia histórico. Quando encaras o passado, vês oportunidades perdidas e tempo perdido. Quando olhas para o futuro, vês interesses e possibilidades comuns”, disse o primeiro-ministro macedónio, Zoran Zaev, numa conferência de imprensa conjunta com Tsipras após este primeiro encontro oficial.
“Hoje tentamos escrever uma nova narrativa sobre os Balcãs, sobre a História. Estamos a tentar construir uma narrativa de cooperação, entendimento mútuo e desenvolvimento conjunto. E esta será uma esperança para toda a Europa”, considerou ainda Tsipras, que prometeu a ajuda de Atenas nas ambições de Skopje em aderir à União Europeia (UE).
No decurso da desintegração da Jugoslávia federal em 1991, as relações políticas com a Grécia forma de imediato congeladas devido ao problema “emocional” da designação de República da Macedónia, o nome original incluído na Constituição deste novo país, e que Atenas rejeitava devido aos alegados receios de pretensões territoriais na região do norte da Grécia com a mesma designação e capital em Salónica.
A situação apenas foi desbloqueada em 2018, quando Skopje e Atenas assinaram o Acordo de Prespa, que permitiu resolver esta disputa.
Apesar da oposição de uma parte considerável das populações e dos protestos nas ruas em ambas as capitais, este avanço histórico permitiu que os dois primeiros-ministros fossem nomeados para o Prémio Nobel da Paz.
O novo nome acordado, “República da Macedónia do Norte”, entrou em vigor oficialmente em fevereiro após a aprovação pelos parlamentos dos dois países, e a necessária alteração da Constituição macedónia.
Hoje, os dois governos também assinaram diversos acordos nas áreas da defesa, transportes, energia, digitalização, saúde e agricultura, com a delegação grega a integrar uma dezena de ministros e mais de uma centena de empresários.
Apesar das quase três décadas de tensões políticas, diversas empresas gregas sempre estiveram presentes na então designada em termos internacionais Antiga república jugoslava da Macedónia (Fyrom), em particular na indústria petrolífera e mineira, no setor alimentar e no comércio.
“Devemos apressar-nos e salvar-nos do abismo do passado. Apesar das dificuldades, há muitas empresas gregas ativas no norte da Macedónia. Necessitamos de uma melhor cooperação no futuro”, acrescentou Tsipras.
Com uma taxa de desemprego de quase 20% na Macedónia do Norte e 18% na Grécia, a forte migração de jovens e a falta de fluxo no crédito, os analistas coincidem em que a aposta económica estará dependente de ajuda externa.
De momento, o Acordo de Prespa abriu as portas da Macedónia do Norte à NATO, e após a ratificação do protocolo firmado em fevereiro, admite-se que a integração plena possa ocorrer no final de 2019 ou inícios de 2020.
Tsipras informou que hoje também foi discutida a possibilidade de a aviação militar grega defender o espaço aéreo da Macedónia do Norte, após o seu ingresso na Aliança.
Em paralelo, a Macedónia do Norte espera obter em junho próximo a data para o início das negociações de adesão à UE, após a admissão oficial da sua candidatura em 2005, mas que permaneciam bloqueadas pela Grécia.
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