Em declarações à Lusa, João Soares, de 72 anos, revelou que tem procurado um novo espaço para acolher as suas “largas centenas de livros” que já colocou em saldo, tendo sido confrontado com pedidos de renda de “mil, dois mil ou cinco mil euros por espaços ridículos”.
“Isto é um deslumbramento. Uma calamidade. O Porto está a ficar descaracterizado. Parece um deserto de comes e bebes. Está a ser muito difícil encontrar outro espaço, porque os preços [das rendas] não são praticáveis”, lamentou o responsável pela loja que existe na rua das Flores, n.º 40, desde pelo menos 1930.
“O contrato de arrendamento da sociedade que comprei remonta a 1930. Este espaço foi armeiro, fabricante de munições, muitas coisas… Em 1998, instalei-me aqui com uma livraria de usados”, descreveu João Soares, indicando que no prédio de três andares residem “cerca de nove pessoas”.
O alfarrabista diz ter sido informado sobre o despejo “há 15 dias”.
“Venderam o prédio e querem que eu saia”, vincou.
Relativamente ao prazo de saída (60 dias), o alfarrabista pretende negociar um prolongamento: “Pelo menos para conseguir tirar tudo daqui. Estamos a falar de várias estruturas e largas centenas de livros, para não dizer milhares. O tempo é manifestamente pouco”.
João Soares informou ter começado com saldos de 30% nos livros, estando agora nos 50%, mas com a convicção de que “não vai resultar muito”.
“As pessoas não leem. Os turistas alegam que os livros são muito pesados e, como viajam em ‘low-cost’, não os levam. Preferem tirar fotografias”, observou, antes de concluir que “a livraria dos usados está em decadência”.
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