“Aquilo que estamos a fazer é, pelo menos, garantir que não falta água para o ciclo urbano da água e, depois, é preciso pensar que atividades, que tipo de produção agrícola se pode ter, com a água cada vez em menor quantidade”, disse à agência Lusa António Miguel Pina.

Parte do sotavento (leste) encontra-se em seca severa, mas o barlavento (oeste) também sofre com o agravamento da situação, estando a ser feitos, segundo o presidente da AMAL, investimentos para garantir a partilha de água nas diferentes albufeiras, entre sotavento e barlavento, e o aumento dessa capacidade.

“O sistema [de barragens] tem comunicação [entre barlavento e sotavento], mas é preciso aumentar essa capacidade, porque pode ser necessário um maior volume de água a transferir das albufeiras do sotavento para as albufeiras do barlavento”, justificou o também presidente da Câmara de Olhão.

António Miguel Pina disse ainda que estão a ser feitos investimentos nas redes, de forma a diminuir as perdas, outros para aproveitar as águas residuais, principalmente nos abastecimentos aos campos de golfe, e em alguns casos à agricultura, e também para ter novas fontes de água.

Entre os projetos para diversificar as fontes de água que abastecem a região estão a instalação de uma central de dessalinização no Algarve e a captação de água do rio Guadiana, através do Pomarão, com recurso a verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Mas há que fazer uma reflexão mais profunda, e a médio e longo prazo, e é isso que se pretende com o Pacto para a Água, porque o modelo de desenvolvimento do Algarve tem de ser pensado contando com esta variável água na sua definição”, defendeu.

António Miguel Pina considerou que é preciso “olhar para quem são os grandes consumidores” de água no Algarve, ter presente que “a agricultura representa 60%, o ciclo urbano da água 32% e o golfe 06%”, para depois se refletir sobre as atividades económicas que são viáveis em função da água que vai haver no futuro.

“É preciso deixar também bem claro que o golfe, que consome apenas 6% da água, tem um valor acrescentado bruto igual à agricultura na nossa região, que consome 60%”, observou, frisando que é preciso perceber “se é possível continuar a crescer” com produções ou determinadas espécies agrícolas, mas sem precisar quais.

O presidente da AMAL esclareceu que “não se está a falar de retirar o que já há” na agricultura da região, ma sim “falar em ponderar se o crescimento da atividade agrícola se pode fazer nos mesmos moldes que foi feito até hoje” no Algarve.