Na véspera da reclamação do PL, o Supremo Tribunal Federal alertou o seu presidente, Valdemar Costa Neto, que aquela não teria hipóteses de prosperar, algo que sabia, mas justificou que iria avançar para evitar uma rebelião dentro do núcleo do PL, partido mais próximo de Bolsonaro.

Nem mesmo os mais incondicionais aliados do ainda Presidente do Brasil confiam que o Tribunal Superior Eleitoral modificará o resultado das eleições, porém, ao menos, esperam que a reclamação sirva para manter a dúvida de que Bolsonaro foi vítima de fraude eleitoral, uma possibilidade para a qual o Presidente vinha alertando durante a campanha eleitoral.

Assim, segundo fontes próximas de Bolsonaro citadas pelo jornal ‘Folha de São Paulo’, as ações do PL serviriam pelo menos para inflamar os ânimos nas ruas.

Nos últimos dias, intensificaram-se bloqueios de estradas e protestos, especialmente em estados como Mato Grosso, Santa Catarina e Rondónia – onde Bolsonaro obteve melhores resultados eleitorais – e houve atos de sabotagem que podem ser classificados como possíveis delitos terroristas.

Desde que foi conhecido o triunfo de Luiz Inácio Lula da Silva na segunda volta das presidenciais no Brasil, que decorreu a 30 de outubro, milhares de pessoas reuniram-se às portas do quartel do Exército para pedir, entre orações e saudações nazistas, um golpe de Estado, ou paralisam o trânsito com queima de veículos, sabotagem de infraestruturas e ataques a polícias e motoristas.

Para a oposição, esta nova tentativa de questionar o resultado eleitoral nada mais é do que um plano que vem sendo orquestrado ao longo dos últimos anos, intensificado quando Lula da Silva recuperou os seus direitos políticos. Desde então, questionaram as urnas eletrónicas, agora alvo desta auditoria do PL, partido pelo qual Bolsonaro concorreu às eleições.

A imprensa brasileira relembrou uma entrevista em maio da rede STB com um dos filhos de Bolsonaro, Flávio, na qual ele antecipou que a desconfiança de alguns nas urnas eletrónicas poderia gerar “uma revolta” e “perigo de instabilidade”.