Em causa está o evento "Arouca - História de um Mosteiro", que de sexta-feira a domingo levará mais de 70 propostas a esse monumento e à sua envolvente, entre as quais arruadas, ceias, concertos, fogo-de-artifício e dezenas de encenações de episódios relevantes para a antiga comunidade monástica e o seu povoado, como é o caso do terremoto de 1755.
"São cada vez mais os que se deslocam a Arouca para participar na recriação e um sinal deste maior interesse é o facto de estar quase esgotado o alojamento disponível para o próximo fim de semana", declarou à Lusa a presidente da autarquia, Margarida Belém.
"Uma vez que se trata de um evento de entrada livre e com atividades a decorrer em diferentes espaços, é difícil saber ao certo o número de visitantes que acolhemos, mas na edição deste ano estimamos que ascendam a mais de 50.000", referiu.
A recriação sobre o Mosteiro de Arouca fez a sua estreia em 2004 e teve caráter anual até 2009, após o que foi interrompida, acabando por retomar-se apenas em 2013.
"Ao longo deste tempo, tem evoluído de forma claramente positiva, quer no número de cenas recriadas e na diversidade das mesmas, quer no envolvimento dos arouquenses, já que os 500 figurantes que participam no evento são, na sua grande maioria, locais e voluntários", afirmou Margarida Belém.
Desse envolvimento resulta uma iniciativa em que, segundo descreve o programa do evento, "as monjas voltam a respeitar os seus tempos de oração no cadeiral, regem a sua vida na sala do capítulo, dedicam-se às artes e aos cuidados médicos".
Na edição de 2018, a vila "veste-se a rigor para a festa de São Bernardo e revivem-se episódios como a eleição da abadessa". No sábado, por exemplo, será dado a conhecer o ritual de iniciação na vida religiosa, em que as mulheres eram sujeitas a um corte de cabelo drástico que "simbolizava a renúncia às vaidades do mundo, para que fosse plena a entrega a Deus e à vida em clausura".
Na mesma data irão reviver-se ainda "as repercussões que o terramoto de 1755 em Lisboa teve em Arouca e no seu mosteiro" e no domingo assistir-se-á a outra cena "igualmente intensa, dramática e carregada de simbolismo", que é a da morte da última freira do mosteiro, em 1886.
"A par destas novas cenas, voltaremos a recriar os episódios das lutas liberais, que em Arouca tiveram um impacto considerável", referiu Margarida Belém. "Nesse contexto será replicado o auto de aclamação, pelos liberais, de D. Maria da Glória, filha de D. Pedro, como legítima herdeira do trono de Portugal, e também será encenado o auto de reclamação de D. Miguel I, feito pelos absolutistas poucos dias depois", realçou.
Com vista a proporcionar aos visitantes "uma experiência mais informada" sobre o período abordado, este ano a Câmara Municipal de Arouca consolidará o programa de visitas guiadas que testou o ano passado promovendo percursos orientados através dos espaços conventuais e todo o recinto da recriação.
"O rigor histórico é uma das preocupações fundamentais do evento e, para o efeito, a organização conta com um coordenador científico e trabalha todas as cenas com base em informação recolhida em documentos históricos", concluiu a autarca.
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