Críticas à atuação do Governo relativamente às hidroelétricas e à indústria petrolífera também constam do documento assinado pela Acréscimo - Associação de Promoção ao Investimento Florestal, pela Alvorecer Florestal - Movimento pela Floresta Autóctone, pelo GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, pelo Movimento Gaio - Associação de Defesa do Ambiente e pelo proTEJO - Movimento Pelo Tejo.
"Vocês estão a visitar um país que é um campeão mundial não em futebol, mas em fogos florestais", lê-se na carta dirigida ao ex-presidente dos Estados Unidos da América e também ao premiado com o Nobel da Paz Mohan Munasinghe, à ex-diretora geral da UNESCO Irina Bokova e ao conselheiro económico político Juan Verde.
"Em proporção à sua área, não há nenhum país no mundo inteiro que tenha fogos mais severos, que queimam as nossas paisagens a cada ano e que passaram a matar pessoas desde há pouco. Em proporção com a sua área, Portugal tem a maior densidade de plantações de eucalipto no mundo inteiro, espécie que é bem conhecida por promover o fogo e até se chama ‘árvore-gasolina' na sua terra natal", realça o documento.
Os ambientalistas portugueses referem ainda que, de acordo com o observatório Global Forest Watch, e mesmo sem considerar as plantações, "entre 2001 e 2014 Portugal teve a quarta maior percentagem de perda de coberto florestal, ficando nos rankings apenas atrás da Mauritânia, do Burkina Faso e da Namíbia".
A carta observa depois que os líderes económicos e políticos portugueses encaram as barragens "como parte do mix de energias renováveis" quando deviam questionar se "uma indústria pode ser ecologicamente sustentável se despeja milhões de toneladas de cimento" para construir uma única dessas barreiras.
"Como é que esta indústria pode ser chamada renovável quando submerge grandes habitats de flora e fauna endémicas, e vastas extensões de floresta e fruta nativas, deixando-as a apodrecer e a emitir metano, gás de efeito de estufa dezenas de vezes mais potente a aquecer o nosso planeta do que o CO2?", questiona o documento. "Porque é que um país com uma insulação tão grande não está a produzir mais energia solar e a promover a eficiência energética?", acrescenta.
Os ecologistas reclamam ainda que, "em estreita colaboração com a indústria petrolífera doméstica e estrangeira, o Governo português está ansioso por levar a cabo uma série de perfurações profundas em terra e no mar, para a exploração futura de petróleo e gás, sem estudos de impacto ambiental legalmente exigidos e compulsivos".
"Parece que estamos encurralados em discussões tecnicistas, na arena política e ao nível decisório, mas, na realidade, estamos a lidar com um assunto ético - o mundo dos nossos netos", defendem.
A carta aberta aos oradores da Climate Change Leadership Porto Summit 2018 deixa, por isso, o apelo: "Pedimos-vos que tomem uma posição pública e decisiva em direção a um futuro limpo para todos, à paragem de todos os investimentos em combustíveis fósseis, ao fim das grandes centrais hidroelétricas e à promoção da eficiência energética e da plantação massiva de espécies autóctones e folhosas em detrimento das invasivas como eucalipto, pinheiro e acácia".
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