Em comunicado, o movimento pela Justiça Climática entende que tal falha é "o sinal inequívoco de que se trata de um evento de `greenwashing´ e de promoção de falsas soluções para um problema grave e urgente".
"O governo português continua apostado em lançar uma cortina de fumo sobre o que é uma estratégia de combate às alterações climáticas: o apoio a uma iniciativa privada como indicador de política pública de transportes impede um debate são na sociedade", refere o movimento Climáximo, a propósito da cimeira de mobilidade sustentável promovida pela EDP, Volkswagen e Via Verde, e sancionada pelo executivo português.
O Climáximo sublinha que a Lisbon MobiSummit cria um quadro de "mudanças cosméticas na política de transportes, substituindo uma frota gigantesca de automóveis a combustíveis fósseis por uma outra frota gigantesca de automóveis a eletricidade".
Para o movimento ambientalista, a ausência de qualquer ator dos setores dos transportes públicos, coletivos ou ferroviários como a Carris, a CP, os metros, ou a REFER revela que a política pública de mobilidade do futuro, tal como defendida por estas empresas e legitimada pelo governo é "uma política sem futuro e de perpetuação de desigualdade social, guetos territoriais e um benefício dúbio a nível de emissões de gases com efeito de estufa".
O movimento pela Justiça Climática lembra que a EDP é a maior emissora de gases com efeito de estufa em Portugal, sendo proprietária da central termoelétrica a carvão de Sines, a maior poluidora do país, mas também as centrais a gás do Ribatejo e de Lares, além de centrais a cogeração e biomassa.
"A Brisa é proprietária de mais de 1600 kms de autoestradas privadas, onde passam um acumulado de 28 milhões de veículos a gasolina e a diesel por ano e a Volkswagem é um dos maiores construtores de automóveis do mundo, e há dois anos foi apanhada no maior esquema de burla de emissões de gases com efeito de estufa conhecido até à data, o Dieselgate", recorda o Climáximo.
O movimento alerta que é esta "peculiar combinação de atores, cujos interesses e histórico não coincidem com qualquer objetivo de transportar pessoas e bens de maneira sustentável, é sancionada pelo governo português como mobilidade sustentável e transporte do futuro".
"Precisamos de transportes coletivos públicos de qualidade e chegando a todo o território, baseados num sistema elétrico livre de combustíveis fósseis, para combater as alterações climáticas. A Lisbon MobiSummit não cumpre nenhum objetivo de justiça social ou de combate às alterações climáticas", conclui o movimento.
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