Segundo o relatório, redigido por várias organizações científicas com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 2030 a produção de carvão excederá em 150% o nível considerado compatível com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 2ºC em relação aos níveis da era pré-industrial.

Se a meta for limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, como o texto do Acordo de Paris diz ser aconselhável, a produção de carvão prevista para 2030 ultrapassará em 280% o nível apontado como compatível para esse objetivo.

Quanto às previsões de produção de petróleo e gás, o relatório assinala que irão superar em 40% e 50%, respetivamente, os níveis compatíveis com um aquecimento de 2ºC.

Os autores do relatório basearam-se nas projeções de dez países: Alemanha, Noruega, Reino Unido, China, Estados Unidos, Rússia, Índia, Austrália, Indonésia e Canadá (os últimos sete são os principais produtores de combustíveis fósseis).

Os combustíveis fósseis representam 80% da energia primária mundial e contribuem para 75% das emissões de gases com efeito de estufa, que provocam o aquecimento do planeta.

Em 2015, os países subscritores do Acordo de Paris comprometeram-se a reduzir as emissões de gases poluentes, mas o incumprimento das suas sucessivas promessas conduzirá a um aumento da temperatura global de mais de 3ºC.

O acordo previa que os países promovessem medidas até ao fim de 2020.

"Este relatório revela, pela primeira vez, a amplitude da desconexão entre as metas do Acordo de Paris, os planos nacionais e as políticas de produção de carvão, petróleo e gás", afirmou um dos coautores do relatório, Michael Lazarus, citado pela agência noticiosa AFP.

Um outro estudo, divulgado há duas semanas pela Fundação Ecológica Universal, uma organização não-governamental norte-americana, estimou que três quartos dos compromissos assumidos pelos países subscritores do Acordo de Paris são insuficientes ou inatingíveis para reverter os efeitos das emissões de gases com efeito de estufa.