Depois do coordenador da task-force para a vacinação, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, ter sido sujeito a insultos e empurrões em agosto quando se dirigia para um centro de vacinação em Odivelas, agora foi a vez de Eduardo Ferro Rodrigues, Presidente da Assembleia da República, ser sujeito a ameaças e impropérios enquanto almoçava com a mulher junto do parlamento, no passado fim de semana.
Estes dois episódios — juntando-se à manifestação de apoio ao juíz Rui Fonseca e Castro, acusado de “provocar os polícias em serviço" e sob alçada disciplinar do Conselho Superior da Magistratura por insultos a Ferro Rodrigues — fizeram soar os alarmes quanto à possibilidade de ser perpetrado um ataque violento por parte dos setores negacionistas e anti-vacina.
A edição do Expresso deste fim de semana adianta que está a ser equacionado o reforço de operacionais do corpo de segurança pessoal da PSP para acompanhar alguns políticos e figuras de autoridade, em particular as que estão ligadas à gestão da pandemia e que têm sido usadas como “bodes expiatórios”.
Em causa está a possibilidade de que a visibilidade dos negacionistas e o agravar da agressividade no seu discurso venham a atrair “pessoas mentalmente desequilibradas ou frustradas com as suas vidas” que “movidas por um qualquer gatilho”, provoquem uma ação violenta, confidenciou uma fonte das forças de segurança ao semanário. No seu entender, pode funcionar como o “que acontece com o processo de radicalização de organizações terroristas que fazem despertar os chamados lobos solitários. Estes agem individualmente mas inspirados pela doutrina extremista”.
Neste momento, Gouveia e Melo, depois do episódio em Odivelas, já conta com elementos da PSP na sua equipa de segurança, quando antes rejeitara este apoio. Já Ferro Rodrigues, adianta o Expresso, não equacionou ainda esse reforço.
As fontes das forças de segurança entrevistadas avançam ainda que estão a monitorizar com cada vez mais atenção os grupos de negacionistas que têm vindo a organizar manifestações — como a que ocorreu em frente à Assembleia da República, pouco antes do assédio a Ferro Rodrigues.
Nesse processo há ainda a considerar a identificação dos principais promotores destas ações, como Ana Desirat, bancária que, segundo a polícia, terá sido a mulher a garantir que “nunca mais nenhum cliente deste restaurante vai ter paz” enquanto Ferro Rodrigues almoçava.
De acordo com as autoridades, estes grupos têm sido margem para subir o tom dos protestos, já que as suas ações não tiveram ainda consequências legais. “Estaremos muito atentos às próximas manifestações. E a avaliar e a preparar um conjunto de reações mais duras contra os negacionistas”, garante a polícia.
Comentários