No encontro que decorre até sexta-feira em Coimbra, o responsável da gestora dos aeroportos nacionais enumerou constrangimentos no aeroporto de Lisboa, começando pelo espaço aéreo, dividido com quatro bases militares.
“Deem-nos o espaço aéreo que nós fazemos crescer o numero de passageiros em Lisboa”, afirmou o responsável, notando que até à esperada entrada em funcionamento do aeroporto no Montijo, em 2022, ainda será possível o crescimento da infraestrutura da capital.
“Se tivermos espaço aéreo, não vai ser por falta de investimento no solo que nós não vamos continuar a fazer o crescimento [em Lisboa]. Antecipando já isso, já começamos a fazer o investimento. Estamos à espera que alguém nos diga que vai haver mais espaço”, acrescentou.
As bases militares criam limitações, segundo Lacerda, que comparou a situação com “ter uma autoestrada de seis vias e apenas utilizar uma”, ressalvando que, “mesmo que o espaço aéreo fosse totalmente libertado, é necessário que haja capacidade no controlo aéreo”.
Decorre, assim, diálogo com a NAV, responsável pelo controlo de tráfego aéreo, e com a Força Aérea.
“O diálogo tem sido positivo e construtivo e a minha convicção é que nós teremos uma boa solução para Lisboa e uma boa solução para o país e, mais do que isso, teremos uma boa solução, que defende a importante missão da Força Aérea”, informou o dirigente da ANA, na sua intervenção.
Carlos Lacerda acredita que haverá uma “boa convergência dos objetivos de todos os intervenientes”.
Para o crescimento em Lisboa é, assim, necessário mais espaço aéreo e que o “plano de contingência para aumentar a capacidade de estacionamento seja colocado em operação”, que pode passar pelo encerramento temporário da pista secundária.
“O terminal é uma situação que não nos preocupa, os investimentos estão a decorrer”, explicou ainda o responsável, lembrando os trabalhos aprovados para mais portas de embarque, maior rapidez no controlo e uma zona mais ampla de ‘check-in’.
A capacidade declarada do aeroporto Humberto Delgado é de 40 movimentos por hora, estando a operação média em 38 movimentos por hora. Lisboa pode crescer para “42/44 movimentos por hora”, com a libertação do espaço aéreo.
Lacerda sublinhou ainda a necessidade do novo ‘software’ de controlo aéreo da NAV, previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2018.
“Esses constrangimentos não dependem de nós. O que depende de nós já estamos a fazer”, garantiu.
Outra possibilidade é o alargamento do horário para realização de voos, “uma medida que não requer ‘software’ adicional, mas tem que ver com o impacto que tem na qualidade de vida das populações”.
“É um tema que tem de ser discutido com o Governo e com a Câmara Municipal de Lisboa”, disse Carlos Lacerda, que à pergunta sobre se está já a ser discutido respondeu “não querer adiantar mais nada”.
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