Ana Gomes admitiu este domingo à noite no seu espaço de comentário na SIC Notícias de que estaria "a refletir" numa candidatura às presidenciais.
A ex-eurodeputada abordava a intervenção do primeiro-ministro esta quarta-feira no final de uma visita de hora e meia à Autoeuropa, tendo o chefe de Estado ao seu lado, em que António Costa fez alusão à eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Acho que neste momento todos temos todos de refletir na implicações do que se passou, nas implicações que vai ter na democracia", disse Ana Gomes.
É então que a jornalista da SIC pergunta se a ex-eurodeputada admite avançar com uma candidatura às presidenciais. "Admito refletir. É isso que vou fazer", afirmou.
Segundo António Costa, em relação à Autoeuropa, "estabeleceu-se uma nova tradição de que o Presidente da República e o primeiro-ministro visitam-na em conjunto".
"Foi assim em 2016, no primeiro ano de mandato do Presidente da República, e foi agora no último ano do seu atual mandato. Tenho uma boa data simbólica a propor para fazermos uma terceira visita em conjunto e para partilharmos uma refeição com os colaboradores da Autoeuropa: A terceira data é no primeiro ano do próximo mandato do senhor Presidente da República", disse.
Este domingo, Ana Gomes indicou que era necessário refletir porque eram declarações que trazem consequências.
"Acho que todos os democratas têm de refletir. Isto tem consequências. Haver um candidato do regime [Marcelo Rebelo de Sousa] que polariza a sociedade, faz o jogo da extrema-direita. É muito perigoso para a democracia. Todos temos de refletir e eu também vou refletir", disse.
Momentos antes, comentava que a situação tinha sido lamentável.
"Esse episódio é lamentável. Nunca se viu. O lançamento do Presidente da República ser anunciado numa fábrica de automóveis por alguém que nem sequer estava na qualidade de dirigente partidário, mas na qualidade de primeiro-ministro", afirmou.
Na sua opinião "a democracia não está suspensa", mas "parece que alguns pensam que está suspensa no PS".
Ana Gomes criticou então o presidente do PS, Carlos César, pelas suas declarações ao jornal Público, em que remeteu o congresso previsto para este ano para depois das eleições presidenciais, acusando-o de falar com "uma leviandade paternalista insuportável".
Ressalvando que no presente não é candidata e nem ambicionava sê-lo, Ana Gomes reforçou a mensagem de que "o que se passou é tão grave, tem tantas implicações para a democracia" que impõe "uma reflexão", porque "a situação não é igual ao dia anterior".
"Eu fico muito preocupada pelo meu partido e pela democracia. E acho que muitos portugueses do centro-esquerda, da esquerda e da própria direita democrática estão preocupados - porque isto tem repercussões, obviamente, para o PSD", disse.
Nas últimas eleições presidenciais, realizadas em 2016, em que o antigo presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito com 52% dos votos, houve dois candidatos da área política do PS, Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa, e o partido não declarou apoio oficial a nenhum.
(Notícia atualizada às 23:59)
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