Para Trump, "a relação [dos EUA] com a UE só tem interesse pelos benefícios económicos a curto prazo. É por isso que devemos esperar uma nova guerra comercial entre uma segunda administração Trump e potencialmente um esforço para dividir a Europa", afirmou hoje, num seminário organizado pelo instituto britânico UK in a Changing Europe.

Já a "relação especial" com o Reino Unido, acredita que "significaria muito pouco tendo em conta as vantagens económicas a curto prazo que Estados Unidos poderão obter perante a posição complicada" dos britânicos no pós-Brexit.

"O contraste com Joe Biden é que ele acredita em aliados, sobretudo nos europeus. As fricções comerciais continuariam a desistir, mas a diferença é que não ameaçariam a aliança em geral", vincou Shapiro, que é norte-americano e trabalhou como assessor do Estado em política externa.

Também Kate McNamara, professora de política na Universidade de Georgetown, acredita que o candidato democrata vai inverter a abordagem de "rutura" iniciada por Donald Trump e tentar procurar reconstruir a aliança transatlântica.

Já o jornalista Gideon Rachman, do Financial Times, questionou a aparente ilusão dentro do Partido Conservador de que a reeleição de Trump será melhor para o Reino Unido porque facilitaria um acordo de comércio bilateral com os EUA.

Uma sondagem do site ConservativeHome, esta semana, indicava que 56% dos militantes 'tories' (conservadores) favorece uma vitória de Trump, contra 23% que preferem Joe Biden.

"Não tiveram em conta o radicalismo de uma segunda administração Trump", que seria menos tolerante com as divergências entre Londres e Washington em questões como o ambiente, Irão ou Israel, e que poderá usar pressão, como fez quando ameaçou suspender troca de informação se o Reino Unido não excluísse a Huawei das redes de telecomunicações, avisa Rachman.

Este comentador de relações internacionais acredita que "um segundo mandato de Trump colocaria outro prego no caixão da ideia do Ocidente e nenhum acordo de comércio compensaria as vantagens".

Os norte-americanos escolhem hoje o próximo Presidente, numa altura em que quase 100 milhões de eleitores já votaram antecipadamente e sem certezas de quando haverá um resultado final.

O elevado número de votos antecipados (presenciais e por correspondência) pode atrasar a contagem dos votos, especialmente depois de o Supremo Tribunal ter permitido a aceitação de boletins até sexta-feira, em alguns Estados, fazendo com que o vencedor oficial apenas possa vir a ser conhecido dentro de alguns dias ou semanas.