Em conferência de imprensa na sede do Chega, André Ventura considerou que, “conforme já ficou claro para todos, o ministro João Galamba não tem nenhumas condições para continuar a ser ministro da República”.
“Cada hora que fica a mais, é mais uma hora de degradação do Governo e do seu prestígio”, apontou.
O líder do Chega questionou, no entanto, “de que vale fazer remendos pontuais se este Governo já não tem solução”.
André Ventura defendeu que a solução passa por “uma remodelação total do Governo, com uma eventual demissão do primeiro-ministro e a constituição de um novo Governo” ou pela dissolução do parlamento e marcação de novas eleições legislativas.
O presidente do Chega apontou que essa é a solução “que parece cada vez mais próxima e inevitável”, apesar de ser “a solução que ninguém gostaria”.
Considerando que existe alternativa à direita, o deputado afirmou que "a ideia de que o medo do resultado eleitoral pode condicionar o Presidente, de que uma recandidatura de António Costa pode condicionar o resultado eleitoral ou o medo de que a direita não se consiga formar em alternativa não pode servir de justificação a um Governo permanentemente degradado, envolto em mentira, manipulação, em corrupção e uso indevido do aparelho de Estado".
Quanto à demissão do primeiro-ministro e eventual convite para formar um Governo com novas caras, André Ventura afirmou que é uma "solução que, não sendo a mais adequada ao texto constitucional de hoje, seria uma solução que ainda assim permitia o tal refrescamento de que falava Carlos César [presidente do PS] e que hoje os portugueses exigem".
Na opinião de Ventura, a eventual substituição do responsável pela pasta das Infraestruturas "é apenas um remendo numa situação a que o Chega desde há seis meses avisa que dificilmente tem remédio".
"A cada mês sai um novo ministro, a situação política degrada-se à vista de todos", alertou, afirmando não acreditar que o "Governo vá mudar alguma coisa no seu padrão de atuação".
André Ventura apelou ainda ao Presidente da República que, "após a reunião com o primeiro-ministro, dê uma palavra de conforto e estabilidade aos cidadãos" e apontou que, ao recusar dissolver o parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa "está a ser cúmplice de uma situação governativa de degradação".
O líder do Chega antecipou uma maioria PSD/Chega e defendeu que o seu partido fará "tudo para que haja essa alternativa, os outros falarão por si".
E propôs um "acordo à italiana, em que os dois partidos formam um acordo, o que tiver mais votos lidera, o que tiver menos votos assume patas governativas".
"Uma maioria em que um governa e o outro está no parlamento não garante a coesão de um governo necessária para enfrentar os problemas que o país vai enfrentar", defendeu, considerando que "o país vai precisar de estabilidade governativa, e para isso é importante que os que têm maioria sejam parte da maioria que governa".
Sobre as declarações do presidente do PSD, que rejeitou fazer acordos de Governo ou ter o apoio de “políticas ou políticos racistas ou xenófobos, oportunistas ou populistas”, o líder do Chega disse que não ouviu Luís Montenegro "dizer que afastava qualquer acordo" com o seu partido.
"Não é nada disso que nós propomos, por isso estamos à vontade nessa matéria", indicou André Ventura, apontando que Montenegro não referiu diretamente o Chega nem o seu nome.
Questionado sobre a visita do presidente da Assembleia da República à capital ucraniana acompanhado por uma delegação que não inclui deputados do Chega nem do PCP, o líder do Chega indicou que o partido "foi convidado" para ir a Kiev antes de Augusto Santos Silva ter decidido excluir o partido das visitas ao estrangeiro, após o incidente na sessão de boas-vindas ao Presidente do Brasil.
Ventura assinalou que o Chega denunciou esta decisão junto da Procuradoria-Geral da República, considerando que é "ilegítima e configura um crime de abuso de poder", e indicou que vai também "agir na jurisdição administrativa, impugnando a decisão de exclusão do presidente da Assembleia".
(Artigo atualizado às 15h45)
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