Em declarações à Agência Lusa, André Ventura disse que “todas as ameaças a deputados ou outros agentes políticos merecem a mais viva reprovação do Chega, tenham ou não teor racista”.

"Nem o Chega nem eu próprio temos nada a ver, obviamente, com ameaças feitas a deputadas ou a ativistas. Eu combato a extrema-esquerda no parlamento e na rua, não com ameaças”, disse.

Para Ventura, “é a extrema-esquerda e o SOSRacismo quem está a criar este fantasma do racismo em Portugal”, prometendo o “combate” do Chega, “em todas as frentes”, uma vez que o partido ao qual é recandidato a presidente em 05 de setembro quer “direitos e deveres iguais para todos”.

“O que não se compreende é que seja preciso esta ladainha do racismo para motivar a intervenção das mais altas figuras do Estado. E quando foram ameaças de morte ao Chega ou ao seu presidente?”, indignou-se.

As deputadas do BE Beatriz Dias e Mariana Mortágua, a deputada não inscrita (ex-Livre) Joacine Katar Moreira e mais sete ativistas antirracismo foram visados numa mensagem de correio eletrónico com ameaças, dirigido à SOSRacismo.

"Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e antirracistas incluídos nesta lista rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português", lê-se no e-mail, a que a Lusa teve acesso.

Na missiva, refere-se que se o prazo for ultrapassado "medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português" e que "o mês de agosto será o mês do reerguer nacionalista".

Com data de 11 de agosto, a mensagem de correio eletrónico foi enviada a partir de um endereço criado num 'site' de e-mails temporários para o SOS Racismo e é assinada "Nova Ordem de Avis - Resistência Nacional".

O BE confirmou na quarta-feira ter tomado conhecimento do teor das ameaças e adiantou que as duas deputadas do partido vão apresentar queixa ao Ministério Público.

Já hoje, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, manifestou repúdio pelo sucedido, considerando que a "tentativa de intimidar deputados e ativistas políticos reveste-se de gravidade suficiente para que, enquanto Presidente da Assembleia da República, não possa – nem queira - deixar de a condenar".